28 - FOTOGRAFIA

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Todos somos um universo particular de ideias, as mesmas que somos viciados em compartilhar.

Em nossa mente, criamos a teoria ou a ilusão de que sempre haverá alguém vendo as mesmas estrelas e galáxias.

Quando, na verdade, existem pessoas onde o universo ainda nem teve sua explosão.

E daí, enquanto você vive em constelações e buracos negros, sua amizade, amor ou o que seja... Ainda nem mesmo começou a brilhar.

Jeremias e Charles andavam juntos nas ruas da cidade com seus amigos em volta depois de um dia cansativo de trabalho.

Em suas mentes, a paz e a alegria de estarem juntos dançavam sobre o sono que sentiam e tudo aquilo dava uma impressão e sensação de que estavam fora da realidade.

Às vezes paravam, sentavam em paradas de ônibus e estavam distantes. Até que um deles, quase sempre Charles, se aproximava e apoiava a cabeça do outro em seu ombro para lhe acariciar o cabelo e ouvir, de olhos fechados, os pássaros cantando sobre os prédios que já iam sendo clareados pelo leve nascer do sol. 

Aquele casal, juntos, era sempre motivo de alegria não só para eles, mas para seus amigos em volta.

Tinham o costume de sempre observarem os dois de mãos dadas, brincando, sorrindo e se amando com a maior liberdade que existia.

Um deles até os fotografava, o que Charles em si amava, pois sempre criava vídeos românticos com aquelas fotos para mostrar a Jeremias no outro dia como o amor dos dois era lindo e parava o tempo em meras imagens.

— São fotos lindas! — Charles falou, mostrando e passando o dedo na tela do celular. — Boas para chorar quando a gente não estiver mais juntos.

— Por que diz isso?

Eles já tinham chegado ao Marco Zero da cidade e estavam sentados contra o que seria em breve o nascer do sol.

Todo aquele espaço aberto e histórico era enorme e poético.

— Você acredita que estávamos realmente bem?

— Se estávamos? — Jeremias questionou.

— Sim. Tínhamos tanto o que conversar que acabamos embaralhando tudo o que planejamos.

— Sabe no que acredito? — Jeremias se deitou em seu colo e deixou que seu amado mergulhasse o dedo sobre os seus cachos. — Depois disso. Do que passamos nos últimos dias... Vamos conseguir enfrentar qualquer coisa!

Charles não quis questionar nem mesmo completar o que Jeremias tinha dito.

Mesmo que não houvesse confiança o suficiente para se sentir seguro, ele amava quando ouvia do seu amado esse tipo de afirmação, pois dali em diante, para sempre acreditaria no amor eterno entre os dois.

O rapaz, quando ouvia palavras tão belas e firmes vindo de alguém cansado e repousando sobre seu colo, acreditava de corpo e alma que dessa vez, nada mais os abalaria.

Passados alguns minutos, o sol nasceu e junto com ele a esperança de novos dias.

Mesmo que houvessem mais fotos daquele dia do que lembranças de beijos, Charles ficou feliz ao chegar em casa e conseguir produzir vários vídeos fofos e enviar ao seu amado que naquele instante já se preparava para descansar.

Enquanto rolava as imagens estáticas, as palavras de afirmação de que enfrentariam tudo juntos dessa vez e de forma mais madura não saíam de sua mente. Aquilo lhe passava segurança, tudo o que uma pessoa ansiosa precisa...

Ele realmente amava Jeremias, de todo o seu coração. E não passava em sua mente a ideia de perdê-lo. O sol não havia nascido somente para um novo dia, mas para um novo amor.

Uma nova oportunidade!

E nosso querido amado se regozijava na simples ideia de finalmente ser feliz.

Se agarrava na simples esperança de que dessa vez, o anoitecer demorasse um pouco mais para acontecer.

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