Capítulo 10

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A madrugada ainda não havia terminado. Dunk, sentado no sofá, contemplava o teto, tentando desvendar o que havia acontecido.

Na acolhedora cozinha, Phuwin preparava alguns lanches para enfrentar o restante da noite. Enquanto isso, Force e Book descansavam na cama do primo. Phuwin ouviu o amigo suspirar mais uma vez e pegou os lanches para colocá-los na mesinha.

Encarou o outro, que franzia a testa, e deu um peteleco, fazendo-o grunhir de dor. - "Idiota" - Dunk arrastou seus dedos no local, sentou-se para o amigo se acomodar. - "Não é tarde para besteiras?" - Phuwin ignorou-o e abriu o pacote de salgadinhos. Dunk desistiu de falar e pegou um para si.

- "Pond e você?" - Phuwin o encarou com o rosto sujo de salgadinho, Dunk riu e começou a limpar. - "Você come pelas sobrancelhas?" - Phuwin deu risada agradecendo ao amigo.

- "Pond permaneceu por um tempo e decidiu ir embora por conta da hora. Mas foi divertido, escutei a risada dele, a voz, as histórias estranhas. Me apaixonei mais ainda." - suspirou enquanto limpava as mãos no guardanapo.

- "E você? Saiu com pressa e voltou parecendo que te atropelaram" - O silêncio que se instalou fez Phuwin encarar o outro, encontrando o rapaz olhando tristemente para baixo.

- "Você está bem?" - Dunk negou com a cabeça - "Quer falar sobre isso?" - Negou novamente, Phuwin suspirou e tirou a comida das mãos do outro.
- "Vamos dormir um pouco, podemos passear para algum lugar amanhã. Escove os dentes, eu limpo aqui." - Phuwin levantou, puxando o outro.
- "Vamos logo" - Dunk encarou o amigo com um sorriso e dirigiu-se ao banheiro.

Após se organizarem, os dois estavam deitados na cama, encarando as estrelas brilhantes do teto.

- "Joong me disse algumas coisas e eu não consegui dizer nada em resposta." - Dunk quebrou finalmente o silêncio, sentia o peito doer e respirou fundo após ouvir suas próprias palavras. Com o braço no rosto, tentava conter as lágrimas que ameaçavam se formar, mas o sentimento era insuportável. Como se sentiu vulnerável, à mercê das próprias emoções, enquanto elas escapavam do seu controle.

O ódio que nutria por esses sentimentos, como uma tempestade interna, só aumentava a sensação em seu peito. - "Eu não sei o que pensar, entende? Alguns anos atrás, nem nos falávamos e agora..." - Dunk respirou mais uma vez - "Não sei o que fazer" - Ele se voltou para o amigo, que o observava atentamente. Com as mãos sobre as dele, fechou os olhos.

- "Se está confuso, talvez seja melhor não dizer nada. Ele não parecia bem, talvez só quisesse desabafar e liberar seus sentimentos. Provavelmente, ele também está se sentindo vulnerável, entende? É importante que você compreenda suas próprias emoções, porque ele já deve ter entendido as dele." - Phuwin encarou o amigo que o olhava e sorriu para ele. - "Vamos dormir, já vai amanhecer." - os dois fecharam os olhos, esperando o sol aparecer com alguma solução.

A cabeça de Joong latejava com a falta de sono, e ao chegar em casa, as palavras não cessavam. A cada repetição, o peso aumentava e o arrependimento se instalava. Observando a rua pela janela do quarto, já eram quase sete da manhã, e a escuridão prevalecia sob a intensa chuva.

Havia passado o restante da madrugada retirando algumas coisas e colocando-as na sala. Esperava que sua decisão o fizesse encontrar as respostas para perguntas que jogou ao vento ao longo de sua vida. Enquanto afastava pensamentos negativos, decidiu mandar mensagem para Pond e pedir uma carona. A chuva diminua aos poucos, mas não queria arriscar.

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