— Estou um pouquinho bêbado.
Castiel sentiu que precisava avisar assim que entrava pela porta da Vila, passando pela estátua de Julieta com Brandon segurando sua mão em um aperto firme, o braço entrelaçado no seu.
— Eu sei. Tudo bem. Eu te ajudo. — ele olhou pra cima rapidamente antes de voltar seus olhos para Cas que dava passos hesitantes, temendo cair. — É aquela? Atrás de nós?
Castiel de início não entendeu ao que se referia, mas quando Brandon o girou para que olhasse a famosa sacada de Julieta, ele sorriu.
— Sim. É lá que Giulietta clama por seu Romeu. — sussurrou, os olhos fixos lá em cima, enquanto Brandon o observava.
— O que ela diz mesmo?
— Você vai rir. — Castiel repreendeu, sorrindo tímido.
— Não, não vou. — ele avisou, o vendo abaixar a cabeça antes que sussurrasse. — Prometo.
Castiel então respirou fundo, seus olhos viajando para cima, como se pudesse ver a cena completa diante de si.
— "Romeu, Romeu... Por que és tu Romeu? Renega teu pai e recusa teu nome. Mas, se não for possível, jura ao menos que amor me tens..."
Entretanto, dessa vez havia algo diferente. Não era como quando leu para seus alunos, ou até mesmo sozinho em sua casa. Dessa vez ele se sentia mergulhado naquilo, mas de outra maneira. Como se estivesse vivenciando aquilo.
Seria possível um amor que fosse tão grande, tão puro e sincero que mesmo parecendo tão impossível, fizesse alguém se sentir assim? Contente apenas em saber que é recíproco, mesmo, talvez, não podendo vivê-lo?
— Lydia? — Dean a chamou, interrompendo algum assunto em que ela reclamava de Verona, mas sinceramente ele não prestava atenção. — Estou farto.
— E o meu tiramisú?
— Não. — ele se ajeitou na cadeira quando viu que não foi claro o suficiente. — Estou farto. — explicou, apontando a mão entre eles dois, finalizando com um sorriso quase orgulhoso.
Lydia começou a rir, o batom vermelho destacando ainda mais seus dentes brancos. Dean a acompanhou na risada, mas depois de mais algumas o rosto dela se transformou, entendendo que não era piada.
— Espere, está falando sério? — ela arregalou os olhos.
— Sim. Sinto muito. — ele respondeu, percebendo que talvez não começou da melhor maneira possível. Mas, bom... ele estava farto.
— Não, eu que sinto. Como é? Está terminando comigo? — apontou as unhas vermelhas no mesmo tom de seu batom para si, e Dean entortou a boca em concordância.
— É chocante, eu sei.
— Não faz sentido. Nunca terá outra como eu, Dean.
— Essa é a questão.
Ela parou, balbuciando enquanto parecia pensar. E então, um sorriso nervoso se formou.
— Direi que a decisão foi minha. Que eu decidi terminar.
— Sim, claro. Quem duvidaria?
— Que me cansei de você e queria alguém mais estimulante! — ela sorria, imaginando o roteiro perfeito.
— Meu trabalho não tinha futuro. E eu estava infeliz o tempo todo! — Dean incentivava, arregalando os olhos e sorrindo lhe dando mais idéias.
— Isso é bom. — apontou.
— Precisa de mais motivos? Tenho vários.
— Não. Pode deixar comigo agora, obrigada.
Ele sorriu, respirando fundo como se literalmente tivesse acabado de retirar um peso de seus ombros. Um silêncio se formou enquanto ainda se fitavam.
— Então, o que vai fazer agora? — ela questionou, curiosa.
— Pensei em comprar um pedaço de terra em algum lugar da Toscana. — respondeu finalmente animado em algo, após tanto tempo. Seu sorriso ia de canto a canto. — Fazer vinho. Perder meu dinheiro e ser feliz ao menos uma vez.
Lydia retirou com cuidado a aliança que enfeitava seu dedo, depositando na mesa no espaço entre eles.
— Boa sorte, Dean. — desejou baixinho. Colocou suas duas mãos no braço dele ao que ele pegava o anel. — Vai precisar.
Dean então colocou a mão sobre a dela, a olhando nos olhos.
Mas não durou mais de meio segundo.
— Beleza, tchau! — abriu o mesmo sorriso enorme de antes e deu um leve tapinha em seu ombro, como faria entre amigos.
Ele se levantou da cadeira e literalmente correu até a saída do restaurante, deixando Lydia paralisada com a ação.
— Castiel? — Brandon chamou, fazendo Castiel descer seus olhos que permaneceram admirando a sacada.
E quando desceram, seus pés deram um passo para trás ao ver Brandon ajoelhado em frente a ele, uma caixinha de veludo aberta e os olhos esperançosos.
Ele observou o anel brilhante, piscando algumas vezes e respirando fundo para absorver a situação.
Brandon estava ali, de joelhos e preparado para se casar com ele. Era tudo que ele esperou por anos. Tudo o que queria. Certo?
Ao mesmo tempo, Dean vinha correndo pelas ruas de Verona, agradecendo mentalmente pelo restaurante não ser tão distante da Villa. Apesar disso, ele freou assim que virou a esquina, vendo a rua repleta de gatos nos dois lados da calçada e no centro também.
Puxou o nó de sua gravata, uma expressão quase bruta de tão decidido ao que desafrouxava o nó, jogando a gravata pelo ar.
— Malditos gatos idiotas.
Ele sorriu, balançando os dois lados de seu paletó até então perfeitamente engomado e se impulsionando para voltar a correr, passando em velocidade pela barreira de gatos.
— Castiel Novak, quer se casar comigo? — Brandon fez a pergunta, mirando com carinho os olhos azuis surpresos e brilhantes acima de si.
E então Dean chegou.
Viu de longe a cena, parando sua corrida em pequenos tropeços. A testa franzida e os braços caídos ao lado do corpo quando seu cérebro entendeu o que estava acontecendo ali.
Observou Brandon retirar o anel da caixinha, pegando a mão esquerda do moreno que, assim que teve seu dedo anelar coberto pela jóia, a levantou na altura de seu rosto para admirar os detalhes, tombando a cabeça enquanto Brandon sorria.
Sentia seu coração batendo forte e se forçou a acreditar que era apenas devido a corrida. Piscou algumas vezes, engolindo em seco ao que cambaleava, virando as costas e indo embora sem olhar para trás.
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Amor em Verona • Destiel
RomanceCastiel tem um sonho: fazer uma viagem incrível para Verona. Mas, chegando lá, descobre que a casa que reservou também foi alugada para outra pessoa. Agora, terá que passar as férias com um britânico cético e muito atraente.