12 - DÚVIDA

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Saber entender os próprios sentimentos nos leva a não tomar atitudes que possam magoar quem sente algo por nós.

Buquês são flores mortas embaladas para alguém.

Não existe amor onde há dúvidas, mas existem respostas certas quando se ama de verdade.

Jeremias havia dito para Charles que o amava, mas agora, alguns dias depois do Halloween, ele já não tinha tanta certeza disso.

Claro que nada tinha a ver com sentimentos.

Seu mundo ainda girava mais lento quando ele via seu garoto se aproximar ou simplesmente existir na sua frente.

Aquela sensação de estar caindo de algo muito alto ainda existia todos os dias quando sua mente explodia ao ver o seu amado.

Mas ele sabia que amar alguém, agora, não fazia parte dos seus planos.

Essa segunda parte, o lado quebrado do amor, era algo que ele não sabia conversar com alguém, nem mesmo com quem ele já havia dito "eu te amo".

Foi assim que, com o tempo, todos os dias ele afirmava a mesma coisa a Charles. Entre folgas e trabalho, eles se beijavam entre os corredores quando dava, saíam quando havia tempo e Jeremias conseguia conciliar seus dias com Charles quando o mesmo se tornava sua prioridade.

— Mas você ama mesmo ele?

A pergunta de sua amiga de trabalho fazia barulho demais em sua mente, que não parava de pensar por um segundo.

Naquele dia, durante o intervalo, ele lembrou que Charles não estava ali.

As drogas de suas folgas ainda não eram as mesmas.

— Meu Deus... É claro que eu amo... — Ele respondeu, mordendo o sanduíche delicioso em suas mãos.

Por ele, teria mastigado aquilo por dias para não precisar falar mais nada que a sua mente apontasse como mentira.

— Não, Jeremias. — Bruna, a amiga simpática do casal de trabalho, foi sincera até demais naquele momento. — Você não o ama. Só gosta do que ele te faz sentir quando estão juntos.

Bom, talvez ela estivesse certa. Foi o que Jeremias pensou.

Mas era torturante demais ter que engolir o pão e a carne enquanto seus poucos minutos de intervalo passavam e talvez nem desse tempo de engolir a verdade que ele tinha acabado de ouvir.

Já se haviam passado vários dias em que sua família, trabalho, estudos e a tentativa de uma vida melhor estavam se tornando mais importantes do que amar.

Então, na manhã seguinte, ele estaria decidido e enviaria uma mensagem ao seu amado contando tudo o que estava sentindo...

Tudo feito. A noite passou. Antes de dormir, o que ele tinha para falar e viver estava decidido.

— Oi... Amado. — O áudio teria alguns segundos de silêncio, mas ele nem se importava com isso. Colocaria um ponto final e teria tempo para engolir o orgulho depois. — Precisamos sair. Vamos para uma praia bem longe daqui. Uns amigos, eu e você... A gente precisa conversar.

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