XVIII

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Já estou no último mês de gestação.  Rodolffo tem sido muito atencioso comigo, sem forçar qualquer relação.

Nunca mais vi nenhuma fofoca de mulherada com ele e Iza garante que não tem mesmo.

Ainda assim eu estou insegura.  Penso sempre que está mudança de comportamento se deve ao filho e não a mim.

Da última vez que ele se declarou eu não dei abertura e acho que ele desistiu de mim.

Eu tenho andado angustiada.  Uma parte de mim quer e a outra duvida.

Prometeu vir-me visitar hoje e eu estava deitada no sofá à espera e acabei por adormecer.

Acabei por acordar com ele a fazer festinhas na minha barriga.

- Desculpa não quis acordar-te.

- Estava à tua espera e acabei pegando no sono, disse Juliette ficando sentada.  Fico cansada rápido.

- Deita novamente.

- Posso deitar no teu colo?

Acomodei-me para ela se deitar e vi algumas lágrimas nos seus olhos.

- Essas lágrimas são porquê?

- Eu gosto tanto de ti, mas tenho tantas dúvidas dentro de mim.

- Dúvidas em relação a quê? Fala comigo.

- A tudo.  A ti.  À tua mudança,  aos meus sentimentos.

- Não acreditas no meu amor por ti?

- Acredito e não acredito.

Rodolffo deu-me um beijo e eu não recusei.

- Dá-me um voto de confiança.   É só o que peço.

Subi um pouco mais o tronco e ele apoiou-me no seu peito.

Ficamos de chamego o resto da tarde.  Rodolffo estava com os últimos shows marcados para de seguida entrar de férias.

Fizemos os cálculos para as férias coincidirem com a data do nascimento da nossa Rosa.

Rosinha nasceu e tanto eu como Rodolffo estávamos encantados.  Comprei um pequeno berço para colocar no meu quarto.

Iza, queria remodelar um dos quartos da casa, mas eu não aceitei.

Rodolffo,  pelo contrário,  começou a transformação há meses.  Na casa dele tudo estava pronto para nos receber.  Faltava eu deixar as minhas inseguranças, dizia ele sem pressionar.

Tudo no meu tempo, fazia ele questão de dizer.  Ele dizia que paciência era o seu nome do meio e eu também acho.  Tinha muitos defeitos, mas paciente era e muito.

Resolvi deixar a frescura de lado e arriscar uma vida em conjunto.

É melhor arrepender-me a tentar do que viver na incerteza de que: e se desse certo?

Fiz as minhas malas e da Rosa e esperei por ele, para a visita normal.

- Rodolffo,  decidi dar-nos uma chance de criar a Rosa juntos.

- Até que enfim, disse ele apertando-me num abraço.

- Isto se ainda me quiseres.

- Sabes há quanto tempo espero por isso?  Prometo que não te vais arrepender.  Vens hoje?

- Sim.  Podemos ir agora.  Tenho tudo pronto.

Peguei as malas delas e acomodei-as no carro.  Peguei na minha filha e na mão da minha mulher e fomos para o carro.

Cheguei a casa, entrei com a Rosa e mandei Juliette esperar do lado de fora.  Coloquei a bébé na cama e voltei para buscar Juliette.

Peguei nela ao colo e entrei fechando a porta com o pé.  Pousei-a no chão e dei-lhe um beijo de tirar o fôlego.

- Bem-vindas à nossa humilde casa.  A partir de hoje esta será também a tua casa.  Fica à vontade para fazeres as alterações que quiseres.

- Eu gosto do que vejo.  Não vou alterar nada, acho eu.

- Obrigada, July.  Nunca o disse, mas hoje quero dizê-lo bem alto.

Amo-te muito.  Amei-te desde sempre, só não soube lidar com este amor.

A Rosa começou a chorar. Era um autêntico cronómetro.   Estava na hora de mamar.

Olhei para Rodolffo e sorri.

- Também te amo, mas agora tem uma urgência maior e prioritária.

Era a primeira vez que via ela dar de mamar após o nascimento e isso deixou-me emocionado.

- Vem papai. Vem participar deste momento.

Juntei-me a elas.  Abracei a July e segurei a mão da Rosa.

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