Ecos do Passado

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 Ao contrário do transporte dos ômegas para o acampamento, onde foram confinados em jaulas como animais selvagens, a jornada até o castelo todos foram acomodados em liteiras com as janelas cobertas por um tecido de tule vermelho.

Cada liteira era compartilhada por dois ômegas, oferecendo um pouco mais de conforto, embora ainda estivessem apertados demais para o conforto de ambos.

No entanto, Jungkook desviava dessa convenção; ele ocupava uma liteira inteira, enquanto o general Park cavalgava ao seu lado, segurando a guia em seu pescoço. Era uma demonstração clara de propriedade, uma afirmação do controle do general sobre ele.

Apesar dos esforços para soltar a guia, Jungkook se viu lutando com um complicado gatilho, seus movimentos acabando por chamar a atenção do general. Com um único puxão, ele fez Jungkook se curvar para fora da janela da liteira.

Por sorte, Jungkook conseguiu agarrar-se à janela, seus olhos lançando fagulhas na direção do alfa montado no cavalo ao seu lado, enquanto este retornava o olhar com uma expressão desafiadora.

Jungkook bufou e retornou à sua posição, cruzando os braços sobre o peito e franzindo os lábios, desviando o olhar para longe, ignorando a paisagem que se desenrolava do lado de fora. Se ao menos prestasse um pouco de atenção, o ômega reconheceria a floresta que envolvia o Reino de FroostWood.

Enquanto isso, o general Park notou o mau-humor de Jungkook e sorriu levemente para si. Seus olhos capturaram as torres distantes do castelo, com as bandeirolas dançando ao vento. No entanto, esse breve sorriso logo desapareceu, substituído por uma expressão sombria.

Internamente, repetia uma frase como um mantra em sua cabeça, "lembre-se a razão pela qual sempre precisa retornar para este lugar."

Foi somente ao passar por uma antiga estátua de lobo, agora sem cabeça, que Jungkook percebeu estarem se aproximando da ponte que conduzia ao Reino de FroostWood. Nesse momento, o ômega começou a observar atentamente cada pequeno arbusto ao redor da estrada, evocando memórias de um tempo que ele sabia jamais retornariam.

Seu olhar melancólico se fixou nas imponentes torres do castelo à distância, e uma dor aguda perfurou sua alma ao notar que as bandeiras não mais ostentavam o azul-cobalto com o emblema de um galho de abeto prateado, o símbolo real de seu clã. Em vez disso, eram vermelhas, adornadas com uma pata de leão dourada.

Jungkook descobriu que o significado por trás do símbolo do clã de seu inimigo, simbolizava o poder tátil e a força da poderosa besta. Bem como agilidade, destreza e a capacidade de deixar uma marca indelével, servindo como um lembrete de ousadia duradoura onde quer que fosse. Embora para Jungkook, era algo muito honrável para alguém que usava de métodos tão bárbaros.

Quando a tropa avançou sobre a ponte, Jungkook avistou algo que não existia quando vivia ali: um rastrilho. Uma porta deslizante de treliça ergueu-se quando os soldados pararam em frente a ela. Havia duas no total, feitas de madeira, com estancas que após baixadas, se fincavam no chão.

Ao passar por elas, as portas se abaixaram. Enquanto caminhavam pelo trajeto de pedras em direção ao castelo, Jungkook percebia como o vilarejo ao redor havia expandido. As edificações não eram mais feitas de madeira, mas sim de pedra, como o próprio castelo.

O ômega supôs que isso era para evitar que durante um ataque as portas fossem incendiadas, tumultuando e dificultando o reconhecimento dos invasores pelos soldados. No entanto, seu antigo povo parecia não se preocupar nem se revoltar ao ver o general e sua tropa passando. Muitos até os saudavam, curvando-se em respeito, enquanto crianças corriam ao lado, sorrindo e chamando o nome do general, que parecia ser por todos, muito querido.

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