Capítulo 01 - Parte II

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Imediatamente Simone desligou o telefone e apertou o celular em sua
mão, com raiva. Depois de respirar fundo algumas vezes, ela voltou para a sala e Soraya havia conseguido fazer Melissa dormir novamente.




(Soraya):Eu vou coloca-la no berço. –



Soraya disse quando notou que Simone precisava desabafar. Ela apenas balançou a cabeça concordando, e a observou passar por ela em direção ao quarto.





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(Simone):ELA SÓ PODE TER PERDIDO O JUÍZO! PARA ONDE ELA FOI? ELA NÃO VAI MAIS VOLTAR, SORAYA! NÃO VAI MAIS! ELA SIMPLESMENTE DEIXOU A MENINA COMIGO, E ACHA QUE EU TENHO A OBRIGAÇÃO DE CUIDAR DELA!


Soraya respirou fundo, sentada ao sofá. Já fazia quinze minutos que Simone
estava gritando, e ela já não tinha mais medo de que Melissa acordasse. Se ela não havia acordado nos primeiros gritos, não acordaria mais.



(Simone): ESSA MULHER É MAIS LOUCA DO QUE PENSEI, MAS ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! EU VOU PROCURAR OS MEUS DIREITOS!


(Soraya):E os direitos da Melissa?

(Simone);O que? – Simone a olhou.


(Soraya):E os direitos dela? – Soraya perguntou firme. – Acho que você está se esquecendo que ela é a única vítima de tudo isso. Ela não tem culpa de nada que está acontecendo, e é pequena demais para entender. A mãe já a abandonou, e claramente não se importa
tanto com ela para ter deixado a própria filha com uma pessoa que ela não tinha certeza se cuidaria bem dela. Se você a abandonar também, eles vão leva-la para um abrigo, e ela vai crescer em um orfanato. Você conseguiria dormir à noite pensando nisso?








Simone não a respondeu.


(Soraya):Olha, eu sei que você ainda está em duvidas se é ou não a mãe dela. Mas... – Soraya  se levantou. – Você não pode descontar esse problema todo nela. Ela é a única que não tem culpa de nada, e não merece isso



Tentando se acalmar, Simone desviou o olhar e continuou em silencio.
Soraya caminhou em direção ao quarto, e quando entrou, certificou-se de que Melissa ainda dormia.



Em seu berço, ela parecia completamente longe de tudo aquilo, e Soraya não pôde evitar em sorrir escorada ao berço.


(Soraya):Você não tem noção de nada que está acontecendo, não é? – Ela sussurrou acariciando o rosto dela. – Bom... Nós também não. Mas eu sei que Simone não vai ficar assim
por muito tempo, e logo vai perceber que você não tem culpa de nada.





Soraya admirou as bochechas rosadas da bebê, e sorriu quando se deu conta
do quanto ela era pura e inocente. Logo depois, Soraya percebeu quando Simone se aproximou delas, e parou ao lado de Soraya olhando para Melissa.




(Soraya):Quando seus pais voltam de viagem? – Soraya perguntou sem olhar para a morena ao seu lado.



(Simone):Daqui à quatro dias.

(Soraya):Você precisa pensar em como vai contar para eles.

Ela a olhou.


(Simone):É. Eu sei. – Simone suspirou.
Soraya voltou a olhá-la.


(Soraya): Acho melhor levar as coisas dela para lá. Não podemos ficar aqui tanto tempo.

Ela o olhou novamente.

(Soraya):Mas... Não pode receber seus pais com ela lá. Precisa dar um tempo para contar à eles.

(Simone):Mas não podemos ficar aqui, Soraya.


(Soraya):É claro que podem.

(Simone):Não vou te incomodar ainda mais com isso.

(Soraya):Não estão me incomodando.


Soraya não queria admitir que estava adorando a companhia das duas, e que
era ótimo não chegar do trabalho e sentir-se solitária, naquele apartamento tão vazio.


Navverdade, ela temia que quando Simone e Melissa fossem embora, as coisas voltassem a ser extremamente cansativas e desanimadas em sua vida.


(Soraya): Não precisam ir.

Simone sorriu.

(Simone); Obrigado, então.

Soraya sorriu satisfeita.

(Simone): Mas preciso buscar algumas roupas então. Não quero ser acusada de não ter tomado banho outra vez.

Ela gargalhou e Melissa se mexeu ao berço.

(Simone):Shh. – Simone disse rapidamente.


(Soraya):Tudo bem. – Soraya comentou em voz baixa. – Acho que hoje você consegue dormir bem.



(Simone):É. Eu acho que sim. – Ela sorriu, olhando para Melissa.

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