13 - CARRO

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Amores são como quebra-cabeças, onde vamos montando as peças. Às vezes, se tira alguma importante, mas nunca desistimos de montar, pois nenhuma delas é igual.

Um dia, com certeza, colocaremos a última peça, que terá certa forma ou cor. E então veremos, finalmente, a imagem do que queríamos ou sempre desejamos.

Mas falando em se encaixar, depois de horas de viagem para uma praia distante, Jeremias estava feliz em ver seu amado.

Ele tinha tanto para falar, mas toda vez que estava frente a frente com o nosso garoto, ele não tinha palavras, só sentimentos...

A cidade estava com um sol escaldante, a praia seria perfeita.

Gaibu e suas belezas, um belo cenário de romance adolescente.

— Amado, veja só... — Jeremias segurava a porta do carro de seu pai, enquanto já havia cinco pessoas lá dentro.

— Senta no colo de alguém!

Ele não parava de rir.

Era engraçado como Charles se contorcia enquanto se encaixava naquele pequeno espaço do automóvel.

Por fim, sua cabeça ficou dolorida contra o teto do veículo, mas eles seguiram viagem mesmo assim.

Cantaram, sorriram e Charles, como sempre, contou as melhores piadas.

Horas depois, estavam caminhando em um supermercado para comprarem a feirinha...

Claro, teriam bebidas alcoólicas nesse rolê.

— Mas quem foi que colocou vinho no carrinho?

Silêncio total.

Para que a gente consiga entender a quebra de expectativa é só imaginar que alguns momentos atrás Charles estava correndo com o carrinho de compras do supermercado.

Era literalmente um dos melhores dias da sua vida.

— Eu... — Seu amado respondeu. — Vinho é minha bebida favorita...

O silêncio, a resposta defensiva e tudo mais eram resultado do tom estranho que Jeremias havia usado.

Ele se sentiu pesado naquele instante.

Por que as coisas não se encaixavam?   
Ele nem ao menos conhecia o cara com quem estava namorando há meses!             

Droga...

Charles já estava calado e andando entre os corredores, enquanto lá fora, dessa vez, o sol não queria ir embora.

Seus amigos já haviam voltado a sorrir, brincar... Mas não davam mais gargalhadas das suas brincadeiras.

Ele havia mudado de humor, ficando calado e em silêncio, mesmo sabendo que Jeremias não gostava tanto quando ele estava assim.

Um toque em suas mãos e um olhar carinhoso antes de saírem com as compras foi o suficiente para que ele, pelo menos, imaginasse, agora que sentia o sol um pouco mais frio na pele, que a noite seria um pouco melhor.

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