Sorria porque acabou.

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— Brandon? — Cas chamou, seus olhos ainda fixos em como a jóia ficava em sua mão.

— Sim, Castiel? — respondeu com o sorriso enorme.

Finalmente voltou a encará-lo, semicerrando seus olhos.

— Acha que sou estranho?

— O quê?

— Tudo bem se achar. Todos são estranhos à sua maneira. Só precisa achar alguém cuja estranheza combine com a sua. — Castiel sorriu e Brandon poderia ter certeza que ele ainda estava bêbado, mas na verdade aquela pergunta era de extrema importância e seriedade para o moreno.

— Claro.

— Entende?

— Sim. — fez questão de concordar, mas logo sorriu, negando com a cabeça. – Não. Desculpe, Castiel. — ele finalmente se pôs de pé, segurando a mesma mão que havia colocado a aliança. — Não faço idéia do que está falando.

— Sim. — Castiel o mirou, seus olhos entregando um certo lamento ao mesmo tempo que, em contradição, entregavam paz. — Eu sei.

Ele esfregou seus dedos um no outro, deixando a aliança cair na palma da mão de Brandon, que antes segurava a sua.

— Achei que era isso que você queria.

Castiel tinha as sobrancelhas franzidas, seus olhos agora firmes, e respirava fundo. Uma parte dentro de si completamente surpreendida, talvez até mais do que Brandon, por se sentir tão certo do que estava fazendo.

— Eu também.

— Não... O que eu fiz?

— Você não fez nada. — Castiel deixou escapar um sorriso, sendo realmente sincero. — Fui eu.

Ele deixou um último sorriso doce para Brandon, que segurava quase perdido a aliança abandonada em seus dedos antes de vê-lo ir embora, deixando o toque dele em seus braços antes de se afastar em uma despedida silenciosa.

[...]

Em seu último dia em Verona, Castiel finalizava suas últimas atrações turísticas, lendo a placa antes de se apoiar no corrimão de metal para descer os degraus da escada enfeitada por velas, formando uma luz amarela pelo lugar.

"Um túmulo? Não, uma lanterna...
Pois Julieta se acha deitada aí, e sua formosura faz desta abóbada uma sala régia, transbordante de luz."

Ele estava sozinho ali, e quando chegou mais perto pôde sentir as lágrimas insistindo em sair. Mesmo sendo um túmulo, um lugar de luto e pesar, ele estranhamente conseguiu sentir leveza. Como se o ar entrasse mais facilmente em seus pulmões. Em silêncio, assentiu com a cabeça, como se avisasse a alguém, ou a si próprio, que sim, havia entendido.

Aquilo era como uma mensagem.

Romeu e Julieta não puderam aproveitar do amor que tinham um pelo outro nessa vida, mas, de certa forma, viveram. Viveram da forma mais bela, verdadeira e forte que poderia ter existido. E durou o tempo que pôde.

Foi bom pelo tempo que pôde.

[...]

— Brandon? — Lydia retirou seu óculos escuro, colocando sobre a mesa em que tomava seu vinho branco quando viu o homem familiar interromper seus passos, parecendo a reconhecer antes que ela o fizesse. — OMG!

— Oi! — ele sorriu, abrindo seus braços para apertá-la em um abraço quando a mesma se levantou.

— Como vai? E o Castiel?

— Terminamos.

Os olhos dela se arregalaram de imediato.

— É sério?

— Fica ainda melhor. Eu o pedi em casamento ontem à noite, e ele me deu o fora. Perguntou se eu achava que ele era estranho. — fez uma careta, a vendo olhar para o chão, parecendo pensar. — Então, devo ser a pessoa mais patética de Verona.

— Bem, aposta aceita. — ela levantou a mão esquerda, agora vazia.

Quando notou, ele cobriu os lábios com a mão, sorrindo de nervoso.

— Está brincando!

— Que Cidade do Amor... ironizou, mantendo o sorriso.

— Como o Dean dispensa alguém como você?

— Pois é! Sou muita areia para o caminhão dele!

— Você é uma carga preciosa! — ele gesticulou, chocado. Os dois trocaram risadas antes de Lydia se acanhar um pouco, mas logo se recompondo.

— Estou tomando algo antes de ir para o aeroporto. Não quer me acompanhar?

— Sim. — balbuciou, surpreso com o convite. — Sim, eu adoraria.

— Ótimo.

Ela voltou à sua cadeira e ele sentou em frente à ela.

— Sabe o que dizem: "Não chore porque aconteceu. Sorria porque acabou."

Brandon tentou entender o sentido da frase, mas acabou apenas concordando em silêncio, balançando a cabeça e sorrindo.

— Sì, signori? — a garçonete chegou para anotar seu pedido.

— Dois proseccos, por favor. — ele pediu, totalmente orgulhoso disso.

Lydia rapidamente murchou. Brandon olhou para ela novamente, se sentindo o máximo, e ela forçou um sorriso.

[...]

Dean nunca foi de turistar pela cidade de Verona, e isso não era segredo para ninguém. Em todos esses anos, sempre permaneceu na Villa e na Vinitaly, e apenas isso.

Mas quando percebeu, lá estava ele, em frente a fonte em que havia ido com Castiel naquela noite. E, mais estranho ainda, foi quando retirou uma moeda de seu bolso, a segurando apenas por um instante antes de jogá-la nas águas da fonte.

— Dean!

Ciao, Silvio! — o britânico sorriu ao ver o italiano se aproximar e puxá-lo em um abraço.

Come stai? (Como está?)

O senhor de uma forma quase paterna segurou nos cantos de seu rosto, o sorriso grande e simpático quando se afastou alguns passos.

Allora, (Então), como foi sua estadia em La Villa Romantica este ano?

Dean entreabriu seus lábios, a resposta acabando por ser mais difícil do que imaginava. Com um suspiro e palavras não ditas, acabou por resumir.

— Magnífica.

— Eu te disse, o destino... — riu cúmplice.

— É... — Dean meneou a cabeça, tendo que explicar e ver o sorriso de Silvio se transformar em confusão. — Receio que não. O namorado do Castiel veio para a cidade ontem e, à noite, virou seu noivo.

Dean tentou manter a firmeza em sua voz, mas terminou de contar abaixando seu rosto por um momento.

— Sinto muito.

— Sim.

— O que fará agora? — Silvio perguntou e dessa vez foi o loiro quem ficou confuso, levantando o olhar em questionamento.

— Como assim?

— Dean, não aprendeu nada em La Villa Romantica? L'amore trova una via!

Batendo de leve em seu ombro, ele lhe lançou uma piscadela, o deixando envolto em seus próprios questionamentos.

Amor em Verona • DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora