O barulho da chuva na sua janela aberta o fez abrir os olhos devagar, sentia seu corpo doer e seus machucados arderem. Seu celular vibrou enquanto levantava do chão frio, se arrependendo de ter deitado, pegou celular com as quinze chamadas perdidas do seu amigo, olhou a hora assustado e ganhou forças para correr para o banheiro. Estava completamente atrasado, pensou ainda no banho se não seria melhor faltar, mas percebeu ser mais tranquilo ir e aguentar as reclamações do chefe.Saiu de casa correndo para pegar o ônibus, o seu dia havia acabado, não sabia com que cara chegaria na empresa, sabia que não iria ser demitido por ser o melhor, mas também não queria ser repreendido na frente de todos. Já fazia uns quarenta minutos que havia pegado, seu celular não parava de vibrar, a coragem para atender não chegava com o passar do tempo, criou força para mandar um "oi" para o chefe que num instante foi visualizada e não respondida. Viu sua parada chegar e se preparou para sair. No exato momento em que a porta se abriu, um empurrão no ombro quase o fez cair sobre uma senhorinha. Com um pedido de desculpas apressado, ele olhou para trás e viu o culpado de suas noites de bebedeira e chamadas perdidas.
Joong o olhou com surpresa. Parecia um fantasma em sua frente, seu coração batia freneticamente, não queria mostrar o que estava sentindo enquanto suas mãos suavam, todas às vezes que olhava para Dunk se sentia olhando para um anjo que fazia no seu estômago cócegas. Percebeu estar encarando o dono do seu coração há algum tempo e, então, desviou o olhar, ignorando completamente o rapaz.
No momento, sua mente não estava preparada para lidar com o desconforto dos seus sentimentos. O sinal para os carros fechou, e finalmente pode atravessar a rua. Antes de seguir adiante, sentiu alguém segurando seu braço, impedindo-o de continuar. Ao olhar, viu Dunk com curiosidade nos olhos, buscando uma explicação breve sobre suas chamadas ignoradas. No entanto, não tinha nada a dizer, pelo menos não para ele.
"Você não parece bem" - sentiu a mão do homem tocar seu machucado no rosto, então se lembrou que não passou nada para esconder sua noite perturbada - "Andou brigando de novo? O chefe ligou para mim e perguntou sobre você, tem sorte de que é o favorito". - seu colega de trabalho soltou uma risada breve. Ele não parecia satisfeito por proferir aquela frase em voz alta. Compreendia a rivalidade que permeia o mundo da moda e sabia como Dunk se sentia em relação a ele. No entanto, mesmo ciente disso, não conseguia conter o turbilhão de emoções que o fazia se apaixonar por Dunk.
"Eu só dormi demais, acordei assustado, e esbarrei na parede" - Cada palavra que saía da minha boca parecia roubar o ritmo acelerado do seu coração. Ao tentar virar para atravessar novamente fui puxado para trás, dessa vez o impacto foi contra o corpo de outra pessoa. Observou o carro passar rapidamente em sua frente. Dunk o olhou com uma certa irritação, falou algo para mim, mas a única coisa que conseguia perceber era que ainda mantinha contato no rapaz, olhou para o sinal aberto para os pedestres e andou o mais rápido possível. Poderia desmaiar a qualquer momento, seu coração voltou a acelerar e sua mente nublou tinha que prestar atenção a sua frente, foi o caminho para o trabalho repetindo em sussurros que precisava se acalmar, assim conseguir diminuir seus batimentos antes de adentrar a empresa.
Ao adentrar a empresa, todos os olhares pareceram o observar, como se o tempo desacelerasse. Apressei-me em direção ao elevador, quase o encontrando fechado. Por sorte, uma mão gentil segurou a porta, permitindo que eu e uma jovem entrássemos. Agradeci com um aceno de cabeça, suspirando mais uma vez.
"Você esta completamente atrasado" - demorei segundos para reconhecer a voz do chefe, o dia não poderia ser pior - "Vá para a minha sala, Joong" - seu nome proferido por ele o causava arrepios, podiam ser os melhores amigos la fora, porem no trabalho ele virava outra pessoa. O andar da presidência chegou mais rápido do que almejava, viu seu amigo/chefe sair do elevador e caminhar pelo corredor extenso, invejava o silêncio que reinava e, ao mesmo tempo, pensava que enlouqueceria com a absoluta paz que reinava.
Ouço o chefe suspirar, parecia estressado, e percebo que não era o culpado dessa vez. - "Você me chamou para falar sobre ele?" - minha pergunta o assustou; me olhou como se eu tivesse uma bola de cristal. - "Me diga o que houve antes de eu lhe dar um conselho que você não vai seguir." - estiquei meus braços para cima, estralei as costas, me aconcheguei melhor na cadeira e esperei ansiosamente a ilusão romântica do Pond ser proferida.
- "Não foi nada de mais. Eu não consegui nem dar bom dia. Me sinto um merda por não olhar nos olhos dele, Joong." - Seu amigo sofria dos mesmos sintomas que eu: amor não correspondido por potenciais idiotas e completamente arrogantes.
Inclino-me ainda mais sobre a mesa, segurando sua mão com firmeza. Ele abaixa a cabeça, e eu faço o mesmo. Ambos estamos exaustos pelas emoções que nos atormentam, sentimentos que nem sequer sabemos como superar.
A porta é aberta bruscamente, fazendo-nos levantar de imediato. O rosto familiar das dores de amor do Pond surge, confuso pela cena que presenciou ao abrir a porta. Ergui a cadeira que não havia percebido ter sido derrubada por si. - "Eu estava de saída. Fique a vontade, Phuwin" - o rosto inexpressivo encara o seu, acabou se sentando e olhando para o chão.
- "Eu vim para avisar algo, não sabia que estaria com intimidades no local de trabalho. Sinto muito." - A porta ia ser fechada, mas Pond foi mais rápido, segurou com uma das mãos e a outra aterrissou no braço do rapaz, a coragem que cresceu no seu amigo o fez sorrir. Ficou ciente que teria que ouvir sobre cada detalhe do que presenciava.
- "Não estamos fazendo nada de mais, diga-me o que deseja."
- "A sala esta pronta para fotografar. No entanto, a modelo ainda não se apresentou" - Pond não precisou pensar muito no assunto.
- "Eu resolvo isso, o Joong vai se preparar para as fotos. Vou falar com a empresa da modelo sobre o atraso." - Enquanto observa aquela interação viu nos olhos do Phuwin a pitada de admiração quando Pond agia como chefe, não entendia o porquê o colega de profissão trata tao mal o seu amigo.
- "Vou passar o recado, senhor." - Não esperou mais nada ser dito para fechar a porta, Pond se agachou no chão estático e começou a rir alguns segundos depois. Havia acabado de ganhar o dia.