Pétala 01 - O dia que eu não vivi...

124 10 114
                                    

Ciaossu!

Certo, certo... vamos começar com algumas explicações prévias. 

Essa história não é só minha, eu escrevo ela com a EJ-Star (vulgo, minha esposa) e até mesmo a postamos no perfil dela por um tempo, mas... hum, eu não sei bem como explicar direito, só que aconteceram algumas coisas e eu tive vontade de reescrevê-la do início, adicionando coisas, alterando detalhes e personagens - e aqui estamos, recomeçando tudo de novo.

Mas fé que agora vai até o final. Amém? Amém!

Bom, é isso.

Ciao Ciao...

=============

O que você define como realidade?

Eu assisti um filme, uma vez... Matrix, se não me engano... que levanta esse questionamento. Tem um personagem no filme que diz que "se a realidade for definida pelo que você pode ver, ouvir e cheirar, então ela não passa apenas de uma rede de sinapses que nosso cérebro interpreta com base no que nos cerca".

Pelo menos, foi assim que eu entendi, sabe?

Não precisa me julgar, faz muito tempo que eu assisti...

Bom, eu meio que concordo com isso.

Há dias que eu não sei o que é, de fato, real... anos, na verdade... Tipo, você já teve a sensação de não saber se está dormindo ou se está acordado? Já acordou de um pesadelo ou sonho que você jurava, com todas as suas forças, que era real?

Já te ocorreu acordar em sua cama depois de piscar os olhos, sem se lembrar do que aconteceu no seu dia e nem de como você foi parar ali?

Eu passo por isso todo dia. Alguns dias são melhores que os outros, outros nem tanto... acho que você deve entender isso. Meus dias nem sempre costumam ser normais, e, sim, é por causa do meu probleminha particular: as vozes que eu costumo ouvir na minha cabeça, às vezes... na verdade, na maior parte do tempo.

E isso é muito estranho, sabe? Eu já fui receitado com vários e vários tipos de remédios para "loucos" — tá, tá... esquizofrênicos, como preferir —, mas nenhum deles nunca realmente fez efeito em mim. Nenhum deles foi capaz de me consertar.

É um saco, entende? Mas, é, eu convivo com elas há quinze anos, então tive tempo o suficiente para aprender formas de ignorá-las, nem que só por um tempo. Apenas o suficiente para conseguir me focar nas aulas, ou pelo menos tentar.

Veja bem, eu também tive o azar de nascer com TDAH, então... é, eu me distraio muito fácil.

Mas, sabe, às vezes eu costumo entender o que elas dizem, as vozes... é quase como se... não sei, quase como se elas sofressem, como se elas estivessem agonizando... é estranho, porque se eu me concentrar em alguém eu meio que consigo... é como se a voz pertencesse a essa pessoa! Eu sei, é loucura. Mas... bom, é uma das coisas que eu consigo fazer.

Eu encaro e consigo dizer se alguém está sofrendo.

Exatamente como eu sei que você está sofrendo agora...

— ... en? Sr. O'Brien?

O mundo pareceu ganhar foco sob a perspectiva do rapaz quando, finalmente, a voz da dra. Renna, a psicóloga que trabalhava em seu colégio, o alcançou. Sob os olhos cansados do garoto, a expressão impaciente e julgadora dela lhe encaravam e, em resposta, ele apenas suspirou.

— Desculpe, eu... eu me distraí.

— Foi o que imaginei — disse com certa rispidez, como se estivesse lutando para se manter calma. Na verdade, ele sabia que era isso que ela estava fazendo. — Nós estávamos prestes a iniciar nossa consulta, então tente...

ZurielOnde histórias criam vida. Descubra agora