Uma volta.

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Por mais que sua prática tenha levado a perfeição, suas pernas pareciam gelatinas quando passou em frente ao casarão. Seu olhar curioso mirou a casa sombria e não viu nada, nenhuma presença estranha, nenhum sinal dele. Com isso, correu ainda até o fim da rua, só parou quando chegou em casa.

Conversou com a sua mãe e a fez assinar o papel de desistência, mesmo ela não parando para ler ou o ouvir direito. Ela pensou que era o papel de autorização para a viagem, mas Jisung estava decidido em não ir. Por mais que, ainda queria ir, essa é sua última vez... antes de acabar tudo, não vai ter mais escola em algumas semanas, os professores, os alunos, não vai ter mais nada. Suspirou. No dia seguinte, começou a arrumar sua mala. Estava em um dilema cruel sobre ir ou não ir. Estava curioso sobre variadas coisas.

Na quarta acatou a decisão de ir. Ainda assim, guardou a assinatura de desistência na mochila e avisou a sua mãe que estava saindo, não recebendo nada além de um aceno na cabeça. Suspirou a passou a caminhar, estava nublado, não é um dia bom para viajar. A rua que aprendeu a ir ainda estava interditada. Com isso, ao encarar a rua do senhor Coelho, ponderou cinco vezes e repensou sua decisão mais dez vezes.

Decidiu ir. Já está aqui, já arrumou sua mala, já fez tudo e agora deve ir. Tem que encarar seu medo, se não o fizer, quem o fará por si? Decidiu não correr dessa vez. Reuniu sua coragem restante e confiou que seria uma passagem tranquila. Apertou a alça da bolsa e começou a andar calmamente. Não olhou direito para o casarão, então não notou alguém a espreita.

- Han Jisung. - Seu nome foi chamado, e de começo pensou que eram as vozes da sua cabeça. Queria que fosse uma alucinação sua. Por favor, precisava que fosse. Se virou em direção ao dono da voz e o viu. Em carne e osso. Lee Minho. Mantinha um cigarro na sua boca e um sobretudo preto que o aquecia. - Você por aqui? - Han não sabia o quê expressar.

- S-sim... - Falou mas não sabia se essa era a resposta correta.

- Então, desistiu do outro caminho? - Han sentiu um vento frio o fazer regredir dois passos e o arrepiar por inteiro.

- C-como sabe d-disso? - Estava quase chorando.

- Como eu poderia não saber? - A fumaça sai da sua boca. - Eu deveria saber tudo sobre você. - Começou a caminhar até Han que parecia um esquilo assustado e sorriu com o pensamento intrusivo de brincar um pouco com a sanidade mental dele, mas não estava afim, o dia está gélido e queria abraça-lo o mais rápido possível. - Vamos dar uma volta?

- Eu tenho que ir... - Apontou em direção a escola.

- Para a tal viagem? - Jogou o cigarro no chão e apagou com uma pisada. - Ou para viver um romance com Seong Cheol? - Han tremeu da cabeça aos pés. Ele sabe demais. Muito mais do que saber que havia trocado de trajeto, ele sabe até do conteúdo de uma conversa que teve com um colega. Além disso, parece que sabe até dos seus pensamentos.

- Não... - Tentou negar em vão. Minho revirou os olhos.

- Eu pareço fácil para você? Eu odeio quando me negam algo, então, vamos dar uma volta? - Deu a mão para Jisung e ele acatou. Mas, com que outra alternativa ele fugiria? Não há. Minho entrelaçou as mãos e o levou até seu carro que estava na rua detrás. Era um carro chique, e bastante atualizado. Um policial ganha bem assim? Ou, será que... ele é mais do quê só um policial?

Minho abriu a porta para si e colocou o cinto de segurança. Deu a volta e entrou também. O olhou enquanto encostava os braços no volante.

- P-para onde vamos? - Perguntou. Estava ansioso. Diante de todo esse tempo, ele não ia lhe fazer mal, certo?

- Eu senti sua falta. - Diz. Estava totalmente imerso na beleza de Jisung, seu nariz estava avermelhado em razão do frio e as bochechas rosadas, seus lábios convidativos estavam vermelhos, queria tanto morder. - Você já comeu? - Pergunta.

- Não. - Diz rápido, para que não gaguejasse.

- Vou preparar algo bom para você. - Desviou o olhar antes que fizesse alguma loucura e começou a dirigir. - Me diga o quê gosta de comer. - Han o olhou confuso. Era realmente só um café da manhã? Então, para que o assustar?

- Bem... não sou tão restrito. - Disse acanhado e depois, mordeu o lábios um pouco apreensivo. Iria perder a viagem.

- O quê está pensando? - O olhou e colocou a mão firme em sua coxa.

- A viagem... eu não posso ir? - Seu coração disparava e sentiu um aperto forte em sua coxa.

- Você quer mesmo ir? - Pergunta. - De verdade?

- Bem... sim, eu acho. - Coçou a nuca e depois olhou para Minho.

- Você não quer apenas se encontrar com aquela pessoa? - Indaga. - Céus, ele não deve saber de nada sobre você.

- Você sabe? - Minho sorri.

- Até demais, Hannie. - Estacionou em algum lugar e Han olhou ao redor estava na escola. - Vou te dar cinco minutos para sair desse carro e decidir se você vai para essa viagem ou se vai comigo. - Minho olhou para o relógio de pulso.

- Haverá consequências? - Han pergunta acanhado. Não confia em suas palavras desde aquele fatídico dia.

- Talvez. - A maldita palavra que pode significar várias interpretações. - 4 minutos e 55 segundos.

Mais uma vez, Han saiu em disparada e andou depressa até a escola.

mister rabbit •minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora