XVI

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Bem cedo o meu telefone começou a tocar.  Estendi a mão e recusei a chamada sem ver quem me ligava.

Como insistiram resolvi ver quem era.  Iza

- Bolas, mana.  A esta hora?  Que se passa de tão urgente.

- A Juliette foi internada  esta madrugada.

- O que aconteceu?

- Vem para cá que eu conto.  Pelo telefone não dá.

Vesti-me, lavei o rosto e segui para casa da minha irmã.   Ela preparava o café para os dois.

- Diz-me, mana.  O que aconteceu?

- A Juliette acordou-me esta noite.  Estava com cólicas e teve um sangramento.  Levei-a para o hospital e foi um princípio de aborto.

- Aborto?  A Juliette está grávida?

- Parece que sim.  Nem ela sabia.

- Iza, achas que é meu?

- Nem continues Rodolffo.   Como acho que é teu?  Qual é a tua dúvida?

- Hoje vi ela com um tipo no shopping. E teve a história do Mateus.

- Poupa-me.  Ela só quer fazer-te ciúmes.  Vocês dois são uns abestalhados de primeira.

- Eu posso ir vê-la?  Ontem vim aqui ter uma conversa com ela.  Será que foi disso?

- Discutiram?

- Não,  mas não foi agradável.

- Ela disse que não te quer ver.

- Mas eu vou lá.  Não consigo ir viajar sem saber que está bem.

- Vamos os dois.

Rodolffo abraçou a irmã e começou a chorar.

- Já é hora de assentares.  Andares com umas e outras não tem como dar certo.

- A Juliette não quer nada comigo.

- Nem eu quereria se fosse ela.

Chegou a hora da visita.   Iza entrou primeiro.

- Como te sentes?  O que disse o médico.

- Que se fizer o repouso certinho não vai haver problemas.

- O Rodolffo está lá fora.

- Eu não o quero ver.

- Ele diz que não viaja sem te ver.

- Eu não quero isso, nem problemas aqui.  Deixa-o entrar.

Rodolffo entrou e Iza saiu.  Só era permitida a presença de uma pessoa de cada vez.

- Rodolffo sentou na cadeira ao lado dela.

- Desculpa pela  conversa de ontem.  Deixou-te nervosa? Eu não queria que tivesses passado por isto.

- Descansa que não é culpa tua.  Eu nem sabia que estava grávida.

- Eu estou feliz.  Quero que tudo corra bem contigo.

- Não cries muitas expectativas Rodolffo.   Tenho pensado muito se é a melhor altura desta criança chegar.

- Não estás a pensar tirá-lo?

- Não.  Mas pensei nisso.  Confesso que essa ideia passou pela minha cabeça.

- Não por favor.  Eu quero esse filho.

- Tem calma.  Independentemente de nós se não houver mais complicações essa criança vai nascer.

- Obrigado.  Tenho pena de ter que viajar.  Queria ficar contigo.

- Rodolffo,  esta criança não muda em nada o nosso relacionamento.
Seremos os pais dela, apenas isso.

Não quero comigo um homem só porque carrego um filho dele.  Relacionamento não é isso.
Ele que continue na vidinha dele que eu vou continuar na minha.

- Ainda espero que tudo mude para nós.

Não respondi e nos despedimos  ali até à semana seguinte onde prometemos conversar.

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