Me Despeço

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A sensação de ter sido esmagada por um caminhão alcançou minha cabeça quando lembro ter começado a cobrar os sentidos, quase tão igual quanto estar de ressaca, ou pior.

ㅡ Ela acordou. ㅡ Ouço uma voz familiar, logo em seguida sentindo um aperto em meu braço. ㅡ Diana, consegue me ouvir?

ㅡ Infelizmente sim. Por que estão falando tão alto?

Abro meus olhos, encontrando Joel, Rick e mais uma figura do lado de fora da tenda que não consigo ver direito por conta da iluminação fraca. Parece que já anoiteceu.

Aos poucos raciocínio a situação, me lembrando exatamente do que aconteceu antes de eu apagar.

ㅡ Cadê o Shane? ㅡ Levanto meu torço, quase batendo a testa na de Miller.

ㅡ Calma, você deve ficar tonta ainda. ㅡ Dito e feito.

ㅡ O que aconteceu depois? ㅡ Me direcionei ao meu irmão, que logo de aprontou em se agachar e suspirar.

ㅡ Não importa agora. ㅡ Ele alcança meu olhar, interrompendo quando eu iria iniciar uma fala. ㅡ Deixe de ser teimosa e me escute. Diana, quero que descanse essa noite, amanhã eu e você vamos conversar e entrar em um consenso, juntos. Estou cansado de não ter meu maior apoio do meu lado.

Sorrimos fechado juntos, pois é isso que devemos ser: uma dupla, uma equipe. Normalmente, depois de discordarmos e ficarmos sem nos falar, era resolvido com bolo de cenoura, pizza e Friends. Mas, dessa vez, só temos a nós mesmos e nossos respeitos mútuos, em um momento que mais precisamos um do outro.

Aviso para que ele não se preocupe e que, dessa vez, deixarei tudo nas mãos dele. Confio no meu irmão inteiramente, mais do que poderia confiar em qualquer outro ser humano, mesmo que o seu senso crítico não me agrade atualmente, Rick ainda é o mesmo homem que faz de tudo por quem ama e jamais arriscaria nossas vidas.

E minha maior preocupação agora não é ele, mas sim a pessoa que ele mantém ao lado e o chama de melhor amigo.

Todavia, ele se retira, levando Joel com ele. Mas antes, Rick me avisa que o garoto voltou com nós e que ele tem um plano. "Vai dar tudo certo." Foi o que ele disse.

Me deito confortável no saco de dormir, aproveitando aqueles cinco segundos de paz antes de me lembrar da outra figura do lado de fora, a mesma ainda estava ali, mas não tinha seus olhos à minha vista.

ㅡ Se vai ficar aí parado, é melhor ir embora, Dixon.

ㅡ Vai se ferrar. ㅡ Ele finalmente entra, se sentando em um banquinho, longe de mim.

ㅡ Então, te deixaram como minha babá, foi? ㅡ Sorrio, mas logo desmancho ao ver seus dedos. ㅡ O que você andou fazendo?

Aponto com os olhos para o sangue marcado no punho fechado. Daryl percebe para o que eu estava direcionando, escondendo de mim como se isso fosse adiantar para eu não seguir com a pergunta.

ㅡ Só tive uma conversinha com o garoto. ㅡ Ele evita de me olhar.

ㅡ Você o matou?

ㅡ Acha que sou capaz disso?

ㅡ Não sei. É?

Com a última fala, viro o rosto em sua direção, vendo que ele já fazia o mesmo para mim. Daryl Dixon é como um enigma em aberto onde tenho quase a certeza que não pode ser aberto por apenas uma chave e um código de segurança. Acredito que esteja mais para um caixote perdido em um deserto, sozinho e assustado, apenas esperando para ser encontrado e girado a manivela com cautela.

ㅡ Você não confia em mim. ㅡ Ele afirma, me pegando desprevenida, mas não surpresa.

Não respondo, pois sei que sua fala já foi dita como fato atual. Fiquei o encarando por mais um tempo incontável, até que peguei a coberta e me virei, longe de seu olhar confuso e perdido; já havia o suficiente em mim. Depois disso, ouço uma movimentação e consigo saber que ele está saindo, mas, por algum motivo, não gostei de Daryl estar fazendo isso.

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