Harry olhou para o cardápio com desconfiança. Sentiu cheiro de molho de tomate e de armadilha.
- Bem-vindos à Trattoria dell'Arte. Meu nome è Lizzy. Querem pedir uma bebida ?
A garçonete era jovem , talvez uma estudante universitária que já tinha voltado para casa por conta das férias de verão, com rosto gentil e redondo e uma franja que fazia uma voltinha na ponta. Harry teve pena dela. A moça não fazia ideia no que tinha se metido.
- Que água mineral vocês têm? - perguntou a mãe de Harry, enquanto o pai e a irmã examinavam o cardápio como drones inimigos procurando o ponto fraco do oponente .
Apesar de o pai e a mãe terem nascido nos Estados Unidos , a mãe de harry falava com um leve sotaque que herdou do bairro Little Armenia, em Los Angeles , onde passou a infância. Na maior parte do tempo, o sotaque não se destacava em sua fala , apenas alongava as vogais e dava um ar europeu não identificável. Mas, quando precisava , como agora, ela o acionava como uma aranha lançando uma teia especialmente sedutora para atrair a presa para o bote.- Ok, água mineral a caminho ! - respondeu Lizzy com alegria , sem entender a pergunta .
- Não, nós gostariamos de saber que marcas de àgua mineral você tem - especificou o pai de Harry.
-Ah - disse Lizzy , como se ele pudesse estar brincando .
- Sabe, muitas marcas têm níveis de contaminaçao similares ou até maiores do que os da água da torneira - a mãe de Harry informou à pobre Lizzy , como se estivesse fazendo um favor a ela.
Harry olhou para a irmã mais velha , Gemma , que continuava a ignorá-lo . Virou-se para Lizzy com expressão de pena, tentando inutilmente prepará-la por telepatia para a provocação que viria em seguida.
- Temos Evian -ofereceu Lizzy
- Evian è boa - consentiu o pai.
Lizzy relaxou
- Então, Evian para começar ?- Vocês têm alguma garrafa em temperatura ambiente ? - perguntou a mãe de Harry.
- Como ? - perguntou Lizzy, com a voz agitada . Harry desconfiava que ela estava começando a perceber o horror da situação.
A mãe de Harry aproveitou a oportunidade para um ensinamento.
- Digerir água gelada sobrecarrega o organismo - justificou - porque ele precisa igualar a temperatura de tudo o que ingere à dele antes que chegue ao estômago . È por isso que preferimos àgua em temperatura ambiente.
- È melhor para o corpo - acrescentou Gemma, como se isso fosse uma coisa que todos deveriam saber.
- Posso perguntar -ofereceu Lizzy com a voz fraca, com medo ao ataque da equipe de três pessoas.
- Seria ótimo -prosseguiu a mãe de Harry. -E se não tiver, você pode pedir para alguém da cozinha aquecê-la até chegar à temperatura ambiente ?
Lizzy riu, como se a mãe de Harry tivesse feito uma piada. Mas Harry sabia que não era piada .
- Não mais que 20 graus , por favor. Vinte e um, no máximo -instruiu ela. - Não quero que esteja quente porque aí teríamos de botar gelo, e isso seria acrescentar agentes contaminantes e tudo isso perderia todo o sentido . Tenho certeza de que você entende . - Harry desconfiava que Lizzy estava se perguntava se perguntando que crime horrível havia cometido em vidas anteriores para ter de atender aquela mesa. - A não ser, claro, que você tenha gelo feito de água mineral.
- Não - respondeu a jovem lentamente, como se estivesse falando com uma criminosa perigosa . - Acho que todo nosso gelo è de água da torneira.
- Então vamos ver se conseguimos encontrar uma Evian em temperatura ambiente - concluiu a mãe de Harry. Lizzy se afastou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
One Man Guy | Larry Stylinson |
RomanceLouis é tudo o que Harry gostaria de ser: confiante, livre e irreverente. Apesar de estudarem na mesma escola, os dois garotos pertencem a mundos diferentes. Enquanto Louis é descolado e tem vários amigos, Harry tem apenas uma, Becky, e convive inte...