Boa leitura...
Se a última semana da vida de Harry fora puro êxtase, a semana que se seguiu foi puro inferno. Ele não tinha permissão nem de ir andando para a escola, o pai insistiu em levá-lo e buscá-lo. Harry se sentava no banco do passageiro todos os dias de manhã em silêncio, desafiando o pai a dizer qualquer coisa sobre suas roupas da Housing Works. Mas ele não disse nada. A rotina de casa, escola, casa, tarefas e dever de casa enraizou de tal forma que qualquer outro tipo de existência parecia uma lembrança distante. O tempo quase perfeito para jogar tênis, provocando-o enquanto ele era conduzido no carro do pai, só tornava tudo pior. A raquete estava no armário, negligenciada, como um amigo esquecido. Ele não podia nem ver ou ligar para Becky.
E o pior é que ainda não conversara com Louis desde a briga. Embora Harry quisesse ter ido a Nova York com Louis no domingo, quanto mais pensava no assunto, com mais raiva ficava. Louis sabia que não era uma decisão dele. Ele não queria ficar de castigo. Quando Harry entrou no refeitório na segunda-feira seguinte ao sermão dos pais, já tinha decidido que Louis havia sido imaturo, e não sabia se sentaria ao lado dele.
"Dessa vez", pensou Harry, "Louis pode almoçar na companhia de sua mochila."
O plano de Harry foi por água abaixo quando percebeu que Louis não estava sentado à mesa de sempre. Harry ficou de pé no meio do refeitório sentindo cada vez mais raiva. Ele foi o humilhado na frente dos pais. Ele teve a porta batida na cara. Ele estava de castigo pelo resto da vida. Ele foi quem precisou ficar preso no subúrbio enquanto Louis ia a Nova York. E ele devia achar que era apenas coincidência Louis estar atrasado e não ter guardado o lugar dele? Louis por acaso achava que ele ia se sentar à mesa dos desistentes sozinho? Harry foi batendo os pés até a antiga mesa vazia, sentou, pegou os buregs de espinafre e abriu o livro de álgebra.
Alguns minutos depois, Harry viu Louis entrando no refeitório com Josh, Jack e Zayn. Quando viu Harry, ele parou e cochichou com os amigos, que foram direto para a mesa deles e deixaram Louis sozinho. Ele ficou de pé olhando para Harry do outro lado do salão, com uma expressão vaga no rosto. Harry olhou por cima das folhas do livro aberto.
Os olhares e posturas permaneceram firmes, como caubóis em um filme do velho-oeste, sem nenhum dos dois querer dar o primeiro passo ou recuar. Depois de alguns momentos infinitos, Harry interrompeu a imobilidade e voltou a olhar para o livro. "Se ele não é homem o bastante para vir pedir desculpas, prefiro me preparar para a aula de álgebra", pensou Harry. Alguns minutos depois, Harry roubou um olhar para Louis . Em vez de estar no lugar de sempre, Louis estava sentado do outro lado da mesa, de costas para Harry. Depois que terminou o almoço, Harry foi para a sala de aula, direto até a mesa do senhor Weedin. O professor baixou o jornal que estava lendo e olhou para Harry por cima dos óculos.
— Posso ajudar? — perguntou ele.
— Senhor Weedin, estou tendo dificuldade para ver o quadro-negro do fundo da sala — mentiu Harry— e queria saber se posso me sentar mais para a frente nas próximas duas semanas de aula.
— Parece sensato. Pode se sentar ali — disse o senhor Weedin, apontando para a carteira na fila da frente que ficava mais distante da porta.
"A parte fácil está feita", pensou Harry.
— Mais alguma coisa, senhor Styles ?
— Sei que o senhor tem uma política de reprovar qualquer pessoa que mate aula sem motivo, e eu queria saber se há algum crédito extra que eu possa fazer para tentar compensar minha falta de sexta. Eu não quero repetir.
— Isso quer dizer que sua falta de sexta, ao contrário das outras neste semestre, foi sem motivo? — perguntou o senhor Weedin.
— Sim — admitiu Harry.
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One Man Guy | Larry Stylinson |
RomanceLouis é tudo o que Harry gostaria de ser: confiante, livre e irreverente. Apesar de estudarem na mesma escola, os dois garotos pertencem a mundos diferentes. Enquanto Louis é descolado e tem vários amigos, Harry tem apenas uma, Becky, e convive inte...