Rebecca viu Freen cruzando o corredor da delegacia e esperou para tripudiar da policial.
O advogado informou ao delegado:
__ Minha cliente quer ver a justiça sendo feita, senhor.
O homem de meia-idade olhou para a filha do amigo com um misto de sentimentos.
Ciente do que estava por vir, a jovem de cabelos escuros deu uma ajeitada nos óculos de grau e parou em frente ao grupo.
__ Chankimha, Ms. Armstrong foi generosa em não prestar queixas contra o departamento. Entretanto, seu comportamento abusivo não me deixa escolha além de demiti-la. Me entregue sua arma e distintivo imediatamente.
Sem alterar sua expressão facial, Freen enfiou a mão no bolso de sua camisa de botão para pegar o distintivo e em seguida, tirou o cinto tático e o coldre.
__ Aqui, senhor. Vou esvaziar meu armário.
Sorrindo sarcasticamente, Rebecca perguntou:
__ Satisfeita, fancha? Me pergunto o que uma pessoa sem classe e presença como você fará da vida agora. E o que te levou a fantasiar que poderia cruzar o caminho de uma descendente de nobres ingleses. Olha pra você! Não sabe nem se vestir. Que horrenda essa calça 5 números maiores que o seu e essa blusa que macho executivo usa. Não vou nem mencionar esses óculos de nerd.
A Tailandesa encarou a mais nova. E por alguns segundos, Rebecca temeu que fosse tomar um soco.
__ Não espero nada de pessoas vazias, preconceituosas, que pensam que dinheiro as tornam invencíveis. Com licença.
__ Sua... __ A filha do embaixador trincou os dentes. Mas o advogado se despediu do delegado e a arrastou para fora do local.
Heng e alguns colegas seguiram a morena até o vestiário e demonstraram incredulidade.
Disseram que iriam protestar. Contudo, Freen sorriu e pediu que se comportassem.
Ela agradeceu por todo aprendizado e companheirismo e saiu do prédio.
Seu carro branco e velho estava estacionado do outro lado da rua.
Após carregar a caixa com seus pertences e colocá-la no banco de traz, a jovem de 26 anos se inclinou contra a porta da frente por um tempo enquanto se despedia da vizinhança.
Freen não sabia o que fazer dali em diante. Então ela dirigiu até o prostíbulo da amiga Nam.
A cafetina estranhou a presença da policial no seu prédio no meio da tarde.
__ O que tá rolando, Freen ka? São 3 da tarde. Olha, se alguém falou merda das minhas meninas, é mentira. Tá tudo sob controle aqui.
Com um sorriso forçado, a morena sacudiu a cabeça.
__ Relaxa, Nam. Eu to aqui como amiga. Agora nem posso investigar mais nada mesmo. Fui demitida.
A mais velha arregalou os olhos.
__ O queeeee? Como assim, garota? Tu é toda certinha. A maior cumpridora da lei. Por que descartariam alguém tão honesto?
A jovem de 26 anos deu de ombro e pegou uma cerveja no frigobar.
__ Nem tão certinha assim. Cometi um erro enquanto investigava uma pessoa importante. Ela usou do poder do pai e exigiu minha cabeça.
Nam ficou sem palavras por alguns minutos.
__ E o que vai fazer agora, querida?
__ Ainda não sei. Tenho algumas economias. Mas não dá para pagar aluguel e comer por muito tempo. Provavelmente terei que mudar para o interior.
A dona do bordel sacudiu a cabeça e sugeriu:
__ Não precisa disso. Vem trabalhar comigo.
A morena riu e deu um soquinho no braço da amiga.
__ Com todo respeito a você e suas meninas, não dá. Meu sonho era combater o crime, proteger a sociedade. Aqui rola muita coisa que vai contra meus princípios.
Nam piscou e brincou:
__ Que nada! É só se adaptar. Falando nisso, que tal passar uma noite com uma das meninas? Elas são bem cuidadas. Ninguém faz nada sem preservativo. Passam por exames todo mês.
Surpresa, Sarocha ficou muda por um tempo.
A mais velha se deu conta de seu ato falho e se desculpou:
__ Oh, meu bem. Foi mal. Acabei de presumir sua sexualidade. Me deixei levar por estereótipos. Por favor, me perdoe.
Freen abriu um sorriso mais natural dessa vez.
__ Tá tudo bem. Na verdade, não gasto muto tempo pensando nesse assunto. Sou quase uma virgenzona. Sabe como é. Meu pai era homofóbico e passei os últimos 8 anos focada em me tornar policial e depois, trabalhar. Só fiquei com uma garota, anos atrás. Acharia estranho dormir como uma profissional do sexo.
A cafetina abraçou a mais nova e afirmou:
__ Entendo perfeitamente. Mas Saro., você é gata gostosa. Pode conquistar qualquer mulher. Deveria sair mais vezes.
__ Deixa isso pra lá. Quem vai querer sair com uma desempregada?__ Freen riu.
Nam estava preocupada com a amiga. Porém, ela conhecia o tamanho do orgulho da Chankimha.
A ex policial ficou conversando com a dona do bordel por mais uma hora.
E então foi para casa, pois se sentia estranhamente cansada.
Ela morava num apartamento de um quarto, sala, cozinha e banheiro.
Seu gato Meow tinha sido resgatado de uma boca de fumo, onde passava fome.
Ao ser recebida pelo olhar curioso do bichano e um raro miado, a mulher de cabelos escuros suspirou.
__ É reconfortante ter você em minha vida, Meow. Não sei até quando posso bancar seu atum. Mas por enquanto, vamos curtir.
Após alimentar seu bicho de estimação, a morena tomou um banho e ligou a TV.
Sua cabeça estava a mil e não conseguia esquecer arrogância da filha do embaixador.__ x __
Rebecca tentou fugir de um jantar formal dado pela embaixada e foi impedida pela secretária de seu pai.
Após 3 longas horas de tédio e protocolos sendo seguidos, a jovem de 22 anos se aproveitou da distração da tal mulher e saiu de fininho.
Contudo, seu telefone vibrou e ela travou ao ver quem estava ligando.
__ Daddy, há quanto tempo! __ Fez piada ao atender.
__ Me encontre na biblioteca em 3 minutos, Rebecca. __ O britânico ordenou secamente e desligou.
A milionária riu e exclamou para si:
__ Credo! Está tão azedo que perdeu a educação.
Apesar de preferir evitar ouvir sermão do pai, a jovem de dupla nacionalidade sabia que não era prudente ignorar seu comando.
Cruzando o corredor, a jovem chegou ao destino em 2 minutos.
Seu progenitor veio pela outra porta e a encarou com a testa franzida.
__ Estou exausto por passar a mão na sua cabeça, Rebecca. Minha única herdeira desperdiça a vida tentando criar um escândalo para arruinar minha reputação.
__ Pai... __ A garota de cabelo castanho-claro tentou argumentar.
O embaixador levantou a mão para fazer com que ela se calasse.
Então prosseguiu:
__ Sei que anda se fazendo de espiã porque gosta da adrenalina. E de infringir a lei. Poderia ter deixado que fosse pega, mas meu instinto paterno falou mais alto.
A jovem de 22 anos riu e comentou:
__ Você me ama demais para deixar que me prendam, papi.
Furioso, o homem deu um tapa na escrivaninha.
__ Meu amor não é motivo de chacota, garota. Cansei! De hoje em diante, fará o que considero certo para sua vida. As últimas escolhas que lhe dou: ou se casa com o homem que eu determinar. Ou será monitorada por alguém de minha confiança.
Levemente chocada, a designer perguntou:
__ E se eu não aceitar tal destino?
Robin suspirou antes de dizer de forma definitiva:
__ Será deserdada. E falo sério. Nada de dinheiro, carros, roupas. NADA que eu tenha pago sairá da minha casa. Apenas você. E onde vai morar ou como vai pagar por seu alimento não será problema meu.
A linda jovem arregalou os olhos e protestou:
__ Mas pai, não tenho uma carreira tão estável. Impossível eu sobreviver sem sua ajuda.
Sorrindo com sarcasmo, o embaixador perguntou:
__ Então, Rebecca? Como vai ser? Qual será sua escolha?
A anglo-tailandesa estalou os dedos em sinal de stress.
__ Não posso casar, pai. Só tenho 22 anos.
__ Estou esperando por uma decisão. Não adianta argumentar.
Rebecca virou os olhos e bufou antes de falar:
__ Fazer o que, né? Não tenho condição de me adaptar a vida de pobre. E casamento está fora de cogitação. Então só me resta a babá, né? Quem vai ser essa praga?
__ Você será informada na hora certa. Agora vá para seu quarto e não ouse escapulir da embaixada. Ou estará na rua para sempre ao tentar voltar. __ O pai engrossou a voz.
A designer caminhou até a porta com cara de poucos amigos.
O senhor Armstrong ligou para o advogado e conseguiu a informação que queria.
Cinco minutos depois, ele saiu acompanhado de seu segurança mais antigo.
Um pouco surpreso pela facilidade em entrar naquele prédio cujo endereço havia solicitado mais cedo, o britânico bateu na porta do apartamento 508.
Uma jovem de cabelos escuros desgrenhados trajando uma cueca samba canção e uma camiseta branca.
__ Em que posso ajudar? __ Freen parecia confusa.
Ruborizando, o senhor Armstrong cobriu os olhos.
__ Erm... Boa noite, senhorita Chankimha. Teria um minuto? Espero você se vestir.
Franzindo a testa, a ex policial riu e abriu caminho para o estranho.
__ Pode entrar. Não tenho nada para ser levado mesmo. E o senhor não me parece um criminoso.
Ainda envergonhado, o embaixador pediu que seu guarda-costas esperasse no corredor.
Ele entrou no apartamento e disse de modo humilde:
__ Me perdoe por vir sem convite. Meu nome é Robin Armstrong.
A tailandesa não escondeu sua surpresa.
__ Embaixador Armstrong. Sua filha não está satisfeita com minha demissão? O que mais querem de mim?
O homem demonstrou desconforto antes de responder.
__ Quero que você trabalhe para mim. Sei que sua demissão não foi justa. E preciso de sua ajuda.
__ O quê? Com o perdão da minha falta de classe, mas... Que porra é essa?__ Freen gritou com o embaixador britânico.
Sem saber bem como agir, o homem de cabelo branco pediu:
__ Posso me sentar? Eu vou lhe explicar toda a situação.
A morena hesitou antes de concordar com o que o pai de sua inimiga solicitou.
"Que caralho! Esses Armstrongs não vão me deixar em paz? Já não basta a filha ter virado minha vida de cabeça pra baixo?"__ A ex policial pensou enquanto observava seu gato pular no colo do britânico.
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Chave the cadeia
FanfictionFreen é uma policial com uma carreira medíocre. Rebecca é a filha encrenqueira de um homem influente. Quando se conhecem, a mais jovem causa a demissão da outra. A herdeira só não imagina que seu karma virá bem rápido. Elas são como água e óleo e a...