Capítulo VI

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A sala estava barulhenta quando cheguei, o senhor Harmann abriu passagem para mim entrar enquanto ele ia atrás, todos ficaram observando e o tumulto sumiu. Não me dei trabalho para olhar para Sam ou Thayron, mas dei um leve sorriso para Ale e sentei no meu lugar de frente para o professor.

A aula ocorreu normalmente o sinal de saída soou, até que meu celular começou a tocar em meio ao toque escolar, olhei para ele e vi que era minha mãe...

Fiquei tensa, olhei para o senhor Harmann que observava todos os alunos saírem. Ele encostou a porta e começou a organizar uns papéis que estavam em cima da sua mesa sem interesse nenhum em mim.

Eu engoli em seco, observei o celular novamente e atendi.

-Anelise! Você já saiu da escola?!- Sua voz era ofegante.

-A aula acabou agora mesmo.-

-Você precisa vir aqui no Hospital urgente! O Ben...Ele está perdendo muito sangue...Anelise ele precisa de muito sangue...-

Meus olhos começaram a arder, minha garganta se fechou... Meu sangue era compatível. As pessoas com sangue O podem doar sangue para qualquer pessoa, mas só podem receber doações de pessoas com o mesmo tipo de sangue...

-Anelise?-

O que eu faria...?

-Anelise...-

Eu esfreguei as têmporas, o senhor Harmann estava com as mãos em minhas costas. Eu me desvencilhei e fiquei em silêncio, não podia perder mais tempo.

-O que está havendo?- Ele falou de uma forma cautelosa.

-Nada!- Respondi rapidamente.

-Nada?!- Ele chegou mais perto. – Eu não sou um monstro Anelise, posso te ajudar.-

-Não!Você não pode!- Lágrimas escorreram de meus olhos.

-Me permita te ajudar.- Seu polegar estava indo em direção ao meus rosto, afastando a lágrima que tinha escorrido.

Eu analisei sua face nenhum tom sarcástico, nenhum deboche, nada. Acho que poderia dar um voto de confiança, até onde sei o comportamento dele é desconhecido, já o do Sam...

-O Benjamin...Meu irmão, está no hospital precisando de sangue... Não sei se ele tem o suficiente, mas somente meu tipo sanguíneo pode doar para ele... E eu nem sei o quanto posso doar.- Meus olhos se encheram novamente.

-Qual o tipo sanguíneo de vocês?- Ele estava calmo.

- O+.-

-Interessante.- Ele sorriu.

Meu corpo ferveu, como ele podia sorrir enquanto eu me abria para ele?

-Como?- Estava indignada. Tristeza se transformou em raiva.

-Uma pessoa adulta tem, em média, cinco litros de sangue em seu organismo. Em cada doação, podem ser coletados entre 420ml e 470ml de sangue, além de 25ml as 30ml para os exames laboratoriais.-

Eu fiquei pensativa, e ele continuou

-420 mais 420 daria 840ml, logo seria quase 1litro.- Ele ajeitou os óculos.

- Por que o dobro?-

-Por que o meu sangue é O+, é compatível.-

Eu me debulhei em lágrimas e o abracei, seu cheiro de perfume amadeirado me preencheu, e eu me senti segura. Ele retribuiu o abraço de um jeito leve e disse

O preço do meu SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora