Em toda a sua vida, Joong se perguntava o que era o amor. Quando tinha apenas oito anos, perguntou à pessoa que mais amava no mundo: sua mãe. Ela bagunçou seus cabelos, beijou sua testa e sorriu bonito. Disse que o amor era como uma luz brilhante que nunca se apagava, algo bonito e de fácil entendimento. Joong acreditou naquele conto de fadas até o dia em que seu pai o deixou e sua mãe adoeceu quando ele tinha 12 anos.
Enquanto observava sua mãe no canto da cama, chorando e murmurando vários "por quês", ele começou a entender que o amor às vezes era solitário. No hospital, antes de sua mãe passar por quimioterapia, ele perguntou novamente o que era o amor para ela. Curioso, queria saber se ainda era bonito. Na verdade, ele ansiava por um pouco de paz, agarrando-se à esperança de que tudo ficaria bem.
Sua mãe o encarou e respondeu com voz fraca: "Amor é sacrifício. Às vezes dói e, em outras ocasiões, cura algumas feridas." A partir daquele dia, Joong levou consigo essa definição. Ele aceitava as risadas dos amigos, pegava as migalhas que caíam ao chão para tampar os pedaços de si.
Quando sua mãe faleceu meses depois, ele compreendeu que o amor também era luto. Sentado sozinho, observando o fogo apagar sua única luz brilhante, ouvia as pessoas lá fora. Alguns expressavam pena pelo garotinho que agora ficaria sozinho, enquanto outros relembraram o fato de seu pai ter ido embora. De alguma forma, Joong sentia que o amor estava rindo da sua cara, de algum lugar distante.
No seu aniversário de quinze anos, o bolo em sua frente brilhava com as pequenas velas, havia prometido a sua mãe que celebraria todos os anos. As luzes apagadas transformavam o ambiente que era para ser feliz, em um lugar sombrio e solitário, tinha se apegado a um lar desfeito, essa era a verdade que ele via refletido na sua mente.
Os amigos que ele achava ter transformaram-se em desconhecidos após a partida de sua mãe. Ao enfrentar dificuldades, percebeu ser melhor estar sozinho do que mal acompanhado.
Sua mãe havia deixado dinheiro guardado na poupança para a faculdade dele, sempre dizia para gastar com algo para ela queria, mas dizia que ele não entenderia seus sentimentos de mãe. O dinheiro do seguro depositado na conta, Joong não conseguia nem ao menos olhar, preferia trabalhar até o fim de sua vida do que gastar os anos de trabalho que a mãe teve. Ao soprar as velinhas, Joong olhou ao redor, vendo as fotos de família. A mãe havia deixado a foto de casamento na parede da pequena casa, tornando a imagem claramente visível. Respirou fundo, sem coragem de retirá-la. Sua mãe costumava dizer que o perdão era necessário e tudo ficaria mais leve depois. No entanto, quando seu pai partiu com outra mulher que já tinha um filho dele, foram as lágrimas dela que ele enxugou.
Enquanto partia o bolo, percebeu que não havia feito um pedido. Acendeu uma das velinhas e fechou os olhos. Escutou uma voz familiar do lado de fora que lhe causou arrepios. Desceu correndo as escadas e deparou-se com o homem que até pouco tempo atrás só existia na parede da sua sala. Atrás dele, um garoto o observava com o rosto vermelho e lágrimas caindo. Seu pai permanecia o mesmo, vestindo a camisa azul xadrez que sua mãe havia dado a ele no aniversário de dez anos de casamento. Abriu a grade e escondeu a fúria que sentia ao ver o homem ajoelhar-se.
- "Eu sei que não mereço o perdão de vocês, mas por favor eu peço que me escutem. Por favor." - O homem ajoelhado falando no plural, o fazia sentir ânsia.
- "Por que esta falando no plural? Não sabia que a mulher que se refere esta morta?" - Viu seu pai se levantar rapidamente, o rosto assustado confirmava que ele não sabia.
Joong suspirou como um hábito, observou o garoto ao lado, vestia uma camisa que claramente era de um tamanho menor, parecia com frio e choroso. - "É seu filho? Tem seus olhos." - o homem nervoso perguntou se podiam entrar e conversar de pai para filho, Joong riu, se perguntando se aquilo era alguma piada sem graça.
