Capítulo 14

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Eram mais de nove da manhã, e a delegacia fervilhava com pessoas apresentando denúncias ou aguardando detenção. No interior, Ohm estudava atentamente as fotos na parede, buscando uma solução. Os colegas começaram a chegar, alguns encharcados pela chuva inesperada que caía sem cessar desde o amanhecer. Perth suspirou profundamente ao ver o amigo imóvel.

— “Pare de olhar, a resposta não vai chegar de repente. Sente-se aqui.” — Quando Perth concluiu sua fala, os gritos de outro colega ecoaram pelo ambiente.

— “Os resultados… dos… exames” — Chimon tentava dizer, recuperando o fôlego enquanto falava, o que dificultava o entendimento. Ohm se aproximou para tranquilizar o jovem e tentar compreender a situação.
— “O sangue coletado é de cinco pessoas diferentes” — disse Chimon, colocando os papéis na mesa. Cada documento tinha uma foto correspondente, e um deles chamou a atenção de Perth, que o pegou imediatamente.

— “Isso indica que, além dos que estavam na casa, existem mais cinco indivíduos desaparecidos.” — Ohm passou a mão pelo rosto após falar, exausto por ficar acordado a noite toda revisando as provas. — “Vou ao hospital buscar o relatório de óbitos e a verificação das câmeras de segurança?” — Ohm pergunta a todos.

— “Não ocorreu nada, nenhuma pessoa passou após as cinco e, antes disso, apenas moradores registrados.” — O homem com tatuagens no pescoço começou, e Ohm assentiu, tentando se lembrar do rosto do jovem.

Perth se levantou para seguir o parceiro, a chuva diminuía e ambos correram em direção ao carro.
— “Uma das pessoas desaparecidas trabalha em uma loja de joias” — disse Perth, sem sequer esperar que colocassem o cinto para começar a falar, enquanto a dor de cabeça lhe consumia as forças.

— “Como você sabe?” — Ohm indaga, curioso e levemente assustado. Perth o encara, erguendo o dedo e apontando para a aliança.
— “Conversei com ela há algumas semanas, comprei isso com ela.” — Perth suspira profundamente, encostando a cabeça na janela. Embora quisesse acreditar que ela ainda estivesse viva, ele conhecia muito bem a dura realidade de seu trabalho.

— “Vamos encontrá-la e a todos os outros, precisamos manter um pouco de esperança neste tipo de vida, certo?” — Ohm poderia dizer mentiras em voz alta para confortar os outros, mas sua mente circulava em torno da verdade. Perth concordou, deitando-se mais uma vez.

Os dois estavam sentados ao lado da porta do necrotério, Perth tentava ligar para o irmão, enquanto Ohm fechava os olhos para descansar. Perth sentia a cabeça pulsar porque seu irmão não atendia, e a lentidão do legista só piorava seu humor. Justamente quando pensava em se levantar para questionar a demora, o médico entrou pela porta.

— “Estava escondendo um corpo?” — Ohm riu da piada que contou, enquanto Perth ria discretamente, observando o rosto descontente.
— “Desculpe” — Ohm baixou o olhar, um tanto tímido.

— “Foi engraçado, não se preocupe” — Bright sorriu e logo em seguida pediu que o seguissem.
— “Encontraram a arma do crime?” — Bright perguntou enquanto distribuía os equipamentos de proteção.

— “Encontramos duas facas e muitas agulhas com resíduos.” — Perth respondeu.

— “Não suporto usar toucas, elas me dão coceira” — Ohm murmurava.
— “A overdose foi a causa da morte?” — Ohm perguntou, examinando o corpo que havia sido retirado da gaveta. 

— “Apenas um deles teve overdose, os demais tiveram mortes parecidas” — respondeu Bright. — “Este é Luke Bailey, de vinte e sete anos, morador de Los Angeles, estava de férias aqui com um primo. O rosto apresenta múltiplos cortes, as orelhas foram removidas e as tatuagens do braço esquerdo foram arrancadas, além de queimaduras de cigarro no abdômen. Embora quarenta e três facadas tenham sido a causa da morte, havia um alto nível de substâncias tóxicas em seu sangue.” — Bright acabou de explicar os detalhes. — “Podemos passar para o próximo?” — Perguntou, e com a concordância dos rapazes, dirigiu-se à próxima gaveta.

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