Grupo de apoio

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Justin Bieber Narrando.


– Como assim não irá fazer o tratamento Justin? – minha mãe gritou do outro lado da linha, depois de tanto me ligar eu resolvi atende-la e contar a minha decisão.

– Minha vida, minha escolha – falei sendo um pouco rude. Pude escutar ela suspirar e percebi que ela queria chorar, o que me fez ficar mal. – Desculpa mãe.

Tudo bem – ela murmurou. Mas eu sabia que não estava nada bem.

– Não mãe, não está tudo bem – passei a mão pelos cabelos nervoso. – Eu só tomei essa decisão, porque eu não quero evitar o inadiável, entende? Eu sei que eu vou morrer, então por que ficar lutando por um tempo a mais? Um tempo que poderá ser mínimo mãe. Mínimo. Eu quero fazer o que eu posso enquanto é tempo, sem me preocupar com o que eu tenho ou não.

Justin – suspirou. – Você sabe que não é assim.

– É o que eu quero mãe – fui claro. – Eu não vou viver tomando remédios para precisar viver, não é isso que eu sonhei.

A linha ficou muda por um tempo, e achei que ela tivesse desligado, mas então falou:

Escuta Justin – começou. – Eu falei com seu médico, e ele disse que é normal a fase de negação do paciente, mas ele disse que você pode sim ter uma vida normal e que vai poder fazer qualquer coisa. Basta fazer o tratamento.

– Você fez o que? – gritei. – Eu não acredito que procurou ele.

Me desculpa Justin – gritou e pude escutar seu choro. – Mas você é meu filho, então não espere que eu fique parada vendo você morrer, eu já disse que não irei aceitar isso. Eu me lembro da primeira vez que te peguei no colo e disse a mim mesma que eu sempre protegeria você. Vamos fingir que você é pequeno tudo bem? Por favor – implorou e senti as lágrimas se formarem em meus olhos. – Vamos fingir que você caiu de bicicleta e eu cuidei dos seus machucados ou que é seu primeiro dia de aula e você só quer ficar comigo. Vamos fingir que você ainda é meu garotinho que pedia pra que eu lesse histórias de super heróis antes de você dormir. Vamos imaginar que você é o menininho que sempre me fazia checar se havia monstros debaixo da sua cama antes de se deitar. Só vamos fingir Justin, vamos fingir que você ainda é pequeno e irá me deixar cuidar de você.

– Mãe – chorei me sentando no chão, tirei o telefone de perto para que ela não escutasse o meu choro. Ela estava tentando ser forte por ela e por mim, e o que eu fazia? Dizia que não me importava com a morte. Mas a verdade é que eu me importo o suficiente com ela, para não deixá-la sofrer.

Você não precisa dar a resposta agora – ela disse contendo as lágrimas. – O seu médico disse, que no estágio que você está, talvez seja bom você freqüentar um lugar com pessoas que tenham o mesmo problema que você.

– Que lugar? – perguntei interessado limpando minhas lágrimas.

Um grupo de apoio – falou. – Onde todos estarão com os mesmos problemas e dúvidas que você.

– Eu não preciso disso mãe – falei certo daquilo. – Irão me olhar como um fracassado, um ninguém e eu não quero ser visto assim.

Justin presta atenção – me interrompeu. – Eles não irão te julgar, eles sofrem o mesmo que você e irão estar lá para tirar todas as suas dúvidas.

– Eu não tenho certeza sobre isso – argumentei.

Só faça uma visita, por favor – pediu. – Se você for lá e continuar com a mesma decisão, eu não irei mais te incomodar.

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