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‘vamos falar sobre Cronos’

Quando os olhos de Pandora se abriram de forma automática no meio da madrugada, ela já tinha uma breve ideia do motivo de ter sido despertada daquela forma. A garota se levantou do chão frio lentamente, esperando até que se acostumasse com a completa escuridão ao seu redor. Não havia portas, móveis, janelas ou qualquer sinal de luz. Apenas a mais pura escuridão.

Nenhum som além de sua própria respiração era escutado naquele ambiente, mas apesar da completamente falta de evidências de uma companhia, ela tinha a plena certeza de que não estava sozinha ali. Uma energia maligna e raivosa ecoava de todos os lados, um clima pesado e tenso tomava conta de tudo, fazendo a ruiva abraçar o próprio corpo enquanto dava passos em direção a escuridão. Pandora não sentia medo daquilo. Estava familiarizada o suficiente para simplesmente esperar até que seu visitante se pronunciasse sem sequer se deixar consumir pela aura enlouquecedora que aquele lugar emanava.

— Ainda me surpreende que você não esteja tremendo de medo e nem sucumbindo a tudo isso, pequena semideusa. — a voz rouca e fria ditou.

— Já deveria saber que eu não temo muitas coisas, vovô. — retrucou sem nenhum humor.

— Seu namorado por outro lado por pouco não se pôs de joelhos para mim.

— Não fale de Luke. — advertiu, a feição mudando no mesmo segundo. — Ele fez a parte dele, deixe-o em paz.

O senhor do tempo deixou uma risada debochada ecoar pelo grande vazio, finalmente se materializando das sombras em frente a filha de Hefesto. Mesmo que tivesse milhares de anos de idade, o velho titã por algum motivo sempre escolhia se apresentar num corpo um tanto jovem e bem conservado. Um homem de aproximadamente quarenta anos, com barba bem feita, cabelos escuros e olhos tão negros quando a escuridão que os rodeava.

— Não se preocupe criança, não vou tocar nele.

A Mellark arqueou as sobrancelhas em desconfiança, cruzando os braços enquanto encarava fixamente a figura a sua frente.

— O que quer dessa vez? — questionou de uma vez, desejando que aquilo acabasse logo.

— Atualizações. — ditou, cruzando as mãos atrás do corpo. — Como está indo o plano?

— Como planejado. O garoto não desconfia de nada. Ares vai fazê-lo levar o raio de uma forma que ele nunca irá descobrir.

— Ótimo.

Outra vez o silêncio gélido se apossou dos arredores. Pandora sentia que tinha algo a mais a ser dito pelo titã, mas que por algum motivo ele estava perdendo tempo com enrolação.

— O que mais tem a dizer, senhor?

— Me espanta o quão esperta você consegue ser, criança. — comentou com um tom vago. — Mas de fato, tem algo a mais.

— Certo, então?

— Eu quero um novo recruta. Gregor Ragnar, estive em seus pesadelos algumas vezes, sussurrando algumas coisas úteis, ele será promissor para o que virá.

— Gregor? Está certo disso, senhor?

— Está discordando do meu julgamento, criança?

A filha de Hefesto teve que morder a língua para não dizer que sim, ela estava discordando do julgamento do velho Cronos. Por que Gregor? Já tinham recrutas, por mais inúteis e idiotas que fossem, eles serviriam de algo para os planos do titã.

BORN TO DIE - luke castellan Onde histórias criam vida. Descubra agora