Mesa de doces.

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Em nenhuma situação da sua vida imaginaria que estaria nesse exato momento tendo seu corpo arrastado bruscamente por um maluco que usa máscara de Coelho. Arranhou o chão com sua unhas tentando parar e Minho o agarrou, o levantando.

- Você quer acabar que nem eles? - Pergunta, não parecia exaltado, mas também não parecia calmo. Estava no intermédio enquanto Han estava no ápice do desespero para o pânico.

- Por que? - Perguntou, seus pulsos estavam sendo agarrados fortemente. A casa podia sim, estar escura, mas aqueles olhos brilhantes de predador de Minho estavam cintilando a casa inteira.

- Por que você é interessante. - Ele diz, Han não entendeu, assim como não estava entendendo o que está acontecendo. Quando se coloca algo na mente é difícil de tirar e acreditava que Minho era um fantasma que apenas ele podia ver. Mas, ele está se mostrando mais humano do quê nunca. Seu toque está quente, sua respiração está descompassada e seu olhar está vívido, não tem como esse homem está morto e o assombrando. - Ainda acha que eu sou um fantasma? Devo te mostrar da pior forma que eu sou humano? - Han sente lágrimas molharem seu rosto, começa a chorar.

- Me perdoa. - Ele juntou as mãos em forma de implorar. - Me perdoa, não faça nada comigo, eu imploro. - Minho o observou sem emoção, como se estivesse vendo a mesmo número de circo pela décima vez seguida. E Han era o palhaço principal.

- Caralho, deixa de fazer essa merda de show. - Ele vocifera e pega Han pelo pescoço aproximando os rostos. - Para de chorar antes que eu enlouqueça. - Han treme e as lágrimas escorriam sem piscar, Minho lambe toda sua bochecha tirando os vestígios das lágrimas de antes, fazendo Han ficar estático, confuso e amendrontado. O quê porra ele tá fazendo? Han reúne sua força, que já não era muito e o empurra.

- O quê... - Tentou terminar, mas não conseguiu quando observou aquele sorriso mórbido e a língua que usou para lamber seu rosto estava umedecendo os lábios como se tivesse provado do mais delicioso prato.

- Você ainda vai chorar? - Han não se deixaria derramar nenhuma lágrima se quer. Não depois disso. - Ótimo. Então, por que não vamos comer aqueles doces? Eu mesmo fiz. - Han estremece. - Depois, você pode ir embora. - Que opção tinha? Não tem como fugir usando sua força, sua rapidez ou qualquer característica relacionada, está em uma desvantagem absurda, além do que, todas as portas parecem estar magicamente trancadas.

Seu pulso foi agarrado antes que pudesse responder e subiram as escadas assim, Minho na frente o puxando como um detento. Não sabia o quê falar, o quê expressar, mas sabia sentir, e sentia medo. Pavor. Estava aterrorizado. Vai morrer em breve, não vai? Antes que pudesse atravessar aquela porta de saída, com a barriga cheia de doces e com uma faca encravada.

- Aqui, sente-se. - Minho puxou a cadeira para Han que pudesse sentar. - Não sabe o quanto foi difícil achar uma cor dourada tão linda como essa. - Han engoliu em seco. Deveria agradecer? Agradecer pelo quê exatamente? - Você gostou?

- Sim. - Respondeu rápido, nem estava reparando em nada primeiro, seus olhos captaram todas as variedades de doces e entendeu. Eram todos seus doces favoritos. Isso é uma coincidência, certo?

- Te observei sempre pegar esses doces quando ia na loja. - Han o olhou, mas logo desviou, nada aqui é uma coincidência. É tudo obra de Minho.

- P-porque eu? - Quando perguntou isso queria chorar, mas estava com medo de chorar e ele fazer a loucura que fez.

- Eu já disse, você é interessante. - Lee diz. - Coma esse. - O ofeceu um pedaço de cheesecake de morango, estava realmente com uma aparência boa, parecia que tinha acabado de ser feito. Han timidamente pega o garfo e come um pedaço. O quê deveria fazer? Ficar olhando para a cara dele? Deveria apenas comer de uma vez e ir embora. Ir embora... isso vai acontecer, certo? - Está bom?

- Sim. - Engoliu. Não mentiu. Está uma delícia. - Como assim interessante? - Sua voz estava baixa e a acanhada e seus olhos brilhavam em água.

- Interessante, divertido, coloque a característica que você quiser. - Ele come também, e serve Han com bolo de chocolate. - Mas, te ver todos aqueles meses correr por essa rua acendia uma emoção em mim que eu não conseguia decifrar. - Fez um gesto para que Han comesse e ele cedeu. - No começo achei esquisito, depois veio os estágios da estranheza até que eu achei magnífico. Mas eu só achei isso, quando eu tive a brilhante ideia de brincar um pouco com você. - Ele come o bolo e o serve com biscoitos. - No começo era só para ser uns sustos, mas depois... eu não aguentei, estava tudo muito bom. - Ele sorri alto.

Han piscou várias vezes... nunca existiu senhor Coelho da lenda urbana, nunca existiu um ser maligno que mora essa residência e é personagem de uma música infantil. Não era isso. Era tudo Lee Minho. Era uma pessoa de verdade.

- Como...? - Han estava inerte.

- Eu descobri muito sobre você quando te estudei, falei com seus intitulados amigos, brinquei um pouco por aí... - Ele sorri. - Sabe, você não é muito ingênuo? Estou preocupado agora. - Ele fez uma expressão confusa.

- Não sou. - Falou firme, batendo o garfo a mesa.

- Quando seus amigos vieram eu os fiz sair daqui como se o senhor Coelho existisse, eu queria que eles fizessem você entrar aqui. Apenas você. - Ele o manda comer mas não foi atendido dessa vez. - Mas não deu certo, então tive que pedir ajuda aquela criança em troca de um bom dinheiro, você sabe como as crianças estão hoje em dia? Céus... - A criança... me enganou. - O senhor Jung foi bem antes, aquele velho havia me visto olhando para você em uma noite dessas aí, ele disse que eu era estranho e que jovens estão poluindo o ambiente fumando, então, tive que dar um trato nele enquanto você não entrava na maldita casa. - Ele se exasperou no final, mas logo voltou ao normal. "Normal."

- Não... - Han não aguentou as lágrimas e começou a derrama-las.

- Chorando novamente? Eu nem terminei. - Han tampou os ouvidos.

- Não me conte mais nada. - Han negou a cabeça freneticamente.

- Termine o prato e vá embora. Você está livre. - Han ponderou e terminou o prato. Se levantou assim que colocou o garfo no lugar.

- Se você não sair em cinco minutos, você pertence ao Senhor Coelho. - Ele sorriu e entregou a chave, era grande e um pouco enferrujada. Mas... assim que começou a andar sentiu seu corpo amolecer. Não só amolecer, começou a sentir tanto sono que não conseguia deixar os olhos abertos. Tentou ao máximo chegar até a porta do quarto, mas não conseguiu. Seu corpo foi de encontro ao chão alguns passos antes.

mister rabbit •minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora