O mistério do casarão.

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O episódio de mais cedo amendrontou Han Jisung durante toda a noite. Ligou para a casa dos Seo, onde mora Sunwon, e não foi atendido nenhuma das cinco vezes, Kyungmin, por sua vez, atendeu a chamada. Repetia palavras desconexas, e por vezes, ficava calado, parecia respirar ofegante como se estivesse correndo enquanto falava, mas Han sabia que não estava. Eram esses os sinais que fazia quando estava escondendo algo, ele transpirava.

Se fosse uma encenação grotesca para o assustar, Han poderia moer seus cérebros sem piedade de suas almas. Mas, parecia tudo muito real, Sunwon nunca encenaria daquela forma, de uma forma tão vivida, prezava muito pela sua imagem e não se arriscaria a fazer em uma rua pública. Por outro lado, como explicaria aqueles olhos cheios de pânico? Estava não só assustado, estava horrorizado, mas não se passaram nenhuma hora direito, o quê podem ter visto para os traumatizarem assim?

Cedo, na escola, procurou pelos seus amigos, mas como previu, Sunwon não apareceu, Kyungmin paracia distante, aéreo, na sua mão tinha um lápis e ele olhava atentamente para a folha rabiscada. Era como se riscasse em formas irregulares, parecia um desenho feito por uma criança que não sabe pegar no lápis ainda, mas ele não parava, e estava ansioso com algo. Muito ansioso. Coçava a nuca repetidas vezes, sinal esse que demonstrava sua inquietude.

- Sua vez. - Ele fala, Han não entendeu.

- Minha vez para quê? - Perguntou assustado.

- Para entrar na maldita casa. - Ele olha para Han, os olhos cheios de ódio e lágrimas. Ao mesmo tempo que transmitia ira, transmitia também culpa por se sentir assim. Han se assustou com a resposta, como isso é possível? Ele está mentindo, mas conhece Kyung desde criança, quando ele mente, ele sempre estrega sinais, ou quando está ocultando algo. Claramente, há algo que ele está escondendo.

- Sua vez. - Han o ignorou e se sentou em sua mesa, o olhou de canto e percebeu que ele o encarava. O olhar parecia outra pessoa, as olheiras que nunca haviam aparecido manchavam seu rosto em tinta cinza, seus olhos estavam esbugalados como se não dormisse a semanas. - SUA VEZ. - Ele gritou do outro lado da sala, todos se assustaram e Han não conseguia esboçar reação. Era óbvio que aquela gritaria era para si. - SUA VEZ. SUA VEZ. SUA VEZ. - Gritava a medida que andava e ia até a direção de Han. - SUA VEZ. SUA VEZ. SUA VEZ. SUA VEZ. - Han se levantou enquanto ele se aproximava e ninguém ousou fazer nada. O professor chegou bem na hora que Han ultrapassou ele.

- Kyungmin, eu preciso que se sent-

Não conseguiu terminar a sentença quando aqueles lápis atravessou seu pescoço. Kyungmin havia ferido brutalmente o professor, algumas pessoas que caminhavam pelo corredor, seguraram Kyungmin que gritava mais histérico que Sunwon no dia anterior. Como se tivesse entalado em sua garganta há muito tempo, e isso o fez gritar ainda mais. Todos estavam apavorados com a situação. As aulas foram suspensas pelo resto do dia.

Han Jisung sabia mais do quê nunca que é tudo real, não havia encenação nenhuma, era apenas a dura realidade que há mais uma década pensava que era apenas uma lenda. Mas não, é tudo real. O senhor Coelho existe. Quem é Lee Minho? Ele realmente existe? Será que ele existiu e se perdeu dentro da mansão? Ou ele é apenas uma alucinação sua? O quê é real e o quê não é?

Foi pela rua, correu para passar direto do casarão assombrado, mas um carro que não sabia de onde surgiu veio em sua direção de forma rápida, sua única intuição foi se jogar na calçada que prometeu para si mesmo nunca mais pôr os pés. Droga. Está amaldiçoado agora. O que fazer? Quem foi esse cego filho da puta?

- Me perdoe novamente. - Essa voz... - Você está bem? - Estendeu aquela mão fria para Han. Era Lee Minho. Como? Ele entrou na mansão, está vivo, está são. Meu Deus. Está alucinando novamente? Se levantou sem ajuda e começou a andar para trás, se afastando. - Você não parece bem.

- E-estou. - A única palavra que saiu de sua boca foi essa enquanto suor frio escorria de sua testa. Observou Lee suspirar.

- Você tem medo da casa, mas é só uma casa acabada que precisa de reforma, não há o quê temer. - Observou Minho pegar uma caixa de ferramentas de dentro do carro. - Quando estiver pronta, te chamo para você conhecer, prometo que terá uma mesa de doces para você. - Sorriu. O mesmo sorriso cavado de antes. Han não sabia o quê expressar. Doces... É assim que o senhor Coelho captura suas vítimas. Se afastou o bastante até ver Minho entrar na casa e fechar a porta. E, mais uma vez, não há nenhuma presença física, além de si, para presenciar essa cena.

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Decidiu por si só, apenas andar na rua, nunca pisar na calçada, evitar o imaginário Lee Minho, nunca o responder ou o tocar. Mas, alguém imaginário dirige? Tem um carro chique? Roupas de grife? Uma beleza incomum? Não faz sentido. Se for imaginário, não irá lhe fazer mal. Então, decidiu ver até onde sua imaginação o leva e queria testar o tal de Lee Minho, o levando para longe do casarão, onde pessoas poderiam o ver e comprovar sua sanidade.

Mas, quando queria o ver, ele não aparecia. Lee Minho está sumido há uma semana. Não há vestígios. Se fosse uma pessoa normal, em uma casa normal, o procuraria dentro, mas nunca se atreveria a adentrar aquela casa de boa vontade. Não há como. Parou de correr e passou a andar rápido. Quando passou em frente, seu nome foi gritado a plenos pulmões.

- HAN JISUNG! - Era ele. Lee Minho, estava pintando uma cadeira em cima daquele amontoado de grama morta.

- Senhor Lee. - Disse. Não se atrevendo a pisar na calçada.

- Olhe essa cadeira, é de seu gosto? - Han observou. Muito bonita e bem detalhada.

- Está boa. - Digo sincero. O homem apenas sorri e continua a pintar.

- É para você. - Ele diz e meu coração erra as batidas. - O vizinho mais legal do bairro. - Ele diz. Para mim? Não. Não irei entrar e comer os malditos doces. Mas engulo em seco.

- Se for para mim, poderia pinta-las de dourado? - É uma cor difícil de encontrar? Espero que sim.

- Não tenho essa cor por aqui. - Ele olha para algumas caixas de tinta e depois olha para Han. - E vermelho?

- Dourado. - Reafirmo. - Conheço uma loja de tintas aqui perto, deixe-me ajuda-lo.

- Você poderia? - Ele pergunta e retira o avental. - Vamos de carro?

- Dá para ir andando. - Respondo rápido. - É realmente muito perto. - Sorrio amarelado.

- Ótimo. - Ele guarda a chave do carro no bolso e passar a caminhar até a rua. Andavam lado a lado com Jisung mantendo uma certa distância caso precissase correr a pleno pulmões. Seus pés se moviam no automático e sentir que o morador fantasma estava logo atrás de si, o deixava mais atento ainda.

Colocou no seu rosto a expressão mais relaxada que pensava que tinha, mas acabou que, deixou tudo muito forçado. Caminhava em passos rápidos, mas Lee era mais alto, não era difícil acompanhar um Jisung apressado em se livrar de sua presença. Admitiu não conseguir suprimir o riso, queria gargalhar com essa cena.

Han chegou rapidamente e seu queixo caiu quando na porta da loja havia "temporariamente fechada", seu coração estava acelerado e ele se sentia inquieto, como que, durante todo o trajeto não vira nenhum pedestre? Alguém que mora no bairro. Por favor, apenas alguém que comprove que esse homem realmente existe.

- N-não... - Han lacrimeja e queria chorar.

- Tudo bem, amanhã eu compro em outra loja, prometo. - Han sente aquela maldita mão fria tocar seu pescoço, tantos lugares e ele encosta em sua pele suada.

- Desculpe, senhor Lee, pode ser a cor que desejar. - Han dá três passos para trás e começa a andar rapidamente. - Tenho que ir! - Sua respiração estava o sufocando, não queria passar mais nenhum lugar perto do fantasma que ninguém mais vê. Não conseguia raciocinar corretamente, sua mente voava dentro de diversos cenários fantasiosos. Chegou em casa e viu seu irmão mais novo assistindo algum desenho. Está tudo normal. Então, como?

Como não havia ninguém na rua? Tinha a plena certeza que aquela loja estava funcionando ontem a tarde.

mister rabbit •minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora