O Coração do Abismo

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 — Majestade, não devias dar ouvidos ao que aquela velha bruxa lhe falou. — disse Bogum, quebrando o silêncio enquanto os três faziam o caminho de volta.

— Bogum está certo, majestade. Devo concordar que o que ela disse não passam de palavras sem sentido... — reforçou o general Kim.

No entanto, Jimin não os respondeu. Seus pensamentos estavam presos nas últimas palavras daquela anciã.

Além disso, ele não conseguia afastar a preocupação de que aquela gravidez poderia lhe tirar Jungkook. Sentia-se culpado por ter engravidado o ômega. Ele deveria saber que um ômega jamais conseguiria levar adiante uma gravidez, sendo o pai do filho um lúpus.

Talvez fosse por isso que restavam tão poucos lúpus no mundo. Ômegas lúpus eram ainda mais raros. No entanto, ele ainda tinha esperanças, visto que os Jeon eram os parentes mais próximos dessa quase extinta classe.

Os dois alfas que caminhavam atrás dele apenas observavam suas costas tensas e o silêncio ensurdecedor que os cercava, trocando olhares de vez em quando. Quando chegaram ao local onde haviam deixado os cavalos, Jimin não demorou em desamarrar as rédeas do seu e montar. Só então se virou para os dois e disse:

— Quando chegarmos ao castelo, avisem que o rei convocou uma reunião com urgência. — foi tudo o que o alfa disse antes de incitar seu cavalo em um galope ligeiro.

Namjoon e Bogum se apressaram em montar seus cavalos e seguiram atrás do monarca, que parecia descontar sua frustração na corrida de volta. No entanto, Jimin apenas desejava chegar ao castelo o quanto antes, correr até seus aposentos e segurar seu ômega em seus braços.

— Eu não vou perdê-lo, Jungkook. Esperei muito tempo para tê-lo para perdê-lo agora que o tenho. — o alfa sussurrava para si mesmo, enquanto o vento agitava seus cabelos.

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— Como anda a segurança ao redor do castelo? — a voz de JeongMin soou firme.

— As entradas pelos túneis de esgoto agora possuem grades de ferro forjado que impedem a passagem. Ainda há patrulhas de soldados vasculhando as áreas em torno do castelo, e as duas entradas possuem vigias que estão vistoriando cada caravana que chega ao reino. — respondeu InGuk com precisão. 

— E os aliados que tínhamos na vila? — o antigo monarca perguntou, sua expressão denotando irritação crescente.

— Creio, majestade, que todos agora apoiam e seguem o general Park. — InGuk voltou a responder cautelosamente.

— Bando de traidores! — JeongMin bateu o punho contra a mesa de madeira. — Continuem procurando formas de adentrarmos o castelo sem sermos notados. Eu quero recuperar a minha coroa!

— Sim, majestade. — o guarda disse, fazendo uma reverência antes de acenar para os outros três que ali estavam. Juntos, deixaram os aposentos do antigo monarca.

— Eu vou retomar o que me pertence! — JongHyun disse entre dentes, olhando a floresta além das janelas.

Ele havia lutado para conseguir colocar as mãos naquela coroa e possuir aquele reino, e não seria agora que ele iria desistir. Se ele não pudesse reinar em FrostWood, ninguém mais o faria. 

Nem que, para isso, precisasse atear fogo em cada uma daquelas árvores que rodeavam o castelo, fazendo-o ruir em meio às chamas.

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O inverno havia chegado, mostrando a todos o quão rigoroso seria.

Jungkook, embora há muito tempo ausente de suas tarefas reais devido ao avanço de sua gravidez, mesmo de seu quarto procurava assegurar que todos os servos do castelo estivessem devidamente agasalhados para suportarem suas tarefas sem serem acometidos pelo frio.

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