Estava entediado em casa e resolvi convidar uma amiga para dar um rolê pelo shopping.
Catarina é minha amiga e da Iza desde a adolescência e tratamo-nos quase como irmãos.
Íamos pedir os nossos hambúrgueres quando avistei Juliette já sentada, sózinha.
A minha intenção era sentarmos junto dela, mas no momento em que nos entregaram o pedido ela levantou-se e foi ao cinema.
Catarina percebeu que eu fiquei desapontado. Comemos e estivemos à conversa até que ela disse que tinha um compromisso. Alguém lhe tinha enviado uma mensagem enquanto comíamos a que ela respondeu.
- Vais como?
- Está à minha espera na entrada.
Boa sorte, sorriu ela.Esperei sózinho pelo final do filme, mas mais valia ter ido embora.
Juliette saiu da sala de cinema abraçada a um homem que eu nunca vira.
Passaram por mim e das duas uma, ou estavam debochando de mim ou o filme era muito animado, pois vinham muito sorridentes.
Vi-os passar em direcção à saída. Fiquei sentado por um tempo e depois resolvi vir embora.
- Eu mereço, pensei.
Pus-me a jeito e a fila andou.Era para eu ignorar, mas porque é que dói tanto? Eu preciso falar com ela, nem que seja a última vez.
Conduzi até ao apartamento da minha irmã e toquei à campainha.
Ela veio abrir a porta já de camisola e robe.
- A tua irmã não está.
- Quero falar contigo, não com a Iza.
- Que eu saiba não temos nada a dizer.
- Eu tenho.
Sentei-me numa ponta do sofá e ela na outra.
- Não precisas estar tão longe. Não mordo.
- Diz o que vieste dizer.
- Quem é ele?
- Ele quem?
- O tipo que estava contigo.
- Que eu saiba não temos nenhum combinado de contarmos com quem cada um fica.
- Eu gosto de ti.
- Eu vejo quanto gostas.
- Pode não parecer, mas é verdade.
Tu gostas de qualquer qualquer uma que seja bonita, vistosa, que os outros invejem quando está a teu lado e que abra as pernas quando sentes necessidade. Não tens um padrão. Se tiver todas essas características tu estás na àrea.
- Contigo foi diferente.
- Foi. Deve ter elevado o teu ego até às alturas. Bonita, vistosa, - sim eu considero-me assim - abri as pernas e ainda por cima virgem.
Foi diferente sim.- Estás a ofender-me.
- Sinceramente, esta conversa não vai chegar a lado nenhum. Se quiseres esperar pela Iza fica aí. Eu vou dormir.
Levantei-me, fui até à cozinha, bebi àgua e vejo ele levantar-se também.
- Janta comigo amanhã. Não quero que fiquemos inimigos. Ainda quero ter outra conversa contigo.
- Não vai adiantar nada. O nosso tempo passou.
- Mas aceita jantar e conversar novamente comigo. Amanhã com mais calma.
- Na próxima paragem de shows. Amanhã não quero. Estou magoada.
Não vai ser uma conversa amigável como hoje não foi.- Está bem. Na próxima semana eu ligo. Boa noite.
- Fica bem. Boa noite.
Rodolffo saiu e eu fui deitar-me. Não sei se era nervoso mas começaram a surgir umas cólicas.
Durante a noite as cólicas aumentaram ligeiramente e eu levantei-me para ir ao banheiro.
Foi quando notei um pouco de sangue nas minhas calcinhas.
Comecei a chorar e fui até ao quarto da Iza. Contei-lhe e ela aprontou-se para me levar ao hospital.
No caminho contei-lhe que o irmão tinha estado lá.No hospital diagnosticaram-me com princípio de aborto. Fiquei assustada. Grávida? Precisei ficar internada para observação.
Falei com a Iza e pedi para ela não contar ao Rodolffo.
- Eu não consigo mentir para ele.
- Mas eu não o quero ver por enquanto.
- É uma boa hora para vocês se entenderem.
- Eu não quero ficar com ninguém só porque estou grávida.
- Está bem, mas vou ter que contar e peço que ele não venha o que eu duvido.
- Se ele vier eu peço que proíbam as visitas, podes dizer isso a ele. Eu prometi jantar com ele na próxima semana e é isso que vai acontecer.
- Dois casmurros, é o que vocês são.
Até amanhã. Cuida do meu sobrinho.- Obrigada Iza.
Iza saiu e eu comecei a ficar sonolenta por causa da medicação que me deram.