17   Um pau extremamente bruto

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Pov Nino

11:08

Cheguei em meu quarto pela janela, foi um esforço grande; estava tão cansado e com o corpo dolorido por conta que Adrien era muito bruto quando me tocava, me senti fraco por subir uma janela com tanta dificuldade, olhei para o quarto, estava completamente bagunçado e a porta aberta.

Engoli seco sabendo o que estava pra acontecer, não sabia que mamãe podia abrir a porta do quarto, me senti burro por não ter pensado antes de fazer uma coisa tão arriscada, todavia, não podia me esconder pela eternidade em meu quarto, olhei para o lugar que havia deixado meu telefone, não estava mais.

Minha mãe realmente tinha entrado, se fosse um dos meus irmãos, meu celular não iria desaparecer; meu pai também era impossível, ele nem dá as caras direito em casa, não se importa de verdade com o que fazemos ou deixamos de fazer, a vida dele é trabalho.

As mãos começaram a tremer mais, pensei em me jogar da janela e se não morrer iria correr atrás de Adrien novamente, não quero enfrentar minha mãe. É assustador a ideia de que qualquer coisa poderia acontecer, tinha tanto medo de ser machucado, tinha medo das coisas que ela faria.

Sabia muito bem que podia fechar a porta do quarto e fingir que não cheguei ainda, mas a possibilidade de entrar no quarto e me agredir era assustadora, deveria descer e inventar uma mentira para as coisas serem um pouco mais leves.

Não podia descer e falar: estava me encontrando com um homem com o dobro da minha idade e ele me tocou diversas vezes.

Apenas este pensamento me fez sentir nojo de mim próprio, me olho no espelho e decidi trocar as roupas, para mais casuais, estava parecendo uma puta daquela forma; logo troquei.

Minha respiração estava abafada e comecei a sair para fora e descer as escadas, imaginei que ela estivesse na sala assistindo programa, hoje era seu dia de férias do trabalho e tinha costume de ficar em casa, a cada degrau que pisava meu coração pulsava cada vez mais, torcia para ela não desconfiar ou coisas do tipo.

Entrei no ambiente devagar, não deixei de escutar a televisão ligada; comecei a andar, queria achar meus irmãos, tinha certeza que eles não estão em seu quarto; fazem muito barulho, iria escutar.

Pov Mariana

⏤ É você Nino? ⏤ voz adulta ecoou pelo ambiente. ⏤ Eu consigo reconhecer seus passos de ratos apenas escutando. ⏤ menti, só falei para aparentar ser ameaçadora, Lucas estava no escritório e Zane e Chris haviam saído; por isso a conclusão foi tão fácil.

Pov Nino

Comecei a me mostrar, andando pela sala, minha cabeça estava baixa e quero que a bronca acabe logo, o máximo possível; não esperava que ela fizesse tanta coisa além de socar meu rosto até o nariz sangrar, ela já havia feito isso algumas vezes. ⏤ Queria saber no que você estava pensando em sair à noite. ⏤ começou a se gesticular, se levantou e se moveu em minha direção que estava cabisbaixo, claramente com medo. Não respondi de início, me senti hiperventilar, o arrependimento chegou rapidamente. Arrependimento de ter descido as escadas, mesmo sabendo que irá acontecer, para ser profundo, me senti arrependido por entrar no banheiro naquele dia, me senti arrependido por não gritar naquele banheiro enquanto Adrien dizia todas aquelas coisas sujas. Ela fez uma cara de insatisfação pelo meu comportamento, não respondendo e não deixei de perceber que sua respiração estava em níveis elevados, era uma mulher tão infeliz e amarga; muito fria. Gostava de descontar sua infelicidade em seus filhos de forma violenta e suja, ficou séria e isso fez a libertação de uma situação mais agressiva. ⏤ Estou perguntando Nino! Que merda você estava pensando de sair de noite e ainda dá as caras esse horário?! ⏤ explodiu enquanto moveu sua mão em direção as minhas bochechas, apertou com as unhas, os olhos âmbar arregalado e meu rosto ficando vermelho cada vez mais pelo aperto.

⏤ Eu estava com Alya! ⏤ falei com dificuldade, afinal meu rosto estava sendo pressionado pela mão com unhas grandes dela.

⏤ Ha! ⏤ ela riu. ⏤ Você não vale nada mesmo, não é? Vive chorando e ainda faz esses tipos de coisas, se acontecer algo com você a responsabilidade vem para mim, você não consegue entender?! ⏤ bufou enquanto sua unha começou a rasgar o meu rosto, dando um pequeno corte sobre minha primeira camada da pele fina.

⏤ Está me machucando! P-para! ⏤ gaguejei com meu rostinho choroso patético enquanto movia meu corpo bruscamente me soltando, colocando a mão onde foi o corte provocado pela unha.

Arranquei um olhar perplexo e furioso da adulta, que a observou e espalmou sua mão em meu rosto, dando um tapa. ⏤ Isso não vai acontecer, não de novo, as coisas não vão ficar apenas assim. ⏤ iniciou uma ameaça.

⏤ Você merece ficar sem ver aqueles porcos feios que você chama de amigos, entende? Você precisa ser disciplinado, novamente, se lembra da última vez, não é? ⏤ passou a mão em seu próprio cabelo. Me calei, sabia o que tinha acontecido da última vez, fiquei sem beber água e usar o banheiro por dois dias e fiquei sem seu celular por um mês, o motivo? Seu filho tinha quebrado um dos seus copos caros. A grande humilhação daquele dia foi como saí do castigo, ela afirmou que poderia apenas usar o banheiro se eu urinar em uma das minhas roupas, a roupa escolhida foi minha camisa favorita, era linda, verde ciano com botões pretos e passava um pouco das coxas, a única camisa que conseguia me sentir bonito. ⏤ Eu fiz pouco, você não vai estudar mais com eles, você não vai mais para a escola.

⏤ Não! Não pode fazer isso, onde eu vou estudar? ⏤ olhei ele incrédulo.

⏤ Não importa, seu porco sujo, saiu a noite para ficar dando para um monte de homens não foi? Eu só não consigo entender quem irá querer você. ⏤ olhou de cima para baixo com um olhar de desgosto e me envergonhei rapidamente, pensando em Adrien; em como me sentia inseguro com ele. Aconteceu um breve silêncio, foi horripilante para mim. ⏤ Vai para seu quarto, não aparece na minha frente e apenas vai sair quando eu falar que irá sair. ⏤ terminou voltando para o programa, reclamando e observando seu programa. Fiquei parado por alguns segundos, pelo choque e como realmente parecia um porco sujo, mamãe tinha razão, saí para ficar com uma pessoa; uma pessoa mais velha que brincou com meu corpo, mesmo assim não gritei pedindo para parar.

Porco sujo.

Voltei do transe, subindo as escadas com lágrimas nos olhos, queria chegar na cama e explodir em um choro, tudo está sendo demais. Adrien está sendo demais, mas a única coisa boa que poderia arrancar disso, pelo mesmo com os abusos, podia ser amado e tocado.

Movi rapidamente em direção ao quarto enquanto a quantidade de lágrimas aumentava, iria perder meus amigos na escola, iria perder Adrien na escola. Minha vida seria um inferno em casa, comecei a deslizar a unha da mão direita no meu braço esquerdo, coçando forte enquanto começava a entrar no quarto e fechar a porta.

Odeio minha mãe, porém sinto que me vitimizo tanto, me vejo com alguém bonito, alguém lindo como o meu agressor, era forte, simpático, esbelto e alto, meu tipo de homem; mas doía tanto e era tão confuso esse tipo de homem.

O Cachorrinho Do Professor (Adrino)Onde histórias criam vida. Descubra agora