“emocionante passeio de amor”
2 anos atrás
O grande letreiro com luzes neons piscando anunciava a chegada dos dois semideuses no parque Aqualand. Uma grande cerca rodeava o lugar sendo a única entrada pelas catracas de ferro à frente de onde os dois estavam. O uivo frio do vento deixava todo aquele lugar ainda mais sinistro do que já era, fazendo com que a garota de fios avermelhados batesse freneticamente a ponta dos dedos contra o jeans de sua calça.
Pandora não gostou nem um pouco daquele lugar. Talvez pela aura de perigo que corria por ali, talvez pelo silêncio e desenhos bizarros nos brinquedos ou talvez pela sensação de que mais alguém também estava ali com eles. Trocou um olhar tenso com o filho de Hermes, mantendo um diálogo silencioso com o outro que também parecia notar a energia estranha daquele lugar. Mesmo com uma sensação interna dizendo para não entrasse ali, o garoto moveu a cabeça indicando que tudo iria dar certo e rodou metade da catraca de ferro.
— Pare! — a ruiva exclamou encarando a serra acima da cabeça do outro.
— Mas que merda!
Pandora se aproximou rapidamente da estrutura, analisando cada detalhe até encontrar algo útil para desligar a máquina. Ela deveria saber que seu pai colocaria uma armadilha como aquela justo na entrada de seu parque, mas estava tão imersa em seus pensamentos que sequer notou esse detalhe.
— Deve ter algo que desligue. — murmurou consigo mesma. — Uau, quantas engrenagens.
— Pandora Evangeline! — o garoto chamou a atenção da outra.
A semideusa sacudiu a cabeça ao escutar seu nome do meio ser chamado - coisa que só acontecia quando o outro estava muito nervoso - voltando sua atenção a engrenagem que desligaria aquilo antes que um picadinho de semideus fosse feito. Um riso desacreditado escapou de sua garganta no momento em que entendeu o padrão daquela criação, se perguntando o que inseguro e paranóico seu progenitor era pra construir algo como aquilo.
— Empurre a catraca. — mandou encarando o filho de Hermes que hiperventilava sem mover um músculo.
— Ficou louca? — esbravejou. — Está vendo essas serras aqui? Se eu continuar a empurrar essa droga eles vão me partir ao meio.
— Luke. Empurre a catraca. — repetiu. — Confie em mim.
O garoto suspirou pesadamente segurando as barras de ferro com força antes de novamente fazê-la girar. Um ofego aliviado escapou de seus lábios assim que atravessou para o outro lado sem nenhum arranhão ou membro arrancado. Pandora seguiu os passos do outro e também atravessou pelas barras de ferro giratória vendo a serra descer até uma altura calculada e depois retornar a sua posição inicial.
— Tudo isso apenas para saber quando alguém entra no parquinho dele?
— Ele parece ser bem possessivo com os brinquedos dele. — zombou encarando o lugar.
Ambos os semideuses encararam as diversas opções de atrações cobertas de poeira e musgo pela quantidade de tempo que estavam abandonadas. Caminharam com passos cautelosos por entre os brinquedos, os olhos curiosos vagando por todas as coisas que não tiveram a oportunidade de aproveitar na infância e adolescentes no mundo humano com a surpresa estampada nas iris.
— Seria legal ir em um lugar desse com quem você gosta. — comentou o filho de Hermes.
— Desde que não estivesse nas mesmas condições que este aqui, eu acredito que sim. — zombou torcendo o nariz para uma poça de água verde.
Luke deixou uma risada curta escapar enquanto pulava para dentro de uma barraca de ursinhos de pelúcia. Mellark franziu as sobrancelhas em confusão vendo o garoto se aproximar com um dragão de pelúcia de olhos verdes e escamas negras. Um sorriso ladino curvava seus lábios no momento que o bicho foi estendido na direção da garota de fios ruivos.