𝑇𝑅𝐸𝑆

455 90 5
                                    

                              TRÊS


Wuxian
Harold Bickman é um tremendo babaca.
Eu adorava meu trabalho, mas meu chefe era a única coisa de que eu não sentiria falta. O homem era um lixo. Não gostava de mim quase desde o início, desde que descobri que ele havia contratado minha contraparte feminina  – que tinha menos experiência que eu e menos tempo na empresa – com um salário anual superior ao meu em vinte mil. Abordei o assunto com ele de maneira profissional, e ele me explicou que havia prós e contras para todos os empregados e todos os cargos. Disse que eu não deveria me preocupar, que um dia eu teria benefícios que Jane Dorphman  tinha, como quando eu pudesse aproveitar a excelente política de licença-maternidade da empresa já que como um homem gay poderia adotar e aproveitar a licença.
Registrei uma queixa formal no departamento de recursos humanos em relação ao meu salário e consegui o valor equivalente. Mas nunca mais superamos o que Harold Bickman considerava uma traição de minha parte. Encontramos um jeito de trabalhar juntos sem muito atrito – na maior parte nos evitando, mas o e-mail dele hoje provou mais uma vez que ele era um tremendo babaca. E alguma coisa me fez pensar que ele tinha participação nessa história de a emissora ter visto o vídeo nú na praia. Deus sabe que o homem queria muito dar meu emprego a Siren Eckert.
Nota: Siren é seu nome verdadeiro, não é o nome que ela usa na TV. Onde é que os pais dela estavam com a cabeça? Enfim...
Harold Bickman, um homem gordo e careca de cinquenta e quatro anos, que tinha cheiro de queijo velho, não era muito esperto quando se tratava de mulheres. Aposto que pensou que teria uma chance com Siren – vinte e quatro anos, ex-concorrente ao título de Miss Seattle – só porque ela fez um charminho para ele. Aposto que também pensou que eu seguiria as instruções de seu e-mail.
Car sr. Wei,
Em vista dos infelizes acontecimentos e de sua recente saída da Broadcast Media, marquei sua visita ao escritório para as dez da manhã da quinta-feira, 29 de setembro, para a retirada de seus objetos pessoais. Espero que mantenha uma conduta profissional durante sua visita. Como sua identificação de funcionário e seu crachá foram desativados, vai ter que se registrar com a segurança antes de entrar.
Atenciosamente,
H. Bickman

Sério? Eu queria entrar pelo laptop e estrangular o homem. Odiava pensar que ele podia ter visto os “infelizes acontecimentos”. Provavelmente bateu uma enquanto assistia ao vídeo de vinte e dois segundos de mulheres com os peitos de fora, um instante antes de ir procurar Siren para oferecer minha vaga.
Meu Deus, a única coisa boa em ser demitido era que finalmente, na quinta-feira, eu poderia dizer àquele homem o que pensava sobre ele. Mas era bem possível que o covarde tomasse chá de sumiço quando eu fosse retirar meus “objetos pessoais”.
Suspirei e cliquei no ícone da lixeira para me livrar de Harold de uma vez por todas. Mas, quando me preparava para fechar o laptop, vi que tinha outro e-mail na caixa. E-mail de Lan Wangji. Curioso, abri a mensagem imediatamente.
Caro sr. Wei,
Depois de uma revisão de sua ficha, determinei que seja mantida a decisão de encerrar seu contrato. No entanto, vou entrar em contato com seu superior imediato e sugerir que ele providencie uma carta de referências neutra com base em seu desempenho.
Atenciosamente,
Lan Wangji
Ótimo, perfeito... até parece que Harold seria neutro. Eu devia ter fechado o laptop e esfriado a cabeça, mas as últimas quarenta e oito horas haviam me levado ao limite, ao ponto de ebulição. Por isso digitei uma resposta sem me preocupar com a formalidade de um cabeçalho ou coisas do gênero.

Ótimo. Harold Bickman odeia gays quase tanto quanto odeia pessoas batendo o pé no chão. Ah, a menos que ele acredite ter uma chance de comer o homem em questão, como é o caso da minha substituta.

Obrigado por nada.
Dois dias depois, na quinta-feira de manhã, eu não estava menos amargo ao chegar ao escritório. No entanto, cheguei quase quarenta e cinco minutos antes da hora porque não tinha ideia de quanto tempo poderia demorar para chegar ao escritório na hora do rush. As ruas estavam sempre vazias quando eu ia trabalhar às quatro e meia da manhã. Como sabia que Bickman era bem capaz de não me deixar entrar antes da hora marcada, decidi ir à cafeteria ao lado do prédio. Assim teria uma chance de me preparar mentalmente para limpar minha mesa e lidar com ele também.
Pedi um descafeinado, já que estava nervoso demais, e fui me sentar a uma mesa de canto. Sempre que me sentia estressado, eu assistia aos vídeos do programa Ellen DeGeneres no YouTube. Sempre dava muita risada, e isso me ajudava a relaxar. Cliquei em um vídeo em que Billie Eilish assustava Melissa McCarthy e gargalhei alto. Quando o vídeo acabou e levantei a cabeça, me surpreendi ao ver um homem parado ao meu lado.
— Posso me sentar à sua mesa?
Examinei o homem da cabeça aos pés. Alto, bonito, terno caro... não devia ser nenhum serial killer. Por outro lado, meu ex também usava ternos de caimento perfeito.
Olhei para ele desconfiado.
— Por quê?
O homem olhou para a esquerda e para a direita. Quando seus olhos dourados encontraram novamente os meus, pensei ver um leve tremor no canto externo de sua boca.
— Porque todos os outros lugares estão ocupados.
Olhei em volta. Merda. Todas as mesas cheias. Tirei a bolsa de cima da mesa e assenti.
— Desculpa. Não percebi que o lugar tinha enchido. Pensei... Bem, não importa. Por favor, fique à vontade.
Outra vez aquele leve tremor na boca. Era tique nervoso ou ele estava me achando engraçado?
— Eu pedi licença, mas acho que você não ouviu. Estava muito concentrado.
— Ah, sim. Muito trabalho. Muito, muito ocupado. — Fechei o YouTube e abri meu e-mail.
O homem bonito desabotoou o paletó e sentou-se na cadeira em frente à minha. Levou o copo de café aos lábios.
— Aquele com o Will é meu favorito.
Franzi a testa.
— Smith. No Ellen. Notei que estava assistindo. Você estava sorrindo. Belo sorriso, aliás.
Senti o rosto esquentar, mas não foi por causa do elogio. Revirei os olhos.
— É, eu menti. Não estava trabalhando. Não precisava me desmascarar desse jeito.
O tique no canto da boca virou um sorriso, mas ainda havia alguma coisa muito arrogante nele.
— Alguém já disse que você tem um sorriso arrogante? — perguntei.
— Não. Mas acho que não o usei muito nos últimos anos.
Inclinei a cabeça para o lado.
— É uma pena.
Ele estudou meu rosto.
— E aí, por que mentiu sobre estar trabalhando?
— Sinceramente?
— É claro. Vamos tentar ir por esse caminho.
Suspirei.
— Foi uma reação instintiva. Perdi o emprego recentemente e não sei... acho que me senti meio fracassado aqui sentado, vendo vídeos do programa da Ellen.
— O que você faz?
— Sou repórter na Lexington Industries... ou melhor, era até alguns dias atrás. Fazia o jornal da manhã.
O sr. Não Sorrio Muito não reagiu como a maioria das pessoas reagia quando eu contava que trabalhava na televisão. Normalmente, elas ficavam curiosas e faziam um milhão de perguntas. Mas não era tão glamouroso quanto achavam. E o homem do outro lado da mesa não parecia impressionado. Se estava, não demonstrava. O que achei curioso.
— E você, o que faz quando usa um terno chique e pode se sentar para tomar café sem pressa às... — Olhei as horas no celular. — ... nove e quarenta e cinco da manhã?
De novo o tremor no canto da boca. Ele parecia gostar do meu sarcasmo.
— Sou CEO de uma empresa.
— Impressionante.
— Na verdade, não. A empresa é da família. Portanto, não comecei de baixo.
— Nepotismo. — Bebi um gole de café. — Tem razão. Agora estou menos impressionado.
Ele sorriu de novo. Se o que ele disse sobre não sorrir muito era verdade, que desperdício... porque aqueles lábios carnudos e o sorriso arrogante podiam derreter corações e ganhar partidas de pôquer.
— Então, me conta sobre ter sido demitido — ele disse. — Isto é, se não precisar voltar ao trabalho que estava fazendo pelo celular.
Soltei uma risada.
— É uma longa história. Mas fiz uma coisa que achei inofensiva e acabei violando uma política da companhia.
— Mas era bom funcionário, apesar disso?
— Sim, trabalhei muito durante nove anos para chegar aonde estava.
Ele me estudou e bebeu mais um pouco de café.
— Tentou conversar com seu chefe?
— Há anos que meu chefe tenta se livrar de mim... desde que reclamei por ele ter contratado uma mulher sem experiência nenhuma e o fato de ele ser extremamente homofóbico . — O que me fez lembrar que eu tinha que ir ao escritório para encontrar esse chefe cretino. — Preciso ir. O tal chefe está esperando. Tenho que esvaziar minha mesa.
O sr. CEO coçou o queixo.
— Você se incomodaria se eu desse um conselho? Já lidei com muitas questões de trabalho.
— É claro. — Dei de ombros. — Mal não vai fazer.
— Retaliação por ter denunciado diferença de salário com base em gênero é ilegal. Sugiro que marque uma entrevista com o departamento de recursos humanos e reitere essa queixa. Pode resultar em uma investigação, e talvez esse seu chefe que venha acabar aqui assistindo aos vídeos do Ellen.
Opa. Chao não disse que retaliação era ilegal quando lhe contei o que havia acontecido. Mas isso não me surpreende. Ele ficou ocupado demais me criticando por ter feito nú na praia.
Levantei-me da mesa.
— Obrigado. Talvez eu faça isso.
O homem bonito também ficou em pé. Olhou para mim quase como se quisesse falar mais alguma coisa, mas tivesse que refletir sobre suas palavras. Esperei até a situação ficar incômoda.
— Hum... foi um prazer conhecer você — falei.
Ele assentiu.
— Igualmente.
Comecei a me afastar, mas parei quando ele recomeçou a falar.
— Você... quer almoçar mais tarde? Não vai poder me dar a desculpa de estar muito ocupado agora que sei que está desempregado.
Sorri.
— Obrigado, mas acho que não.
O sr. CEO assentiu e sentou-se novamente.
Saí da cafeteria sem saber por que tinha recusado o convite. É claro que havia aquela história do estranho que pode ser perigoso, sim. Mas almoçar com ele em um lugar público não seria mais perigoso do que sair com um cara que conheci em um bar. E já fiz isso antes. Para ser honesto, alguma coisa nele me intimidava – algo parecido com o que senti quando fiquei com Chao pela primeira vez. Ele era bonito, bem-sucedido e, bom, eu me sentia encabulado diante de um cara como esse.
Mas isso era idiotice. O homem era sexy, e minha manhã já ia ser uma merda. Por que não sair para almoçar e ver o que acontece?
Parei de repente, e a pessoa que vinha atrás se chocou contra mim.
— Desculpa — falei.
O sujeito fez uma cara feia e seguiu em frente. Voltei correndo à cafeteria e abri a porta. O CEO estava em pé com o copo na mão como se estivesse pronto para ir embora.
— Ei, sr. CEO, você não é um serial killer, é?
Ele levantou as sobrancelhas.
— Não. Não sou.
— Tudo bem. Então mudei de ideia. Aceito almoçar com você.
— Puxa, que bom que resisti àquele surto de violência assassina, então.
Dei risada e peguei o celular na bolsa.
— Põe seu número aí. Eu mando uma mensagem com o meu.
Ele digitou no meu celular e imediatamente mandei uma mensagem com meus dados para contato. Quando o celular vibrou, ele olhou para o aparelho em sua mão.
— Wuxian . Bonito nome. Combina com você.
Olhei para o meu celular, mas ele não registrara o número com um nome.
— CEO? Não vai me dizer seu nome?
— Decidi te deixar curioso até a hora do almoço.
— Hum... ok. Mas estou achando que deve ter um nome antipático de CEO que é passado de pai para filho junto com uma conta bancária.
Ele riu.
— Que bom que parei para tomar café hoje.
Sorri.
— É, que bom. Eu mando uma mensagem mais tarde para combinar o almoço.
Ele assentiu.
— Vou ficar esperando, Wuxian .
Saí da cafeteria e fui para o escritório me sentindo bem mais bem-humorado que antes. Talvez o dia não fosse tão ruim, afinal...
— Sério? Não dava para ela esperar até eu esvaziar minha mesa?
O escritório era um espaço amplo e aberto com baias no meio e salas delimitadas por vidro no entorno. O segurança me acompanhou até o escritório de Bickman como se eu fosse um prisioneiro, e agora eu podia ver Siren do outro lado do grande espaço levando caixas da baia dela para a minha sala.
Bickman puxou a fivela do cinto e levantou a calça acima da barriga.
— Não faça uma cena, ou eu vou empacotar sua tralha para você.
Fechei a cara e comecei a bater com o pé no chão enquanto falava.
— Espero que ao menos tenha dado a ela paridade salarial  de escolaridade e experiência iguais a minha companheira .Ah, espera... talvez não, porque alguém com as qualificações dela ainda trabalha na sala de correspondência.
Ele apertou alguns botões do telefone e olhou para minha sala enquanto falava.
— Wuxian  veio limpar a mesa dele. Acho melhor você dar espaço a ele e terminar de arrumar sua nova sala depois que ele for embora.
— Sim, sr. Bickman.
Revirei os olhos. Sim, sr. Bickman.
O cretino acenou, dispensando-me.
— Não demore muito.
Aborrecido, virei-me para sair da sala dele, mas parei e voltei. Ainda não tinha decidido se iria ao RH registrar uma queixa por ter sido demitido por retaliação. Não tinha nenhuma prova, nada que demonstrasse que Bickman tinha sido o responsável por ter encontrado o vídeo que servia de motivo para a rescisão do meu contrato. E sabia que uma ameaça não o incomodaria. Mas precisava fazer esse sujeito se sentir um merda, porque assim eu me sentiria melhor.
Fechei a porta da sala sem fazer barulho e o encarei para dizer uma última coisa.
— Você vem procurando um motivo para me demitir há anos. Mas é difícil justificar a dispensa de um funcionário exemplar que aumentou a audiência de maneira consistente desde que entrou no jornal. Finalmente você encontrou uma razão. Não sei como conseguiu, mas sei que está por trás dessa história de o vídeo ter ido parar no RH. Fala para mim, guardou uma cópia? Espero que sim, porque é o único pedaço de mim que você vai ver neste escritório. Com toda certeza, não vai ver um centímetro de pele daquela garota desqualificada que mal saiu do colégio e para quem você deu minha vaga. Você acha que isso vai fazer a menina gostar de você, mas ela já transa com o estagiário da publicidade. Ah, e lembra da Marge Wilson, aquela divorciada de meia-idade que você encheu de bebida na festa de Natal alguns anos atrás? Aquela que você acha que ninguém sabe que você levou para casa? — Sorri e levantei o dedinho, balançando-o no ar.
— Todo mundo sabe. O apelido que ela deu para você era Minhoquinha.
Abri a porta, respirei fundo e saí para recolher nove anos da minha vida.
Literalmente três minutos depois, dois seguranças estavam na porta da minha sala e Bickman estava parado atrás deles.
Coloquei as últimas coisas da primeira gaveta dentro de uma caixa e olhei para ele.
— Ainda não acabei.
— Já teve tempo suficiente. Temos trabalho para fazer aqui.
Abri a segunda gaveta para continuar retirando minhas coisas e resmunguei.
— Meu Deus, como você é babaca, Minhoquinha.
Aparentemente, resmunguei alto demais. O rosto de Bickman ficou vermelho, e ele apontou para a porta.
— Fora! Saia daqui!
Tirei a segunda gaveta dos trilhos e, sem nenhuma cerimônia, despejei o conteúdo dentro da caixa. Repeti o procedimento com as outras duas gavetas e as deixei, vazias, em cima das cadeiras de visitas do outro lado da mesa. Peguei os porta-retratos em cima da mesa e meu diploma na parede e joguei na caixa.
Os dois seguranças uniformizados que ele havia chamado pareciam completamente incomodados.
Sorri com tristeza para um deles.
— Vou embora para que vocês não tenham que aturar esse babaca.
Os seguranças me seguiram até o elevador e desceram comigo. Bickman teve o bom senso de usar um elevador diferente. Mas, quando chegamos ao saguão, ele saiu do elevador ao lado do nosso.
Balancei a cabeça e continuei andando.
— Acho que os dois seguranças são suficientes. Não precisa me acompanhar até a rua, Bickman.
Ele se manteve distante, mas continuou andando atrás de mim. Quando cheguei à área central do saguão, havia muita gente em volta. Decidi fazer uma saída triunfal. Parei e me virei para encarar Bickman. Deixei a caixa pesada no chão, na minha frente, apontei um dedo para ele e comecei a gritar com toda a força dos pulmões.
— Esse homem usa a posição que tem para tentar abusar das mulheres e é um enrustido que sempre quis ficar comigo mesmo alegando não gostar de gays. Ele acabou de me demitir e deu meu lugar a uma garota mais nova porque acha que ela pode agradecer abrindo as pernas. Talvez ele não conheça o movimento #MeToo.
Bickman se aproximou e segurou meu cotovelo. Puxei o braço com força para me soltar.
— Não toque em mim.
Ele recuou alguns passos ao perceber que as pessoas estavam olhando, virou-se e caminhou de volta na direção dos elevadores.
Eu precisava sair logo dali antes que a segurança chamasse a polícia. Respirei fundo, peguei minha caixa e, de cabeça erguida, marchei rumo à porta de vidro. Mas... um homem andava em minha direção, caminhava ao meu encontro com passos largos, rápidos. Hesitei ao ver seu rosto. Sua expressão furiosa.
— Trate de segurar essas suas mãos no lugar delas — ele gritou por cima do meu ombro para Bickman.
Sr. CEO.
Ótimo. Perfeito. O primeiro homem que eu conheci depois de meses, pelo qual eu estava interessado, entrando no prédio justamente quando eu fazia uma cena e agia como uma pessoa doida. O momento não podia ser pior. Por outro lado, combinava bem com o restante desse meu dia de merda.
O estresse dos últimos dias devia ter sido demais, porque eu surtei. Comecei a rir como um maluco. Primeiro foi um ataque de riso, depois um ronco e outra gargalhada rouca, um barulho que dava a impressão de que eu havia perdido a razão. Tentei cobrir a boca e parar, mas minhas palavras saíam entre risadas histéricas.
— É claro que eu tinha que encontrar você aqui. Juro, eu não sou assim. É que este foi um daqueles dias muito ruins.
O CEO continuou olhando por cima do meu ombro. Sua expressão era letal – mandíbula contraída, músculos do rosto enrijecidos e narinas dilatadas, pulsando como as de um touro. Virei-me para ver o que ele estava olhando e vi Bickman se aproximando de nós em vez de ir embora.
Suspirei, consciente de que a cena ainda não tinha acabado, e fechei os olhos.
— Vou entender se quiser cancelar o almoço.
O homem olhou para mim por um instante, depois para Bickman, e para mim de novo.
— Na verdade, eu ainda adoraria te levar para almoçar. Mas acho que é você quem vai mudar de ideia.

(....)

𝑻𝑶𝑻𝑨𝑳𝑴𝑬𝑵𝑻𝑬 𝑰𝑵𝑨𝑫𝑬𝑸𝑼𝑨𝑫𝑶Onde histórias criam vida. Descubra agora