Edgar
Observo enquanto Elizabeth corre para de baixo das cobertas na falha tentativa de cobrir seu corpo que trajava uma pequena camisola azul.Ouço ela soltar uma lufada de ar enquanto se ajeita debaixo dos cobertores
- Já se passou um mês.
Eu sabia o que ela queria dizer e compartilhava da mesma agonia, mas por alguma razão meu pai vem protelando minha saída de casa, até mesmo Bruce está na casa do meu irmão mais velho e a desculpa é de que o cachorro está fazendo companhia a Natasha.
- Iremos amanhã.
Falei decidido e a garota se animou .
- Olha eu sei que pareço está te pressionando e eu realmente estou! Mas eu preciso de privacidade se é que me entende.
A garota estava olhando para o teto e os cobertores cobriam até seu pequeno queixo a deixando adorável.
- Não culpo você por isso, imagino que esteja se sentindo em uma série de tortura estando aqui.
Não tive muito tempo com Elizabeth, nosso maior contato tem sido no horário de dormir já que estamos dividindo o mesmo quarto, ela passa a maior parte do dia fugindo das criadas e das cobranças da minha mãe por um neto e a outra parte ela está com Natasha que está ensinando nossa língua para a mesma. Minha sobrinha de sete anos parece uma adulta comparada a Elizabeth.
- Na verdade não. -vi de canto que ela soltou um leve sorriso. - Apesar de ter tido uma mãe maravilhosa, eu não tive a experiência de ter uma família de verdade.
Seu olhar ficou vago e estranho.
- Como assim?
Ela respirou fundo e começou a falar.
- O meu pai não era meu pai de verdade, ele nem sabia.
- Sabe que não é necessário falar nada .
- Sim, mas acho que se vamos nos casar você precisa saber de certas coisas para não ter uma surpresa futura.- resolvi me calar e ela continuou. - Minha mãe é brasileira e foi para os Estados Unidos através de uma "amiga" em resumo uma garota preta e da favela achou uma grande oportunidade de mudar de vida na América, no final ela era o último perfil que faltava para uma coleção, haviam meninas de todos os tipos e ela era uma delas enfim ela percebeu que viver na favela não era tão ruim ela tinha uma família um pai que a adorava e apesar de todas as dificuldades ela estudou em uma boa escola e ia para a faculdade mas a sede em sair logo da pobreza a cegou.
Não precisa ser um gênio para saber que a mãe de Elizabeth foi enganada e levada pelo tráfico de mulheres e pelo jeito ela se tornou uma prostituta, já vi muitos casos assim até mesmo garotas russas vão atrás do green card* e acabam em um prostíbulo no submundo estadunidense, no tráfico de mulheres não existe preconceito ou racismo todas são tratadas por igual todas são mercadorias, todas tratadas como lixo e objeto de abuso.
- A permanência da sua mãe era falsa.
- Toda a vida dela era falsa, ela foi uma ótima mãe, acho que o remorso de ter abandonado a família a consumia só fiquei sabendo quando ela estava no hospital.
Me virei e olhei para a mulher ao meu lado , ela não parecia triste ou decepcionada, ela estava neutra.
- Sua mãe foi uma vítima assim como milhares de outras garotas.
- Sei disso. O homem que me criou por seis anos fugiu com a amante e eu o culpava e no fim minha mãe era amante de vários outros homens inclusive meu pai.
- Então sua mãe sabia o paradeiro do seu pai ?
- Ela foi amante dele por muitos anos mas não me disse nada sobre ele.
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Bruto - Fora Da Curva
ChickLitViu mamãe, essa foi minha última boa ação! Após abandonar tudo para cuidar da mãe, Elizabeth Clark se vê órfã e morando em um barraco no fim do subúrbio de Nova York. Será que sua mãe estava certa e boas ações realmente nós trazem recompensas boas? ...