• PRÓLOGO •

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'me chamo Pandora'

5 anos atrás

O barulho baixo do fogo crepitando era o único som que preenchia a cabana de madeira na noite fria que se estendia. A garota de fios avermelhados encarava as chamas consumindo os galhos secos com lentidão enquanto escutava sua mãe caminhando em círculos. A mais velha murmurava coisas consigo mesma sobre estar na hora e que aquilo era necessário fazendo uma nuvem de perguntas se formar sobre a cabeça da filha que apenas a escutava de longe.

Pandora girava de forma distraída entre os dedos uma das muitas bombinhas caseiras que tivera feito horas mais cedo. A mesma sempre teve um fascínio por construir ou concertar coisas do qual não conseguia explicar. Ela gostava de conectar as peças e ver o que aquilo iria formar e como funcionaria depois, era reconfortante poder estar no controle sobre algo em sua vida, algo que ela sabia que iria funcionar da maneira que ela desejasse.

Emma respirou fundo enquanto se aproximava da filha fazendo a atenção da outra recair sobre si. Levou a mão até os cachos ruivos da garota acariciando os mesmos com delicadeza ao mesmo tempo que sorria de forma reconfortante para a mais nova.

- Nós temos que ir. - sussurrou.

Pandora franziu as sobrancelhas em confusão com a fala de sua mãe e recolheu as bolinhas explosivas que estavam espalhadas pelo chão.

- Ir? Para onde?

- Se lembra das histórias que eu te contei durante toda sua infância?

Toda aquela conversa estava tomando um rumo muito estranho ao ver da garota de cabelos avermelhados.

- Não são apenas histórias. Aqueles monstros, os deuses, todos existem.

- Mãe, isso é loucura. - negou rapidamente.

- Eu sei. Eu sei que parece loucura, meu amor. Mas você tem que acreditar em mim. Você não está segura aqui fora.

A cada frase Pandora sacudia a cabeça em negação. Aquelas informações todas, aquilo era demais, mesmo para sua cabeça brilhante.

- Eu tentei adiar esse momento o máximo que eu pude. Mas agora eu não posso mais fazer isso sem colocar você em risco.

- Mãe, por favor. - pediu chorosa. - Você está me assustando falando assim.

Emma sorriu lutando para segurar as lágrimas que brilhavam em seus olhos claros. Puxou rapidamente a filha a apertando em um abraço cheio de significado enquanto sentia o cheiro que ela emanava como se fosse a última vez.

- Eu te amo tanto, minha pequena gênia.

Sem dar tempo para a mais nova reagir, a Mellark mais velha agarrou a mochila gasta no canto da sala a enchendo com mais alguns suprimentos e objetos da filha. Em questão de segundos Pandora já estava sentada no banco do passageiro da picape vermelha enquanto assistia sua mãe dar a volta rapidamente e se sentar atrás do volante.

O tempo estava esquisito do lado de fora. Já se passavam das sete da noite e uma neblina densa cobria parte da estrada dificultando a visão. O céu brilhava com os relâmpagos que cortavam as nuvens iluminando parcialmente os arredores por míseros segundos. A garota batia os dedos sobre o joelho inquieta repassando mentalmente tudo que lhe fora dito nos minutos passados enquanto tentava reconhecer o caminho que sua mãe fazia com tanta pressa.

- Meu pai é um deus?

O questionamento mesmo que já fosse esperado ainda pegou a mais velha desprevenida fazendo com que ela acertasse uma lixeira no meio do caminho.

BORN TO DIE - luke castellan Onde histórias criam vida. Descubra agora