É claro que houve muitas fotos da nossa noite.
Tem gente que vive só de fuxicar a vida dos outros porque a deles não tem qualquer interesse.No dia seguinte a Internet já fervilhava com muita fofoca, muitos comentários maldosos e graças a Deus outros bem positivos.
Iza continuou a aconselhar-me para não ler, mas não tinha como.
As duas estávamos a tomar café e eu comecei a chorar. Fui ficando com a respiração ofegante e com falta de ar.
Iza tentava acalmar-me, mas não tinha jeito. O peito doía e a falta de ar estava pior.
Fomos as duas ao hospital e logo fui atendida.
Fui diagnosticada com ansiedade e saí de lá devidamente medicada.
Não fui à companhia nesse dia. Avisei Rita que ia ficar a descansar.
Pedi a Iza para não avisar Rodolffo. Eles iam viajar mais tarde e eu não queria perturbá-lo.Não teve jeito porque a seguir ao almoço ele apareceu na casa da irmã e quis saber a razão de eu não estar na companhia. Iza contou e eu vi o Rodolffo bem aborrecido.
- Não ias contar mesmo?
- Talvez depois. Hoje não. Nem havia necessidade. Eu é que tenho que aprender a conviver com isto ou afastar-me.
- São só fotos.
- As tuas fãs não gostam de mim.
- Elas não são donas da minha vida.
Podemos resolver isso, rápido.- Como?
- Namora comigo.
- Tu estás doido? Aí é que tu és esculachado de vez.
- Já disse que não ligo.
Não vais responder ao pedido?- Não tem como responder. Não ajas sem pensar.
- Quem te garante que não está tudo bem pensado?
- Eu vou ficar bem. Vai para os teus concertos descansado.
- Quero uma resposta quando voltar desta semana de shows.
Agora preciso ir embora. Ganho um beijinho?Juliette deu-lhe um selinho.
- Hoje aceito este. Para a próxima quero um beijo a sério.
- Façam boa viagem. Trocaram um abraço e Rodolffo partiu.
Na manhã seguinte ao chegar à companhia, Rita quis ter uma conversa com ela.
- Tenho uma proposta. Não é bem proposta, é mais um pedido de ajuda.
- Estou pronta a ajudar quem me deu a mão.
- Preciso urgentemente de ti na filial do Rio de Janeiro. Não é definitivo, mas também não posso garantir que é por um mês ou dois.
Rita explicou as razões porque precisava dela. No pouco tempo que já trabalhavam juntas Juliette ganhou a confiança de Rita.
- Achas-me capaz dessa incumbência?
- Acho. Por teres pouco tempo de casa ninguém vai descobrir.
Vais assumir a classe de iniciantes tal como aqui de manhã e um extra no escritório de tarde. De resto é só observares.- Se confias em mim eu estou pronta. Quando queres que vá.
- Na próxima segunda feira deves iniciar funções. Convinha ires amanhã para te apresentares. Podes viajar de manhã e marco a tua apresentação na parte da tarde.
- De acordo. Só preciso avisar a Iza de que vou ausentar-me da casa dela.
Voltei para casa para fazer a mala e liguei para ela a contar da minha viagem, sem especificar totalmente o que ia fazer.
- Amiga, fala com a senhora que faz a limpeza. Ela sabe o que fazer quando eu não estou.
- Obrigada Iza, o teu irmão está perto de ti?
- Não. Ele saiu com uma turma que conhecemos aqui da cidade.
- Está bom. Depois eu falo com ele.
Rodolffo ligou-me por volta da hora do jantar.
- Que história é essa de ires para o Rio?
- Boa noite para ti também. Vou para o Rio a pedido da pessoa que me ajudou com trabalho.
- Vais fugir de novo?
- Não sejas dramático, Rodolffo. Se fosse fugir, não avisava ninguém.
- Vais fugir de mim.
- O mundo não gira à tua volta. A Rita pediu-me ajuda e eu vou ajudá-la.
- Muito conveniente nesta altura.
- Que altura e que conveniente?
- Na altura em que te pedi namoro.
- O que tem uma coisa a ver com a outra?
- Quanto tempo ficas?
- Não faço ideia. O que for necessário.
- É. Talvez seja melhor mesmo. Quando um não quer, dois não dançam.
- Isso quer dizer exactamente o quê?
- Isso mesmo. Já sei que vais amanhã. Boa viagem.
- Obrigada, eu...
Ele simplesmente desligou a chamada.