A semana havia sido bastante cansativa. Teve o evento da editora, novos livros chegando para revisão, reuniões para marcar reuniões e uma pilha de e-mails para responder. E não era coisa que se responderia em cinco minutos. O setor literário não é muito objetivo, as pessoas gostam de atenção. Mas no fundo eu gostava disso tudo. Era o que preenchia o meu tempo, pagava as minhas contas e não me deixava desabar de vez. Era sexta-feira e eu havia terminado o meu almoço com a Sarah no refeitório. Ela desceu pra recepção e eu subi pro meu andar. Me olhei no espelho do elevador e comecei a gostar do que eu via. Acho que começo a me reconhecer novamente. Saí do elevador e cumprimentei algumas pessoas no hall do andar, seguindo pra minha sala.
Abri o notebook e só vi que já estava tarde quando meus olhos começaram a arder de cansaço. Parei um pouco e peguei a minha garrafinha de água que, desde as quimioterapias, havia se tornado minha fiel companheira. Peguei o meu celular e vi que tinha uma mensagem do Bruno. Sorri feito uma idiota antes mesmo de ler.
"Olá, moça ocupada! Você sumiu de novo. Espero que esteja tudo bem. Gostaria de te fazer um convite. A vovó chegou de viagem e a Milena e eu resolvemos fazer um almoço pra ela no domingo. Queria muito que estivesse aqui conosco para conhecê-la. Aguardo ansioso a sua resposta. Beijo!"
Nossa... ele quer me apresentar pra avó dele. Mesmo sendo apenas amiga, isso é muito pessoal. O que eu faço? A Milena aparentemente foi com a minha cara e eu com a dela, tirando o mau entendido inicial. Mas se a senhorinha não gostar de mim? E se ela for ciumenta igual a minha ex sogra era? Aquela velha rabugenta e louca que achava que o Felipe ainda tinha cinco anos! Desgraçada!
- Calma, Sophia! É o Bruno e a família dele. Não é o Felipe! - respirei tentando anular aquelas lembranças malditas. Todo almoço na casa da mãe do Felipe era um estresse pra mim. Eu também tinha duas cunhadas que eram a cópia da mãe. - Paraaa! Esquece essa gente!
Eu precisava responder a mensagem. -Vamos, lá, eu consigo! - comecei a digitar.
"Oi, Bruno! Tudo bem sim. E você? Eu sei que dei uma sumida nos últimos dois dias mas é que, como você pode imaginar, a editora está a mil depois do sucesso que foi o nosso café. Aceito o seu convite sim. Irei adorar conhecer a sua avó e rever a Milena. Me passa o horário e o endereço certinho, por favor. Beijo!"
Demorou menos de um minuto pra receber a resposta dele.
" Excelente! Não se preocupe, eu te busco às 11:00hs no Domingo. Obrigado por ter aceitado, tô muito feliz!"
O que dizer do Bruno? Não tem como descrevê-lo. Ele é transparente, direto, sensível, emocionado... E eu amo isso tudo nele. Tomara que a vovó seja igual também.
Peguei o metrô pra casa e não demorei muito a chegar. Fui recebida freneticamente pelo meu cachorro, tomei um banho e fui fazer minhas coisinhas pra manter a casa organizada. Como estava morta de cansaço e era sexta-feira, resolvi pedir uma pizza com aquele refri escuro que vicia a gente, principalmente se estiver bem gelado.
Coloquei um filme conforto ( denomino assim aqueles filminhos que sempre nos deixam quentinhos por dentro) e dessa vez foi "Um lugar chamado Nothing Hill " com a Julia Roberts e o Hugh Grant. Eu amo eles dois e o cenário londrino maravilhoso.
Acabei dormindo no sofá da sala com o Pitico enroladinho na minha perna. Acordei quebrada, sem saber aonde estava e o Pitico só conseguiu levantar uns dez minutos depois de mim. Arrumei a bagunça que havia feito na noite anterior e fui tomar um banho pra ir ao mercadinho do meu bairro comprar frutas. Precisava ser menos irresponsável com a minha alimentação. O Sábado acabou por passar voando.
Me levantei no Domingo mais cedo do que o de costume, para quando o Bruno chegasse eu já estar desinchada e de bom humor. Tomei meu café tranquilamente, um banho demorado e optei por um vestido branco com estampa de cerejinhas, uma jaquetinha jeans e um all star vermelhinho, que era a minha paixão. Coloquei uma playlist no celular mais tranquila pra tirar um pouco da minha tensão e aí foi quando eu percebi que não havia comprado nada para a avó dele. Me desesperei!
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Sophia 📚☕️
Любовные романыSophia nunca foi um grande exemplo de vida. Assim ela pensava. Passaria despercebida facilmente em qualquer lugar. Mas quem a vê em sua discrição e simplicidade não imagina a mulher que ela precisou se tornar para vencer um câncer e sair de um relac...
