Capítulo 7. - A noite do terror

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Não demorou nem trinta minutos e pude ouvir os sinos do navio indicando perigo. Pulei da cama e tentei abrir a porta, contudo, realmente estava trancada. Os barulhos de tiro me deixaram alarmado. Alexander realmente tinha avisado a guarda? Mas, meia hora não era suficiente para chegar até a cidade e muito menos mobilizar os guardas, a não ser que já estivesse planejando tudo isso? Porém, em que momento? Estava começando a ficar nervoso. Os sons de gritos, de ordens estavam me fazendo suar. Respiração descompassada e uma sensação de culpa percorria meu peito por completo. Estava sufocando. Meu quarto não era pequeno, e mesmo assim me enchia de claustrofobia. Tentei arrombar. Contudo, a força não era minha característica primária.

A porta se abriu de repente e era o capitão. Me puxou com força para fora. Pude ver duas naus da marinha de Raviera próximo. O cheiro forte de pólvora inundava o ambiente, a fumaça e os tripulantes correndo de um lado ao outro. Estavam tentando subir a âncora e ao mesmo tempo lutar pelas suas vidas enquanto os marinheiros atiram na nossa direção sem piedade. Pensei em pegar minha arma e minha espada. Mal podia ouvir, tudo era um zunido e confusão.

- NÃO. - Baltazar gritou repentinamente ao ver meu anseio por lutar. - Se te pegarem você vai morrer. A gente dá um jeito, só sai daqui.

- A culpa é minha... Eu vou lutar. - Não iria só fugir.

- Moleque, ingrato. - Baltazar deu uma risada. - Lembra que disse que teria que assumir a responsabilidade? Eu tô assumindo agora, Darcy.

O capitão foi me arrastando pela camisa até a borda do barco. Tentei me desvencilhar, mas não podia firmar os pés no chão e me soltar, a força que aquele homem tinha era surreal. Apenas  me atirou na água. Parece que estava tendo a mesma sensação de anos atrás. Era estranho pensar que estava caindo novamente na água fria em uma noite conflituosa.
Queria voltar até o barco, mas não tinha como, nem a âncora estava abaixada e não havia cordas. Fui nadando até a costa enquanto pensava que todos poderiam estar mortos. Os gritos, as vozes, o som de canhões...

Mas, assim que sai do mar. Notei que houve um cessar fogo. As luzes acabaram e tudo parecia silencioso. Baltazar tinha se entregado. Havia escolhido se render. Merda! Precisava entender o que estava acontecendo. O retumbar do meu coração me fez vacilar.

Fui até a área da cidade. Precisava chegar antes do amanhecer. Já estava tarde e achava que não conseguiria estar lá. Iria enfiar um tiro na cabeça do Alexander. Imbecil traidor. Iria me ajudar a tirar todos da prisão senão o mataria e torturaria, arrancaria suas bolas, não me importo.

Fui correndo pela floresta, sai da trilha porque poderiam ter guardas espalhados, o que tornava a tarefa de me deslocar mais difícil. Parei quando via luzes distantes. Estava nervoso e achava que tudo tinha ruído. O que conheci estava acabando e tudo por causa de uma saída idiota. Se tivesse ficado no navio nada disso teria acontecido. Foram as consequências da minha decisão precipitada. Minha respiração aparecia no ar pelo frio excessivo que sentia depois de cair na tua e a temperatura ao redor estar baixa.

Até meu caminhar produzia algum som de galhos quebrando, ou mesmo a terra afundando, me causava temor como se alguém pudesse ouvir a qualquer momento. Apenas os sons das corujas e dos grilos ressoam em algum momento, até finalmente ver as luzes da cidade. Era tão tarde e mesmo assim podia ouvir os diferentes sons vindos do festival. Caminhei até encontrar uma cerca lateral. Pulei sem dificuldade. Mas, precisava tomar cuidado porque tinha que chegar até a mansão do alfa nobre que salvei e agora me arrependia amargamente.

Fui caminhando pelas ruas laterias. E sentia como se estivesse sendo observado a todo momento. Podia lutar. Podia me defender. Mesmo assim sentia que estava vulnerável. Era como se tivesse perdido meu escudo e agora qualquer ameaça podia ser fatal. Nunca me senti tão frágil e desamparado como agora. Meu corpo estava gelado e meus lábios roxos. Me movia apenas pela adrenalina. A ansiedade estava enchendo meu cérebro e só podia pensar que meus companheiros estavam em perigo. E se Bob tivesse morrido? Não consegui vê-lo quando sai do navio. Estava em uma frenesi de terror.

Piratas E Castelos - a honra Rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora