Royalty

Entre Sombras e Segredos

Diferentemente do que havia planejado, Jeon Jungkook não se retirou imediatamente para seus aposentos em busca de descanso. Em vez disso, dirigiu-se diretamente à sala do trono. Ao chegar lá, ignorou a imponente cadeira real em favor dos degraus que levavam até ela.

A coroa em sua cabeça pesava como chumbo, enquanto o peso do mundo parecia repousar sobre seus ombros. Num gesto inesperado, ele a retirou, juntamente com o manto real, lembrando-se de quem os usara antes dele. Essa simples ação pareceu libertá-lo brevemente do fardo de seu atual compromisso.

Descansando os cotovelos nos joelhos, Jungkook deixou a cabeça pender sobre as mãos, vencido pelo cansaço. Como poderia exercer tamanho poder sem o apoio do povo? Que tipo de lealdade era essa que demonstravam ao antigo rei? Por mais que assumisse a coroa, ainda se sentia vazio. Por mais que retornasse ao seu reino natal, sentia-se como um estranho.

Essas perguntas inundavam sua mente, trazendo consigo um sentimento de impotência. E não bastasse isso, ele estava frustrado por não ter conseguido se vingar de seu algoz.

Permaneceu na mesma posição quando Hoseok, Namjoon e Yoongi entraram na sala. Eles haviam vindo para discutir questões sobre o antigo rei Jeon com Jungkook, mas ao vê-lo naquela postura derrotada, decidiram adiar o assunto.

Hoseok, sempre leal e sábio, foi o primeiro a se aproximar do rei, sentando-se a seu lado e colocando uma mão reconfortante em seu ombro.

— Majestade, o que o aflige? — perguntou ele.

— Por que me odeiam? Será que realmente acreditam que um ômega não pode governar tão bem quanto um alfa? — Jungkook murmurou.

Hoseok suspirou antes de responder, com compreensão: — É uma mudança brusca para eles, majestade. Precisam de tempo para se acostumar.

— Mas quanto tempo, Hobi? Sou o filho do antigo rei, Jeon Doyun, o monarca amado por todos. Onde está a lealdade que o clã Jeon costumava ter? Será que morreu naquela noite, ou era apenas uma farsa? Era para esse povo que meu pai tanto se esforçava? — Jungkook indagou, com olhos aflitos voltados para seu conselheiro.

Hoseok queria revelar tudo o que sabia, mas ao ver a expressão devastada do rei, soube que não era o momento. Namjoon aproximou-se e, agachando-se, pousou a mão no joelho de Jungkook, oferecendo-lhe um pequeno sorriso.

— Foram dez anos longe, majestade. Tempo suficiente para as rodas do destino girarem. Muita coisa mudou. Adaptar-se a um novo governo não é algo que todos desejam. Às vezes, é mais fácil permanecer na conformidade do que aceitar mudanças.

— Eu só quero continuar o legado de meu pai... ser tão grande quanto ele foi. — Jungkook disse, encarando o chão.

— Por que ser apenas igual a ele, quando pode ser melhor? — Yoongi interpelou, ao se aproximar. — Não deseje ser igual ao seu pai, majestade. Deseje ser melhor. Somente assim conquistará o respeito do povo.

Jungkook dirigiu seu olhar para os três alfas que sempre estiveram ao seu lado, percebendo a tensão que ocultavam. Mesmo assim, sorriu, concordando com um aceno de cabeça antes de falar:

— De fato, posso superar os governantes anteriores. Mas tenho um pedido a fazer.

— E o que seria? — indagou Hoseok, com um sorriso ameno.

— Peçam que façam uma nova coroa e um novo manto para mim. Não quero usar nada que tenha estado em contato com aquele verme repugnante.

— Vou providenciar isso imediatamente, majestade. — disse Namjoon, levantando-se, seguido pelo outro alfa.

— Yoongi, reúna alguns homens e vá buscar os ômegas em Luorim. Hoseok, faça os preparativos para arrumar o antigo aposento real, pois preciso de um descanso. Quando Jieun retornar, peça-lhe que faça uma lista das pessoas em quem podemos confiar para trabalhar no castelo, sei que a intuição nesses assuntos nunca falha. Namjoon, depois, quero que analise os registros contábeis do castelo. E Yoongi, quando voltarem, certifiquem-se de conversar com os soldados que estavam presos. Se estiverem dispostos a servir, receberão perdão e serão integrados à guarda real.