26   Ele tem um pau assassino

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18:03

Meus irmãos me buscaram na escola, o caminho foi longo e chato, escutando as conversas e piadas de ambos; mas não participei, permaneço calado até chegar em casa.

Como as outras pessoas iriam se sentir após ter sua inocência e felicidade serem tiradas a força?

Tudo era tão deprimente e cinza, me olhei no espelho e vi um garoto patético; uma carcaça de um garoto que um dia já foi limpo e delicado, não um cheio de marcas no corpo.

Sempre quis um amor marcante, uma pessoa que deixaria ser eu mesmo de verdade. Algo inocente e cheio de carícias, amor, queria fazer amor com outro garoto, não ser espancado e gostar disso.

Não sei quando exatamente tudo começou, quando minha mente pragou peças dizendo que estou sujo e que nunca mais vou poder viver isso.

Honestamente quero agora tirar a roupa na frente de Adrien e ouvir "Você é um bom garoto."

Era tão sujo, senti nojo de mim mesmo e abaixei a cabeça, sentindo constrangimento e vergonha de quem eu era.

Merecia tudo que passei até agora, os cortes, as queimaduras, ainda assim aquilo não foi o suficiente, precisava de Adrien para aprender uma lição, de ser uma péssima pessoa.

Sempre ouvi que negativo com negativo era positivo, por quê com o loiro não era positivo?

Tirei meus shorts escolares e a blusa, fui para o banheiro de meu quarto, sempre tomava banho depois da escola, mesmo que isso não ajudará para tirar a sujeira da alma e nem limpará meu corpo pecaminoso.

Entrei em baixo da água quente; foi bom nos primeiros segundos até sentir meus machucados arderem com o sabão, deixei minha bunda queimar dolorosamente, não há Adrien no momento para me punir.

Passei o sabão já na barriga e pescoço repetidas vezes, os lugares específicos onde Adrien fazia marcas. Quero limpar, mesmo que a sujeira não seja apenas poeira.

Machuquei minha pele quando passei com tanta brutalidade, resolvendo que era melhor vestir as roupas e sair do banho, assim fiz.

Fui direto para a minha mesa, abrindo meu estojo e caderno, iria fazer a lição. Precisava destrair a cabeça, mas não conseguia parar de olhar meu celular que estava ao lado.

Meus olhos pareciam tristes, esperava uma mensagem de Adrien como nos dias anteriores, não quero ficar sozinho no meu quarto novamente; afinal meus irmãos não se importavam de verdade.

O vazio crônico em meu peito estava me matando.

O pior, é que sei que sou o responsável por causar esse buraco no meu coração, preferia estar morto do que conviver com isto novamente, queria ter coragem de ir atrás de todos, mas não merecia o amor deles. O único amor que mereço é o do Adrien.

Ficava mais ansioso com o tempo, conferia a cada minuto minhas notificações, absolutamente nada; deixei de me importar com a terefa e deixei minha mente vagar enquanto segurava a tesoura.

"Adrien não te chamou hoje, está com outro."

Pensei e apertava a tesoura entre meus dedos e franzia os lábios, minha respiração ficou densa com as conclusões que comecei a tomar.

"Você acha mesmo que ele iria querer alguém como você?"

Levei minha mão livre para meu rosto apertando, deixando a parte esquerda do meu rosto vermelho, o ar já não chegava em meus pulmões.

"Você não passa de um estúpido brinquedo!"

Minha pele do rosto queimou pelo aperto, lembrei-me como Adrien apertou meu pescoço, o ar não chegando e como ardia, lutava desesperadamente para poder respirar.

"Burro inútil, não consegue nem satisfazer alguém sexualmente."

Apontei a tesoura, não podia me deixar destrair de verdade. Minha vida se tornou um verdadeiro inferno por culpa dele, ninguém está lá para me salvar, eu nem quero ser salvo.

"Ele está sendo mais feliz com alguém, todos eles sempre são mais felizes com outras pessoas."

Foi o suficiente para mover a tesoura para minha mão, apertando as lâminas contra a pele com toda força.

Nos primeiros segundos foi tão doloroso, senti uma parte da pele soltar, deixando tudo em volta vermelho e deixei escapar um gemido largo de dor e em meus olhos lacrimejaram.

Logo vi o líquido vermelho vazar do corte fundo que acabei de fazer contra mim mesmo, quase arranquei um pedaço de pele da mão com a tesoura.

Estava chorando e agarrei a mão com o pedaço da pele para cima, quase soltando, vendo as páginas do meu caderno vermelhas de sangue; a atividade, todo meu esforço durante o ano foi desperdiçado.

Toda a mesa estava nojenta agora, suja pelo meu sangue, chorei, não limpando, apenas sentia a dor e me lembrava dos meus momentos com meus amigos, era tão doloroso.

Lembrei-me sobre meus pais, como eles sempre bringaram e nunca se importaram comigo, meus irmãos me faziam sentir deslocado, apesar da diferença de idade cresceram juntos, já eu sempre fui sozinho em meu quarto.

Meus amigos que se importavam os afastei, não tinha coragem de olhar na cara deles. Me sentia imundo, sou sujo.

Não passo de uma puta que merece toda a dor do mundo, nada era suficiente, nada podia me fazer feliz de verdade, apenas Adrien poderia dar beijos em minha testa e dizer: "Você é bom para mim."

A imagem deturpada e distorcida que criei sobre ele, olhei para a mão cheia de sangue que escorria pelo braço, quero morrer.

Odeio o Adrien e odeio odiar o loiro, sabia que era culpa minha o motivo de ser tão malvado comigo, odeio minha mãe e meu pai, odeio me sentir deslocado e afastado, odeio sentir vergonha de falar com meus amigos.

E principalmente, odeio minha mente, que sempre me dizia que mereço tudo isso.



Se eu e meu namorado completar um ano de namoro, essa fanfic vai ter um final bom, caso eu e ele terminar antes, vai ter um final triste.

O Cachorrinho Do Professor (Adrino)Onde histórias criam vida. Descubra agora