Capítulo XIV

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Tyler me olhava nervoso com o que ia falar.
- Tyler?
Falo tirando ele de seu transe causado pelo nervosismo.
- Que?
- Fala o que você queria dizer sobre nosso pai!

Digo já sem paciência, os pedidos chegam na mesa, começo a comer olhando para ele.

- Bem eu queria dizer que... Que eu te odiei por muito tempo...
- E ainda odeia!
Falo o interrompendo.
- Você quer que eu fale ou não?
- Fala!
Digo com tédio, e encho minha boca de salada.
- Voltando...Eu te odiei por muito tempo, pois meu pai só me visitava algumas vezes por ano, as visitas dele eram cinco vezes em um ano, ele ficava lá em casa por três dias... Todas as viagens ele sempre discutia com minha mãe, a respeito da minha criação, era muito complicado... Eu sempre perguntava a ele o por que de ele não ficar muito tempo comigo, mas ele sempre dizia que eram viagens de trabalho e eu não acreditava óbvio... Quando eu fiz dezessete anos ele me revelou que tinha uma meia irmã em São Paulo, ele me contou tudo, tudo mesmo, eu fiquei com pena de você, mas logo passou quando minha mãe me disse que ele passava o ano todo com você e só algumas vezes comigo, a pena virou ódio, até hoje... Quando meu pai morreu no acidente, eu me envolvi em várias coisas ruins... No enterro dele eu tava lá, eu não sabia quem era você e nem você a mim, mas logo nos conhecemos naquele beco inútil que fez nos encontrar novamente! E é isso eu te odeio!
Disse Tyler calmamente.

Não sabia que Tyler havia sofrido com tudo... Ele tem razões ótimas para me odiar, já que eu tive o meu pai o tempo todo do meu lado e ele só algumas vezes...

- Eu sinto muito, eu não sabia de nada... Eu nem sabia que eu tinha um meio irmão...
Eu nem sei o que vou falar para o Tyler, isso é muito confuso para nós!
- Você me perdoa?
Pergunta Tyler. Olho para ele, fico vendo sua expressão serena.
- Perdão por ter me enganado com o nome Tony? Por eu ter pensado que eu tinha um amigo de verdade?
Pergunto seca.
- Não precisa passar na minha cara tá! Eu sei que errei, eu te enganei, mas pow nós somos irmãos! Não podemos passar o tempo todo com essa magoa!
- Tá... Você me convenceu, te perdoou Tony!
Digo seca, Tyler dar um sorriso vitorioso, ele ia dizer algo mas seu celular toca.
- Alô?
Diz Tyler ainda com o sorriso bobo nos lábios, mas logo seu rosto fica mais pálido do que o normal.
- Não!
Tyler desliga o celular com raiva.
- Precisamos ir!
Fala seco.
- Mas...
- Vivianne vamos!
Fala nervoso.

Tyler coloca o dinheiro na mesa e me puxa pelo braço em direção ao carro.
Puxo meu braço e entro no carro, Tyler logo da partida rapidamente.
- Por que você fez aquele show?
Pergunto com raiva.
- Dar para me deixar em paz!
- Eu só quero saber o por que de você ficar nervoso de repente!
Tyler respirou fundo.
- São alguns problemas meu, tá legal?
Fala calmamente.
- Que problemas?
Pergunto atrás de respostas claras.
- são problemas meus, que eu não quero que você saiba, são meus problemas.
Fala rapidamente.

Ia perguntar o por que de ele não querer que eu saiba de seus problemas, mas percebi que ele estava muito nervoso. E deixei para lá as perguntas que martelavam em minha cabeça.

Ligo o rádio para tirar a tensão do ar. Percebo que Tyler dirigi o carro todo tenso, mas ao delongo da viagem ele foi se acalmando.

Olho para a estrada e percebo que já chegamos, saiu do carro e Tyler já sai na maior velocidade deixando uma nevoa de poeira no ar.

Eu hein...

Entro em casa com minhas sacolas, - e meu, digamos presentinho do Adam! - Vejo minha tia falando no telefone com alguém.

Subo as escadas quase morrendo e entro no quarto, arrumo as coisas e guardo com todo o cuidado do mundo a pulseira de pérolas no porta jóias.

Coloco o porta jóia em cima da cama e começo a ver as minhas joias, até que encontro uma corrente de ouro com um pingente de coração que o Rick me deu quando nós fizemos cinco meses de namoro, abro o coração e vejo que em um dos lados a foto de meus pais e a outra parte a foto do Rick. Lágrimas começam a fluir desesperadamente, lembro quando o Rick me deu, e eu "coloquei" a foto deles, as joias mais preciosas da minha vida que eram meus pais, e o amor da minha vida que era o meu Rick.

Cicatrizes da RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora