Chave de cadeia

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Freen já trabalhava para a princesa por 8 meses.
A charmosa jovem de cabelos escuros comprou um apartamento porque não se sentia a vontade morando no palácio.
Às vezes, ficava na construção real por dias seguidos por praticidade. Mas sempre dava um jeito de voltar ao seu território.
Naquela quarta-feira chuvosa, a própria Lady Apsara a deixara ir.
A nobre receberia a visita dos pais e do irmão e não havia perigo dentro do palácio.
Chankimha passou pelo portão principal e caminhou em direção oposta para chegar ao ponto de ônibus no próximo quarteirão.
Ouviu uma buzina de carro e se virou.
Heng vinha dirigindo um veículo desconhecido pela morena.
O policial parou no acostamento e sorriu para a amiga.
__ Que coincidência, cabeção? Faz tempo que não te vejo.__ A jovem de 27 anos brincou.
Dando de ombros, o cara replicou:
__ Não é coincidência, sapatão. Preciso de você.
A guarda-costas sentiu que o ex parceiro de ronda estava extremamente preocupado apesar de provocá-la daquela maneira.
__ O que houve, Heng?
Após um suspiro alto, o policial contou:
__ A sua ex amiguinha, a filha do embaixador, está presa. E dessa vez, sem fiança.
Freen fechou a cara resmungou:
__ Não é problema meu. Ela tem pai e advogados.
O policial saiu do carro e segurou no ombro da amiga.
__ Acho que armaram pra ela, Freen. Acusada de ser cúmplice de assassinato. O delegado não me deixou seguir a investigação. Tá um clima estranho por lá. E eu tô com aquela sensação na boca do estômago. Igual você tinha quando desconfiava de algo.
A mulher de 27 anos sacudiu a cabeça e bufou.
__Que caralho, Heng! Eu não precisava disso na minha vida. Inferno!
__ Foi mal... É que só confio em você.__ O cara baixou os olhos.
Mordendo o canto da boca, a morena disse:
__ Colete todo tipo de evidência que tiver e me mande urgentemente. Não use computadores ou servidor da delegacia.
Heng abriu um sorriso e exclamou:
__ Valeu, Freen ky! Você é o cara!
__ Ha ha, palhaço! Sou melhor que qualquer cara. __ A guarda-costas deu um tapa na cabeça do amigo, que riu alto.
Ele apertou a mão da ex parceira de trabalho e pediu:
__ Tome cuidado. Preciso da sua ajuda, mas não quero que se machuque.
__ Fique esperto também. Não toque mais no assunto no departamento.__ A jovem de cabelos escuros recomendou e seguiu seu caminho.
Freen não queria pensar em Rebecca. Porém, seu coração estava apertado.
"Aquela filhinha de papai não mataria uma mosca. Imagino com quem se meteu para estar passando por isso."__ Freen debateu consigo mesma enquanto entrava num ônibus.
Horas mais tarde, a guarda-costas estava lendo o relatório e os arquivos enviados por seu amigo.
Algo não se encaixava naquela narrativa e a morena franziu testa até doer.
Ela passou a noite em claro enquanto estudava cada evidência.
Por mais que tivesse mágoa da filha do embaixador, Chankimha não queria que ela fosse parar numa penitenciaria por una mentira.

__ x __

A princesa notou a aparência exausta de sua funcionária e perguntou se Freen estava com problemas.
Como não apreciava mentiras, a morena confidenciou à nobre que precisava ajudar alguém em apuros e isso tomaria um pouco de seu tempo.
Generosa, a mais velha não questionou mais nada.
Lady Apsara ofereceu a Freen duas semanas de férias antecipadas. Porém, a ex policial garantiu que 3 dias seriam mais do que suficientes.
A Tailandesa não queria arriscar que Rebecca fosse enviada para um local que a traumatizaria para toda a vida.
Aproveitando os contatos que fez com o FBI na época em que trabalhou para o Senhor Armstrong, Chankimha ligou para um perito em Washington para ele averiguar partes das evidências.
A morena também falou com um funcionário do governo que devia favores ao embaixador e conseguiu ajuda para burlar algumas regras e ter acesso a dados do médico legista e dos peritos que analisaram o local do crime.
Freen não pregou os olhos por 48 horas, o que lhe causou uma enxaqueca violenta e um desmaio em seu apartamento.
Quando despertou, a dona do Meow sentiu um peso em seu peito e viu que o gato a usou como cama.
A mulher de 27 anos alimentou seu animal, tomou um banho rápido e teve uma epifania.
Depois de usar todo seu poder de persuasão, a guarda-costas conseguiu gravações das câmeras no quarteirão do local do crime durante 10 horas antes e depois do assassinato.
O advogado dos Armstrong se mostrou chocado e aliviado quando a ex policial compartilhou todas as provas.
Entretanto, ele perdeu o entusiasmo ao se dar conta de que não poderiam usar tais materiais em um tribunal.
Confiante, Freen explicou:
__ Só precisamos ressaltar diante do delegado e do promotor público que há corrupção nesse caso. Como ficam a polícia e sistema judicial se a sociedade tailandesa perder a confiança em seus profissionais?
O homem recobrou o brilho nos olhos e exclamou:
__ Você é boa, garota! Vou ligar para o promotor agora e pedir que me encontre na delegacia.
__ Irei com o senhor. Essa investigação partiu de um colega meu. E também quero assistir isso de camarote.__ Chankimha afirmou.
Após uns segundos de hesitação, o homem concordou e pegou o celular.
Ela também achou melhor avisar ao amigo que estava a caminho.
Duas horas depois, o promotor do caso estava sentado ao lado do advogado dos Armstrong e em frente ao delegado.
Heng e Freen precisaram aguardar no cubículo dele.
Estavam tão tensos que mal trocaram duas palavras durante os 40 minutos em que os poderosos mediram suas pirocas simbolicamente.
Então o promotor se retirou com uma cara de mau-humor e o delegado gritou o nome de um policial jovem.
O advogado manteve uma expressão neutra até que a morena caminhou até ele no corredor.
__ Senhorita Armstrong será posta em liberdade e seu registro criminal será apagado.
__ Bom trabalho, doutor. Adeus.__ A guarda-costas murmurou e se virou para ir embora.
O homem de meia-idade replicou:
__ Quem fez um bom trabalho foi você, senhorita Chankimha. E seu amigo aqui.
__ Verdade, Freen ka. Obrigado.__ O policial sorriu e deu um tapinha nas costas dela.
A mulher de olhos castanhos sorriu e caminhou para fora do prédio.
Freen tinha estacionado o carro do outro lado da rua e esperou o semáforo abrir para pedestres.
Quando ia dar o primeiro passo, sentiu o toque quente da mão da designer em seu ombro.
__ Freen, meu advogado disse que você me salvou da prisão. Obrigada.__ A anglo-tailandesa disse num tom terno.
A mais alta empurrou a mão da outra e declarou:
__ Heng não acreditou que você tivesse cometido o crime. Agradeça a ele e pare de causar dor de cabeça e stress para as pessoas.
Magoada, Rebecca exclamou:
__ Ei, pare de ser injusta! Eu não fiz nada!
Chankimha deu de ombros e pontuou:
__ Dessa vez. Não fez nada agora. Mas tudo isso é consequência dos seus atos no passado. Você não passa de uma chave de cadeia. Sua energia caótica só pode trazer problema e decepção para qualquer pessoa que respire no mesmo ambiente. Pense no seu pai, pirralha. Ele merece uma filha decente.
A garota de 23 anos tentou engolir o choro. Porem as lágrimas saltaram de seus olhos intensamente.
__ Desculpe pelo transtorno. E mesmo que não aceite, obrigada pela ajuda.__ A voz da designer falhou e ela virou de costas.
Por instinto, Freen queria ir atrás para cuidar, consolar e proteger a filha do senador.
Todavia, a morena atravessou a rua, entrou no carro e dirigiu para o seu prédio.
O plano era voltar a trabalhar após um longo banho. Entretanto, a guarda-costas estava para baixo e ligou para a princesa e pediu mais um dia de folga.
Mais tarde, ela convidou a Nam para almoçar no apartamento dela e as amigas passaram o dia juntas.
A dona do bordel sabia que a mais nova não estava bem. Porém, Freen continuava fechada como um cofre e era difícil abordar certos temas sem irritá-la.
Nam considerou que era melhor estar por perto para um apoio moral do que ser chutada para fora por perguntar demais.
No fim do dia, a ex policial deixou a mais velha em casa e dirigiu pela cidade a fim de espairecer.
Para seu desespero, Rebecca tinha se infiltrado em sua mente de tal forma que tudo a fazia pensar nela.
Frustrada, Chankimha entrou num bar e pediu uma garrafa de tequila.
Dois policiais a reconheceram e ligaram para Heng.
Meia hora depois, o cara alto sentou ao lado da ex parceira de trabalho.
__ Estamos bebendo por qual razão, Chankimha?
De rabo de olho, a bela mulher de 27 anos resmungou:
__ Não me lembro de ter te convidado.
__ Eu pago metade da garrafa. Está bem assim?__ O amigo sorriu.
A morena pediu mais um copo para o barman e replicou:
__ Tire o escorpião do bolso e pague outra garrafa.
Dando de ombros, o policial propôs:
__ Tudo bem. Desde que concorde que nenhum dos dois vai dirigir hoje.
__ Óbvio, cabeção!
Heng tomou uma dose da tequila antes de perguntar:
__ Problema com mulheres, sapatão?
__ Vai oferecer conselhos, bambu? Qual foi a última vez que pegou uma mulher? Ah, é. Nunca.__ A guarda-costas provocou.
Os dois trocaram um olhar inquisidor e caíram na gargalhada.

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