Coriolanus Snow
Coriolanus fez uma pausa em seu discurso e direcionou o olhar para a porta onde Lysistrata estava posicionada como sua assistente. Ela o encarou, buscando aprovação, e ele fez um breve aceno com a cabeça.
Lysistrata apertou um botão ao lado da porta e acionou a tranca. Ele queria garantir que não fosse interrompido. Em seguida, olhou para a câmera que estava sendo controlada por um cinegrafista e prosseguiu:
— A Dra. Gaul, com o apoio do presidente, tem usado crianças como cobaias para transformar os tributos em mutantes. Há crianças no laboratório dela, presas em tanques, totalmente deformadas. São crianças órfãs recolhidas dos Distritos. Elas estão mortas — ele se inclinou levemente para a frente, apoiando os braços na mesa. — Escutem com atenção o que eu vou dizer: dentro de um dia acontecerá a colheita. Como vocês sabem, todos os distritos enviarão um garoto e uma garota como tributos para disputarem os Jogos Vorazes. São seus filhos... Escondam eles. Não os levem para a colheita. Não os entreguem para a Capital. Dirão que o vitorioso será banhado em riquezas. Mas isso não é verdade.
O operador da câmera olhou para ele boquiaberto, surpreso com a reviravolta inesperada, mas sorriu, interessado no discurso. Coriolanus viu Lysistrata sorrir e balançar a cabeça, aprovando suas palavras e gestos. O brilho nos olhos de sua amiga o fez continuar, mesmo ouvindo as batidas na porta, tentando entrar, na certa eram os pacificadores para prendê-lo.
— Não há vitoriosos nos Jogos Vorazes, porque o mundo todo é uma arena. Há coisas piores acontecendo dentro dos muros da Capital e nos distritos. Eles querem disfarçar de salvação o que não passa de genocídio. Essas coisas trancadas por trás dos muros, se saíssem às ruas e gritassem, encheriam o mundo.
Coriolanus pegou a lista de mentores e rasgou, junto com o discurso falso que ele tinha apresentado para a Dra. Gaul revisar, demonstrando sua rejeição.
— Muito bem. Chegou o momento de saírem às ruas e gritarem por liberdade. Eu estarei com vocês e seus filhos. O futuro pertence a nós e não à Capital — declarou Coriolanus com determinação, encerrando sua mensagem quando viu a luz da câmera apagar abruptamente.
— Eu recebi ordens para parar a filmagem — informou o homem, apontando para o ponto em seu ouvido.
— É o suficiente.
Coriolanus olhou para a porta, onde pacificadores batiam, prontos para tirá-lo de lá, e enquanto ele se levantava, Lysistrata agiu rapidamente, correndo em direção à janela.
Ele se livrou do terno sofisticado que estava usando, percebendo que aquilo só o atrapalharia durante a fuga.
— Está tudo preparado lá embaixo? — perguntou ele a Lysistrata enquanto se aproximava do peitoril da janela daquela sala, e arregaçava as mangas da camisa branca.
— Sim — confirmou Lysistrata.— Augustus está nos esperando.
— Boa sorte. Você vai precisar — disse o homem com a câmera, transmitindo sua aprovação silenciosa para a audácia de Coriolanus.
Lysistrata olhou para baixo e Coriolanus lançou um olhar para trás. As pancadas na porta tornaram-se mais intensas, um aviso claro de que precisavam agir rapidamente.
Ele olhou para baixo, sentindo um leve vertigem. Certo, talvez ele tivesse exagerado na ousadia. Respirou fundo, reunindo toda a coragem necessária para a fuga. Passo a passo, ele e Lysistrata se aproximaram do peitoril da janela, segurando firmemente.
Coriolanus e Lysistrata desceram com cautela pelo lado externo do prédio da Cidadela. O vento soprava forte, chicoteando seus cabelos e agitando suas roupas conforme eles se moviam lentamente pela fachada do edifício.
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𝗘𝗖𝗟𝗜𝗣𝗦𝗜𝗦 |Coriolanus Snow x Lucy Gray [CONCLUÍDA]
Fiksi PenggemarEclipsis, a clandestina casa noturna, abre suas portas para artistas talentosos e rebeldes silenciosos. Entre as sombras, Lucy Gray é convidada a ser a estrela principal, mas o convite desperta antigas feridas e sonhos revolucionários que podem deci...