Eu voltei a trabalhar na manhã seguinte ao acontecido. Passado o choque, veio a aceitação. Um milhão de vezes melhor ter uma mãe morta do que ser filha de uma mulher tão subterrânea como a Elvira. Coloquei a foto da minha mãe em um porta retrato ao lado da foto do meu pai. Independente de eu ter sido fruto de uma traição, tenho certeza de que se a minha mãe estivesse viva, seria uma boa mãe. Eu não sabia nada sobre ela. Nada! Também não sei se correria atrás dessa informação.
Recebi ligação do Bruno querendo saber como eu estava e conversamos um pouco. Prometi passar lá na cafeteria mais tarde. O Sr Marcelo também me fez uma visita, havia ficado preocupado quando soube pela Sarah o que aconteceu. Conversamos bastante e nossa conversa me fez muito bem. Olhei pela janela e vi que o dia estava ensolarado, ao contrário de ontem. Daria um por do sol perfeito! Almocei com a minha amiga e aproveitei para agradecer pelo apoio. Ela me contou o quanto o Bruno havia sido um fofo enquanto eu estava apagada e me contou sobre o tombo que eu tomei no quarto. Eu não me lembrava de absolutamente nada. Odeio amnésia!
Gosto de ter o controle sobre a minha vida. Espero não ter feito nenhuma bobagem perto dele, além dessa vergonha de me estabacar no chão.
A tarde foi tranquila e quando deu cinco horas eu arrumei as minhas coisas e chamei o elevador. Porém, ao invés de apertar o térreo eu apertei o botão para o terraço. O por do sol lá era lindo e tinha tempos que eu não assistia. Ainda faltava alguns minutos pra que ele se despedisse. Me sentei no banquinho que dava de frente pra vista e fiquei pensando na vida. O quê mais faltava acontecer comigo? Foi uma pancada na sequência da outra. Sem respiro! Foi Deus mesmo quem não me deixou fazer uma bobagem. Eu não era nenhuma fanática religiosa mas sabia que tinha muito o que agradecer. Foram três livramentos e um presente. Ele me livrou do Felipe, do câncer e da mulher que se dizia minha mãe. E ainda trouxe o Bruno pra minha vida. Nossa, eu havia me esquecido completamente que tinha marcado com ele. Mandei uma mensagem.
" Bruno, mil perdões, estou aqui no terraço esperando o por do sol e me esqueci que tinha marcado de passar aí. Não precisa me esperar. Amanhã tomamos nosso café sem falta. Um beijo!"
Coloquei o celular na mochila e continuei apreciando a vista. Ali tudo parecia ser tão pequeno. Era um prédio de 10 andares, não era tão alto mas lá de cima parecia que os problemas eram minúsculos e o barulho dos carros e das pessoas não incomodava. Fechei os meus olhos e abri quando percebi que não estava sozinha. E eu conhecia aquele arrepio que me subiu pela coluna.
- Espero que não tenha medo de altura. - falei sem me virar. Se fosse outra pessoa, iria achar que eu era louca.
- Não sou muito fã mas pra ver o por do sol com você, eu pago o preço. - sorri abertamente e joguei as mãos para trás para que ele viesse até mim. Ele entendeu e se aproximou. Pegou minhas mãos e apertou.
Ele se sentou ao meu lado e olhou para o horizonte. Virei o rosto pra ele e fiquei admirando o efeito do tom alaranjado do final de tarde nele. Daria uma foto maravilhosa. Peguei meu celular disfarçadamente e tentei tirar uma foto. Ele me pegou no flagra e tentou tomar o celular de mim.
- Ah, deixa eu tirar uma foto sua seu chato! Ia ficar linda! - ele pegou o celular e me abraçou.
- Vou tirar uma ainda mais linda, quer ver? Diga café! - gargalhei e ele bateu a selfie.
- Deixa eu ver. - ainda estávamos abraçados. - Uau... ficou linda!
Nos olhamos e depois voltamos nossa atenção para o por do sol bem ali na nossa frente. Estava perfeito e Bruno me entregou o celular para que eu pudesse registrar. Tirei uma três fotos e vi que ele me olhava. Sorri sem jeito pra ele e guardei o celular.
- Você é tão linda, Sophia... - ele disse se aproximando mais. - Olha, você pode nunca mais olhar na minha cara mas eu sei que não vou me arrepender do que eu vou fazer agora.
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Sophia 📚☕️
Lãng mạnSophia nunca foi um grande exemplo de vida. Assim ela pensava. Passaria despercebida facilmente em qualquer lugar. Mas quem a vê em sua discrição e simplicidade não imagina a mulher que ela precisou se tornar para vencer um câncer e sair de um relac...
