Bruno
Quando retornei para o apartamento de Sophia, Sarah parecia ter cochilado e estava com a cara toda amassada.
- Ela conseguiu dormir? - perguntei.
- Sim. Precisou de remédio mas dormiu.
- Trouxe umas coisinhas, achei que ela poderia acordar com fome. Vou passar um café pra gente se alimentar também.
Logo, o namorado de Sarah também chegou e tomamos café nós três. Passava das seis Quando ouvimos o barulho de alguma coisa caindo no quarto. Sarah e eu saímos correndo pra lá.
Quando entramos, Sophia estava sentada no chão em meio a um monte de cobertas. Ela estava rindo.
- Tá tudo bem? - perguntei estendendo a mão para ela se levantar.
- Tá sim. - A voz dela estava bêbada, com certeza o remédio pra dormir. - eu tava com frio e vim pegar mais cobertas e caí. Me espatifei, puf! - ela fez uma careta engraçada e não pude deixar de sorrir.
- Vem aqui. - a ajudei a sentar na cama e notei que Sarah saiu de fininho. - eu pego a coberta pra você.
- Você tá bonito! Tá quentinho! Não tá molhado mais. - eu ri porque em sã consciência, Sophia jamais falaria isso. Poderia pensar mas não verbalizaria.
- Obrigado! - estendi um cobertor nela que havia se deitado. - acho melhor dormir mais um pouquinho pra passar o efeito do calmante e depois você vem comer alguma coisa.
- Fica aqui comigo! - suspirei fundo e passei a mão nervoso no cabelo. Ela estava bem doida de medicação e eu não queria que ficássemos sozinhos. Mas ela não demoraria nem cinco minutos pra dormir de novo. Daí eu voltaria pra sala.
- Tá bom! Dá um cantinho aí pra mim. - ela foi mais pro canto e me sentei na cama, perto dela. - a temperatura agora está boa pra você?
- Tá tudo ótimo! Você tá no meu quarto! - ela riu e eu fiquei tenso.
- Vai dormir, vai...
- Bruno!
- Fala.
- Eu gosto de você! -eu precisava parar ela.
- Eu também gosto de você! - o que eu sentia era bem mais do que só gostar mas era melhor me calar.
- Eu acho que tô apaixonada por você... - ela balbuciou essa frase e caiu no sono. De repente parecia que a temperatura no quarto dela tinha subido para 40 graus. Comecei a suar. Me levantei da cama e a olhei de longe. Sophia estava sob efeito de remédio, confusa, não podia ser sério o que ela disse. Mas eu gostaria muito que fosse.
- E eu amo você, Sophia! - disse baixinho sabendo que ela não estava ouvindo. Sacudi a cabeça negativamente e saí do quarto.
Quando cheguei na sala, Sarah me olhou com curiosidade.
- Ela dormiu de novo?
- Ela dormiu. É normal ela ficar assim quando tá medicada?
- As vezes sim. A dose que ela tomou hoje foi um pouco mais forte. Ela fez alguma coisa estranha?
- Não. Dormiu assim que se deitou novamente.
Aguardei até as nove pra ver se ainda a veria acordada mas acabei me despedindo do casal e indo embora pra casa. Eles precisavam descansar também. Sarah me agradeceu pela ajuda e disse que daria notícias assim que ela acordasse.
Agora eu dirigia de volta pra casa com aquilo que ela havia falado na cabeça. Deus sabe o quanto esperava ouvir isso dela, mas com ela sóbria nos meus braços. Que droga! Meti a mão na buzina pra alertar um motoqueiro que ele estava sendo imprudente. Irresponsável! Eu também estava nervoso. Hoje o dia foi intenso demais e eu estava uma pilha.
Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto. Não queria conversar com ninguém. Eu não estava apenas apaixonado por ela. Senti todas as dores que ela sentiu hoje. Me despedacei junto com ela e vê-la chorar daquele jeito e ser humilhada por aquela bruxa me matou. Isso não era paixão, ia muito além e me assustava.
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Sophia 📚☕️
Storie d'amoreSophia nunca foi um grande exemplo de vida. Assim ela pensava. Passaria despercebida facilmente em qualquer lugar. Mas quem a vê em sua discrição e simplicidade não imagina a mulher que ela precisou se tornar para vencer um câncer e sair de um relac...
