𝑄𝑈𝐴𝑇𝑅𝑂

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                 QUATRO

Wangji


— Sr. Lan, é muito bom vê-lo.
Wuxian virou a cabeça para um lado e para o outro. Se ainda me restava alguma dúvida sobre ele não saber quem eu era na cafeteria mais cedo, a confusão em seu rosto agora confirmava que ele nem imaginava.
— Ele acabou de te chamar de...
Bickman apareceu ao lado de Wuxian, e eu o encarei.
— Com licença. Preciso falar com o sr. Wei.
Os olhos de Wuxian se iluminaram.
— Seu filho da puta. Você sabia quem eu era o tempo todo?
Bickman continuava parado atrás dele como se eu não tivesse acabado de dizer para ele sumir.
— Não entendeu o que eu disse? — rosnei para ele.
— Desculpe, sr. Lan. É claro. Vou voltar ao meu escritório. Se precisar de mim, estou no décimo primeiro andar.
Sei. Você já fez o suficiente. Mandei os seguranças voltarem aos seus postos e fui pegar a caixa das mãos de Wuxian.
— Eu carrego.
Ele a tirou do meu alcance.
— Você é Lan Wangji?
— Sou.
— E sabia quem eu era na cafeteria?
Engoli em seco.
— Sabia.
— Meu Deus, dei meu número para um mentiroso. Isso é pior que um serial killer.
— Eu nunca menti para você.
— Não, mas esqueceu de mencionar que é chefe do chefe do meu chefe.
A caixa começou a escorregar e ele quase a derrubou.
— Meu Deus. Os e-mails! Trocamos e-mails e você achou que não era importante dizer quem era, mesmo sabendo quem eu era?
— Honestamente, não sabia quem você era quando me aproximei da mesa e perguntei se podia me sentar. Mas eu teria me apresentado no almoço...
Wuxian balançou a cabeça.
— Almoço? Vai se danar. Melhor ainda. Espero que sua empresa inteira se dane.
Wuxian passou por mim a caminho da porta.
— Wuxian! — chamei.
Ele continuou andando. Eu provavelmente precisava de ajuda psiquiátrica, mas vê-lo acabar com Bickman e comigo também fez meu pau acordar. Era ainda melhor que a visão daquela bunda sexy saindo do meu prédio.
Sorri e balancei a cabeça. Talvez nós dois fôssemos meio malucos.
— E aí, ligo mais tarde para combinar nosso almoço então? — gritei para ele.
Sem olhar para trás, ele levantou uma das mãos e me mostrou o dedo do meio.
Eu ri.
Eu sentia que não seria a última vez que via Wei Wuxian, mas no momento tinha coisas mais urgentes para resolver.

— Sr. Lan, que bom vê-lo. Lamento que tenha testemunhado o que ocorreu no saguão. Era um funcionário insatisfeito com sua demissão que queria causar um tumulto.
Uma jovem apareceu na porta do escritório de Bickman. Não notou minha presença de imediato porque eu estava ao lado da porta, fora de sua linha de visão.
— Posso voltar para a minha sala... — Ela me viu e parou de falar. — Ah, desculpe pela interrupção. Não sabia que não estava sozinho.
— Tudo bem — falei.
Bickman fez as apresentações.
— Siren, esse é Lan Wangji. Ele é presidente e CEO da companhia de que nossa emissora faz parte.
— Ah. Uau — ela respondeu.
Estendi a mão.
— Muito prazer.
Bickman estufou o peito.
— Siren acaba de ser promovida a repórter.
Então essa é a mulher desqualificada de que Wuxian falava?
Bickman disse à mulher que ela podia continuar com a mudança para o novo escritório, e notei que os olhos dele desceram até a bunda da garota quando ela se virou para sair. Assim que ela se afastou, confirmei minha suspeita.
— Ela é a substituta do Wei Wuxian?
O cretino parecia orgulhoso.
— Sim. É formada em Yale e...
Eu o interrompi.
— Como teve acesso ao vídeo das férias de Wei Wuxian?
— Desculpe, não entendi...
— Vou ter que falar mais devagar? Como. Teve. Acesso. Ao. Vídeo. Das. Férias. De. Wei. Wuxian. ?
— Eu... hã... vi em uma rede social.
Arqueei uma sobrancelha.
— Na conta aberta?
— Não, na conta privada do Instagram dele.
— Então é amigo dele nas redes, já que consegue ver o que ele posta em contas fechadas?
— Sim. Bem, não exatamente. Mas tenho acesso a uma conta que segue as contas dela.
— Explique. — Eu estava começando a perder a paciência.
— Tenho algumas mídias sociais criadas no nome de um antigo funcionário. Um perfil básico.
— Está dizendo que usa o nome de outra pessoa para stalkear as redes sociais privadas de seus funcionários?
Bickman puxou o nó da gravata.
— Não. Só dos problemáticos.
— Problemáticos?
— Sim.
Ele não precisava me dizer mais nada. Wuxian não estava exagerando. Esse sujeito era realmente um caso a ser estudado. Eu me aproximei da mesa dele, peguei o telefone e apertei alguns botões. Quando a segurança atendeu, eu disse:
— Lan Wangji falando. Pode mandar alguém ao décimo primeiro andar, por favor? Tenho aqui um funcionário demitido que precisa ser acompanhado para fora do prédio.
Quando desliguei, Bickman ainda não tinha entendido.
Coloquei as mãos na cintura.
— Está demitido. Tem até a segurança chegar aqui para esvaziar sua mesa, e tenho certeza de que isso ainda é mais tempo do que deu ao Sr.Wei.
O imbecil me olhou por alguns segundos com ar perplexo.
— O quê?
Eu me inclinei na direção dele e falei baixinho.
— Que parte de “está demitido” você ainda não entendeu?
Bickman disse alguma coisa... que eu não sei o que foi, porque saí da sala dele e fui falar com a mulher que presumi ser sua assistente, levando em conta o lugar onde ela estava sentada.
— Você é a assistente de Bickman?
A senhora parecia nervosa.
— Sim.
Olhei para a placa com o nome dela em cima da mesa e estendi a mão. Acho que devia ter vindo a este prédio com mais frequência. Metade das pessoas nem sabia quem eu era.
— Oi, Carol. Eu sou Lan Wangji, o CEO da Lan Industries, que é dona desta emissora. Trabalho no prédio do outro lado da rua. O sr. Bickman não trabalha mais para a empresa. Não se preocupe com seu emprego, você continua conosco.
— Ok...
— Quem ficava no lugar de Bickman quando ele saía de férias?
— Hum... era o Wuxian.
Que maravilha.
— Bem, quem é o funcionário com mais tempo de casa, além do Wuxian?
— Acho que é Mike Charles.
— E onde fica a mesa dele?
Carol apontou para uma das salas.
— Obrigado.
Falei com Mike Charles e o coloquei no comando da redação, depois vi a segurança acompanhar o agitado Bickman para fora do prédio. Quando terminei, voltei para o outro lado da rua.
Millie levantou-se quando entrei e me seguiu até o escritório, lendo para mim uma lista de ligações que havia perdido e algumas outras porcarias que entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Tirei o paletó e dobrei as mangas da camisa.
— Pode mandar um e-mail para minha irmã informando que demiti Harold Bickman da Broadcast Media, por favor? Mike Charles vai ficar no comando enquanto as coisas são resolvidas por lá.
— Hum... é claro. Mas, da última vez que você contratou alguém para a divisão de Kate, ela não ficou muito contente. Provavelmente vai chegar aqui em menos de dez minutos depois de receber a notícia.
Sentei-me e soltei o ar com um sopro longo e profundo.
— Tem razão. Eu mesmo falo com ela. Peça a Qing para vir até aqui, por favor.
Millie olhou para mim por cima do bloco de notas.
— Ela provavelmente gostaria que você fosse até lá. Só para variar...
Millie estava certa. Minha irmã se ressentia por ter sempre que vir até mim.
— É verdade. Avise que estou indo falar com ela em dez minutos.
— Mais alguma coisa?
— Mande um mensageiro levar uma carta de desculpas para Wei Wuxian . Diga a ele que revi as circunstâncias da rescisão do contrato e que ele deve voltar a trabalhar na segunda-feira.
Millie fez as anotações no bloco.
— Certo. Vou cuidar disso agora mesmo.
— Obrigado.
Quando ela estava saindo, pensei em mais uma coisa.

— Mande uma dúzia de rosas junto com a carta para Wei Wuxian, por favor.
Millie franziu a testa, mas ela raramente questionava minhas decisões e já havia comentado como minha irmã ia reagir. Depois de anotar mais essa ordem no bloco, ela disse apenas:
— É claro.


Na tarde seguinte, Millie entrou no meu escritório carregando uma caixa de flores. Parecia nervosa. Meu nome estava escrito na tampa da caixa com marcador vermelho.
— O mensageiro acabou de entregar.
Abri a longa caixa branca e afastei a camada de papel de seda. Dentro havia uma dúzia de rosas vermelhas, mas todos os botões tinham sido cortados dos caules. Em cima delas havia uma folha de papel dobrada. Eu a peguei e abri.
“Fique com as flores. Se me quiser de volta, vou precisar de um bom aumento. “
Wuxian
Dei uma gargalhada. Millie olhou para mim como se eu estivesse maluco.

— Ligue para Wei Wuxian, por favor. Diga a ele que não negocio via mensageiro. Marque um almoço para hoje no La Piazza, à uma hora.
Olhei para o relógio. Se fosse qualquer outra pessoa, eu já teria ido embora. No entanto, quinze minutos depois da hora marcada para o almoço, eu ainda estava sentado à mesa sozinho, bebendo um copo de água, quando Wei Wuxian entrou. Ele olhou em volta, e a hostess apontou para o local onde eu estava.

Enquanto se dirigia à mesa, ele sorria. Fui pego de surpresa quando meu coração começou a bater mais depressa. Diferentemente de ontem e dos vídeos que tinha visto, hoje o cabelo dele estava pra trás . O penteado realçava-lhe as maçãs do rosto e os lábios carnudos, chamando a atenção para seu rosto.
Ele usava uma camisa de seda azul-royal e calça social preta. Uma escolha conservadora, mas mesmo assim ele atraía os olhares de todos os homens e mulheres por onde passava no restaurante.
Levantei-me e tentei não demonstrar quanto sua aparência me afetava.
— Está atrasado.
— Desculpa. Estava adiantado, mas, quando fui pegar meu carro, o pneu estava furado. Tive que esperar o Uber.
Estendi a mão.
— Sente-se, por favor.
Wuxian sentou-se, e o garçom se aproximou.
— Querem pedir as bebidas?
Olhei para Wuxian. Ele fez uma careta e desdobrou o guardanapo.
— Não costumo beber durante o dia, mas como estou desempregado e ele vai pagar a conta, quero uma taça de merlot, por favor.
Tentei não sorrir.
— Para mim só água com gás. — Olhei para Wuxian.
— Já que eu tenho um emprego remunerado.
O garçom desapareceu, e Wuxian juntou as mãos diante dele sobre a mesa. Era comum as pessoas esperarem que eu conduzisse a conversa, mas esse homem  não era comum.
— Então — ele começou —, falei com meu advogado, e ele disse que posso processar sua empresa por assédio, quebra de contrato e estresse emocional.
Recostei-me na cadeira.
— Seu advogado? Quem é?
— O nome dele é Wen Chao.
Reconheci o nome da investigação de antecedentes, anos atrás. Na época, eles namoravam. Talvez ainda estivessem juntos.
— Entendo. Bem, eu vim oferecer seu emprego de volta, um pedido de desculpas e talvez um pequeno aumento. Mas, se prefere esse caminho jurídico, não tem problema. — Comecei a me levantar para ver se ele estava blefando.
Estava.
— Na verdade, prefiro não lidar com advogados. Só quis contar o que o meu disse.
Cruzei os braços.
— Queria que eu soubesse para ter uma vantagem contra mim?
Ele também cruzou os braços, imitando minha atitude.
— Vai se sentar para conversar ou vai sair batendo o pé como uma criança?
O homem era muito atrevido; eu tinha que reconhecer. Se ele soubesse como eu queria descobrir se esse atrevimento se estendia a outras áreas... Ficamos nos encarando por uns sessenta segundos, até que cedi e me sentei novamente.
— Muito bem, sr. Wei. Vamos pôr as cartas na mesa. O que você quer?
— Ouvi dizer que demitiu Bickman. É verdade?
— Sim.
— Por quê?
— Porque não gosto dos métodos que ele usava para monitorar seus funcionários.
— Ótimo. Eu também não. Além do mais, ele é um cretino.
Meus lábios se moveram.
— É, tem isso também.
— Você me seguiu até aquela cafeteria?
— Não. E, para sua informação, não sigo homens ou meus funcionários por aí. Fui pegar um café. Meu celular tinha tocado no carro, o sinal estava ruim e a ligação caiu. Eu precisava mandar uma mensagem para a pessoa que tinha ligado não se preocupar.
— Por que não disse quem era quando percebeu quem eu era?
— Já respondi a essa pergunta no outro dia. Foi uma coincidência eu ter me aproximado da sua mesa. E quando percebi... fiquei curioso em relação ao que você poderia dizer.
O garçom trouxe o vinho dele e minha água, e Wuxian se dividiu entre olhar para ele e para mim.
— Vamos precisar de alguns minutos — eu disse. — Ainda não olhamos o cardápio.
Wuxian voltou a olhar só para mim quando o garçom se afastou. Parecia estar pensando em alguma coisa.
— Mais alguma pergunta?
Ele assentiu.
— Quem era ao telefone?
— Como é?
— Você disse que o telefone tinha tocado no carro, a ligação caiu e você não queria que a pessoa se preocupasse.
Bebi um pouco de água.
— Minha avó, embora não seja da sua conta. Terminamos o interrogatório? Porque estou disposto a esquecer os e-mails que mandou para mim quando estava bêbado. Mas, se quer rever cada interação que tivemos, podemos falar sobre isso também.
Ele me encarou desconfiado e bebeu um pouco de vinho.
— Quero um aumento de vinte por cento e sugiro que Madeline Newton seja considerada para o cargo de Bickman.
Interessante. Cocei o queixo.
— Uma coisa de cada vez. Dou dez por cento.
— Quinze.
— Doze e meio.
Ele sorriu.
— Dezessete.
Dei risada.
— Não é assim que funciona. Quando você reduz seu valor em uma negociação, não volta a aumentá-lo só porque não gosta de como as coisas estão acontecendo.
Ele ficou sério.
— Quem disse?
Balancei a cabeça.
— Vou fazer uma proposta. Eu dou os quinze por cento, mas para isso você vai ter que assinar um documento se abstendo de qualquer processo legal pelo que Bickman possa ter feito enquanto esteve na empresa.
Ele pensou um pouco.
— Aceito. É justo. Para ser bem honesto, eu não ia processar a empresa. Acho que nossa sociedade já é suficientemente litigiosa. Além do mais, não gosto de lidar com advogados.
— E Wen Chao?
— Especialmente Wen Chao.
Bom saber.
— Tudo certo, então?
— Desde que considere promover Madeline Newton para a vaga de Bickman. Ela é a melhor pessoa para o cargo e já foi preterida duas vezes.
— Se ela se candidatar, garanto que terá a devida consideração.
— Obrigado. — Ele estendeu a mão. — Então acho que está tudo certo.
Eu não devia ter notado como as mãos dele eram macias, como a pele parecia seda, mas notei.
Pigarreei depois do aperto de mão.
— Vou avisar Mike Charles que você assumirá o comando imediatamente. Tenho que admitir que fiquei surpreso por não ter se candidatado à vaga de Bickman.
Ele balançou a cabeça.
— Não estou preparado para isso. Mas Madeline vai fazer um ótimo trabalho. Diferentemente de Bickman, ela é inteligente e justa, e as pessoas respeitam o que ela diz. Bem, na verdade, Bickman também é inteligente. Mas não com as mulheres.
Esse homem sempre me surpreendia.
— Acha que Bickman é inteligente?
Ela assentiu.
— Ele é. Mas todo o resto é horrível.
— Como conseguiram conviver por tanto tempo se ele era tão ruim?
— Ele era grosseiro e desrespeitoso, e eu me contentava com as coisinhas que fazia para deixá-lo irritado. Fingia que assim equilibrava as coisas.
— Que coisinhas? — perguntei, intrigado.
Ele sorriu.
— Bem, ele tinha pontos fracos. Por exemplo, não suportava quando alguém batia os pés no chão. Ficava vermelho como um tomate e tinha que se esforçar para não explodir quando alguém batucava com os pés perto dele.
— Sei...
— Quando ele me irritava, eu batia os pés de leve e via a veia no pescoço dele pulsar.
Arqueei as sobrancelhas.
— Uma vez ele comentou que detestava excesso de perfume ou colônia. Passei a deixar um frasco de perfume na minha gaveta e usava sempre que o via secando a bunda de uma mulher. Passava muito perfume e entrava na sala dele fingindo que precisava de ajuda com uma reportagem.
— Criativo — reconheci.
— Também acho.
Wei Wuxian tinha um lado perverso, sem dúvida. Eu não devia, mas achava isso sexy.
O garçom voltou para pegar o pedido, mas ainda não tínhamos olhado o cardápio.
— Já escolheram?
Wuxian entregou seu cardápio para o garçom.
— Na verdade, não vou ficar para almoçar. É só o sr. Lan.
— Certo. — O garçom olhou para mim. — O que vai querer, senhor?
— Preciso de mais alguns minutos.
O garçom se afastou, e eu a encarei com um sobrancelha arqueada.
— Não está com fome?
— Estou sempre com fome. Mas preciso ir trocar o pneu do carro para poder ir até a oficina. A amiga que mora comigo tem que ir trabalhar às três horas, e ela vai me dar uma carona para casa para eu não ter que esperar lá. Na última vez, eles demoraram horas, e agora que estou novamente empregado... tenho uma tonelada de trabalho para pôr em dia.
Assenti.
— Você tem seguro? — Eu não sabia por que fizera essa pergunta. Se ele não tivesse seguro, eu ia arregaçar as mangas da minha camisa feita sob medida e trocar o pneu para ele?
— Para esse tipo de serviço, não. Mas sei trocar pneu. Já fiz isso antes. — Ele riu. — Uma vez saí com um cara, e o pneu do carro dele furou quando estava me levando para casa. O sujeito nunca tinha trocado um pneu, então eu troquei.
Sorri.
— Aposto que não saiu com ele de novo.
Wuxian terminou de beber o vinho.
— Não mesmo.
Minha mente criou uma imagem rápida de Wuxian trocando um pneu. Mas ele não estava trocando o pneu de um cara qualquer e vestido para um encontro. Em vez disso, usava uma calça  jeans, uma camisa amarrada na cintura que expunha muita pele bronzeada e tinha os cabelos todo bagunçado  e o rosto sujo de graxa. A graxa era excitante.
Balancei a cabeça e pigarreei.
— Vou avisar o pessoal que você volta à redação.
Wuxian levantou-se, e eu também fiquei em pé. Ele estendeu a mão.
— Obrigado por ter intercedido. É evidente que não precisava. Especialmente depois dos e-mails horríveis que eu mandei.
Assenti e apertei a mão dele.
— Acho que tudo aconteceu como tinha que ser.
Wuxian  começou a se afastar, mas se virou para trás.
— Ah... e eu te dei meu número para combinarmos um almoço. É claro que agora não posso sair com você.
— É claro. — Sorri. — A propósito, você nem é meu tipo.
Wuxian estreitou os olhos.
— E qual é o seu tipo?
— O tipo que não é um pé no saco. Tenha um bom dia, sr. Wei.
(.....)

𝑻𝑶𝑻𝑨𝑳𝑴𝑬𝑵𝑻𝑬 𝑰𝑵𝑨𝑫𝑬𝑸𝑼𝑨𝑫𝑶Onde histórias criam vida. Descubra agora