Capítulo 11

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A chuva do outro lado da janela era assustadora. O céu brilhava ocasionalmente, e os sons estrondosos faziam os dois rapazes arrepiarem. O amigo havia desistido de ir até a casa escondida que possuía, o trânsito parado e as buzinas eram estressantes demais.

— “Vamos para Ayutthaya depois.” — Joong apenas concordou, recostando a cabeça na janela. Os dois haviam tido uma conversa sincera sobre tudo o que aconteceu durante a ausência um do outro, escutando conselhos que provavelmente não seguiriam. — “Acho que essa chuva não vai parar.” 

— “Espero que não chova amanhã” disse Joong com uma voz suave, mas firme, capturando a atenção de seu amigo com um olhar significativo. — “Estou bem” — ele acrescentou rapidamente, antecipando a preocupação iminente do outro.

— “Você deveria ter tomado o caminho pela empresa. Deve estar menos movimentado.”

— “Eu sei, mas já está andando um pouco.” — Pond suspira pensando haver cometido um erro. 

— “Pare com todos esses pensamentos, você não virou um adivinho.” — Joong parecia compreender os pensamentos do outro. O amigo o olhou e sorriu, voltando a concentrar-se no trânsito que finalmente começou a se mover. 

A jornada para a residência do amigo transcorreu de maneira mais arrastada do que o usual. Pond desembarcou do veículo, ansioso por esticar os músculos após o longo percurso, enquanto a chuva intensificava-se.

Enquanto isso, Joong hesitava, dividido entre a insistente vibração do telefone e a incerteza de atender à chamada do dono da casa que deveria ter se encontrado. 

— “Não vai atender?” — Pond perguntou enquanto caminhavam para o elevador. — “Diga a ele que a chuva aumentou e você não conseguiu chegar.” — Joong assentiu, porém, somente guardou o celular.

— “Por que não quer morar comigo? Somos uma família, tenho espaço para o seu irmão também.” 

— “Sinto a necessidade de ter meu próprio espaço, parece que não consigo me encaixar aqui. Acredito que morar em sua casa poderia ser uma solução temporária, mas não a ideal.” — Joong decidiu ser sincero, o amigo somente abaixou a cabeça e concordou tristemente. — “Obvio que somos uma família e sei que sempre vai ter lugar para meu irmão e eu, arruma essa cara feia.” — Pond sorriu e pulou no amigo que quase perdeu o equilíbrio. — “Você é pesado” — Joong falou com uma voz exausta, lutando para desvencilhar-se do amigo que, de alguma forma, parecia ter-se grudado a ele.

— “Diz que me ama.” — Pond manda enquanto apertava mais o amigo.

— “Eu amo você.” — Joong rezava para o andar chegar, a risada do amigo o fez rir também.

Pond tornou-se o companheiro que ele sempre sonhou ter na infância, alguém que estaria ao seu lado tanto nos dias ensolarados quanto nas tempestades. Antes de sua mãe partir, ela lhe aconselhou a procurar uma pessoa em quem pudesse confiar até para compartilhar as pequenas coisas, como a quantidade de grãos de açúcar que colocava no café. E naquele momento de epifania, ele soube que havia encontrado essa pessoa especial, um amigo verdadeiro que ele valorizaria pelo resto de sua vida. Joong abraçou seu amigo com mais força, enquanto as lágrimas deslizavam pelo seu rosto.

Em meio à emoção, ele se questionava por que o amigo escolhera viver nos andares mais altos do prédio. — “Eu te amo.” — Pond virou-se ao ouvir um sussurro suave e, ao colocar os pés no chão, percebeu seu amigo em lágrimas. Seu andar foi finalmente notificado pela voz eletrônica.
— “Eu também amo você. Por que o choro repentino?” — Pond perguntou, limpou o rosto do amigo e deu risada dele. — “Você é um bebê? Nem parece que passou dos trinta.” 

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