Tocaia

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Sarocha Chankinha era mais teimosa do que uma mula.
Quando seu parceiro não levou sua teoria a sério, Freen transformou aquilo numa cruzada.
Dali em diante, a morena ocupou seu tempo livre com tocaias à embaixada e pesquisas online.
Pedindo um favor a um amigo do FBI, a policial de 26 anos conseguiu os dados de todas as pessoas que trabalhavam ou moravam na mansão do embaixador.
Ao analisar cuidadosamente tais perfis, a jovem de cabelos escuros concluiu que seu suspeito era mesmo uma mulher.
E mais precisamente, Rebecca Armstrong, a filha de Robin Armstrong.
Dali em diante, se a morena precisava trabalhar, deixava algum informante vigiando a garota de dupla nacionalidade.
Após três semanas dormindo pouco e vivendo à base de miojo para focar na misteriosa milionária, Freen deu sorte.
A jovem de cabelos castanhos saiu da embaixada depois da meia-noite.
De tocaia no seu carro velho de guerra, branco e reformado dezenas de vezes, morena seguiu a mais nova enquanto mantinha boa distância.
Rebecca estava muito bem vestida ao entrar num táxi de alta qualidade.
Passaram-se 45 minutos até a filha do embaixador descer do veículo.
O taxista a deixou num prédio residencial e Freen batalhou contra sua mente ansiosa por 15 minutos.
Quando a policial decidiu entrar no prédio para questionar o porteiro, a jovem de corpo esbelto apareceu na calçada trajando preto novamente.
Um homem chegou de moto e lhe entregou a chave e o capacete.
Num movimento premeditado, Freen dirigiu para o fim da rua ao invés de esperar e ser notada seguindo a moto.
Pelo retrovisor, ela acompanhou a bela garota de cabelos castanhos virar para a esquerda.
Mais uma vez, seus conhecimentos do mapa da cidade foram úteis.
Freen pensou rápido e pegou um atalho.
Por uns cinco minutos, a policial acreditou que tinha feito a escolha errada.
Até que ela ouviu o motor de uma moto e confirmou que a milionária estava acima da velocidade.
Deixou uns cinco carros entra ela e a outra e a seguiu atentamente por dois bairros.
Quando a anglo-tailandesa entrou num beco deserto, a policial dirigiu até a rua de trás e consultou o Google Maps.
"O que tem nos arredores? Hmmm... Uma galeria de arte e uma joalheria. Essa doida parece ter interesse em arte. Vou arriscar."__ A morena resmungou para si.
A policial trancou o carro após checar sua arma e enfiar o celular no bolso de trás da calça.
Caminhou por uns 5 minutos e viu a entrada principal da galeria.
" Ela com certeza vai usar a porta traseira. "__ Freen calculou.
Ela olhou para o andar de cima e notou uma sombra passando pela janela.
__ Essa filha da puta já entrou. Que porra de riquinha é essa que rouba arte?__ A Tailandesa resmungou.
Para sua surpresa, alguém acendeu a luz daquele andar.
Chankinha pegou o celular e filmou a silhueta da filha do embaixador.
Depois, correu para a rua de trás, pulou o muro e verificou a tranca da porta.
" Hm... Ela tem o código de segurança. Alguém deve ter lhe vendido informação. Ou simplesmente facilitado para ela."
A policial se escondeu num ponto onde poderia filmar a saída da suspeita.
Dez minutos depois, aquele corpo esguio apareceu.
Rebecca estava usando uma máscara. Mas Freen conseguia ver seus cabelos e uma pequena parte dos olhos e nariz.
A milionária digitou o código de segurança e correu para pegar impulso antes de pular o muro.
Ao se dar conta de que esquecera de respirar, a jovem de 26 anos esperou uns dois minutos antes de pular o muro com sacrifício.
Ouvindo o som do motor da moto a certa distância, a morena correu para o carro e arriscou que a anglo-tailandesa estivesse indo para casa.
Mais uma vez, o poder de dedução da policial estava certo.
Ela precisou dirigir por 30 minutos antes de avistar a motoqueira misteriosa pegando a avenida principal.
Dessa vez, Freen manteve ainda mais distância, pois a filha do embaixador diminuíra a velocidade.
Vinte minutos mais tarde, a jovem rica largou a moto numa rua deserta e caminhou meio quarteirão.
Sarocha filmou Rebecca largando a moto e lhe deu 5 minutos de vantagem antes de voltar a seguí-la
A mais velha errou ao pensar que a jovem de dupla nacionalidade fosse entrar pela frente da embaixada.
Entretanto, ainda deu tempo dela filmar a linda garota se livrando da máscara e escalando o muro lateral.

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__ Chankimha, que porra você tem na cabeça? Por que diabos a filha de um embaixador iria sair por aí roubando museu e galeria de arte? __ O delegado quase babou de ódio.
Com os ombros encolhidos, a policial falou baixo:
__ Não sei, senhor. Por isso lhe pedi que investiguemos.
O homem de seus 60 anos sacudiu a cabeça e rosnou:
__ Quer foder com minha aposentadoria, garota? Não se brinca com um embaixador. O cara é estrangeiro, de família real. Fora os milhões.
__ Senhor, eu a vi no local do crime. Tenho imagens. E ainda a flagrei entrando na embaixada como uma criminosa.__ A jovem de 26 anos explicou de forma passional.
Respirando fundo, o delegado demonstrou pesar.
__ Você não é e jamais será seu pai, Chankimha. Sua carreira existe em respeito a ele. Isso vai dar merda. E se me prejudicar...
Outro policial bateu na porta do escritório do chefe e avisou:
__ A tal filha do embaixador tá na sala de interrogatório falando com o Saint. Ela e o advogado do pai.
O homem de meia-idade acariciou a barriga enquanto olhava para a sua subordinada.
__ Que caralho, Chankimha! Já até sei o que o advogado vai falar: prova circunstancial. E ele estará coberto de razão. Por que pediu ao Saint para interrogar a moça?
Dando de ombros, a morena murmurou:
__ É o único no departamento que ao menos me escuta.
__ Observe ser a última vez que ele faz isso.
O delegado bufou de novo e a expulsou da sala.
Heng a viu no corredor e a arrastou para a sala de monitoramento de interrogatório.
__ Dessa vez, você ultrapassou os limites da loucura, Chankimha. Devia ter continuado coçando seu saco imaginário ao invés de armar esse circo. __ O parceiro resmungou.
__ Verdade. Alguém devia coçar o saco, já que você não tem.
Franzindo a testa, o jovem alto caiu na pilha.
__ Vai tomar no cu, cara!
__ Pensei que era seu passatempo. __ Freen respondeu calmamente antes de escolher a câmera com zoom no rosto da filha do embaixador.
Heng suspirou e comentou:
__ Mulher linda da porra! Só aqueles brincos devem valer mais que um apartamento no centro.
__ Rica e doida. Não pode ser por dinheiro que ela anda roubando.
O amigo riu e replicou:
__ Sua mente fanfiqueira não para nem num momento sério como esse.
Freen fez sinal para que o parceiro calasse a boca e ligou o botão do áudio.
Rebecca sorriu sarcasticamente ao dizer:
__ Me parece que tenho uma stalker. Notei uma mulher meio masculina nos arredores da minha casa num dia desses. Sinceramente, não precisaria justificar minha vida privada. Sim, escapuli da embaixada umas duas ou três vezes. Gosto de sair com homens que não são aceitos por meu pai. Faço uma estripulia aqui e ali. É o que tenho a comentar. Provem que cometi algum crime. Não colaborarei com fantasias.
O advogado avisou que seu escritório entraria com uma ação de abuso por parte da polícia e o delegado chegou para propor um acordo.
A linda jovem de dupla nacionalidade sorriu e o interrompeu.
__ Nada que ofereça me interessa. Só há um modo de nós não prestarmos queixa.
Temeroso, o homem de seus 60 anos perguntou timidamente.
Rebecca soltou uma risada irônica e olhou para a câmera.
__ Demita aquela mulher que me seguiu por razão alguma. As ruas não estão seguras com gente maluca como ela.
__ Senhorita Armstrong... __ O delegado tentou argumentar.
A jovem de cabelos castanhos levantou o queixo petulantemente e reforçou:
__ Ou ela paga por esse assédio moral, ou toda a corporação será alvo da imprensa e passará por uma grande investigação. A polícia não está acima da lei.
Heng assobiou e olhou para amiga.
__ Cara, eu te avisei tanto...

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