Bem cedo o meu telefone começou a tocar. Estendi a mão e recusei a chamada sem ver quem me ligava.
Como insistiram resolvi ver quem era. Iza
- Bolas, mana. A esta hora? Que se passa de tão urgente.
- A Juliette foi internada esta madrugada.
- O que aconteceu?
- Vem para cá que eu conto. Pelo telefone não dá.
Vesti-me, lavei o rosto e segui para casa da minha irmã. Ela preparava o café para os dois.
- Diz-me, mana. O que aconteceu?
- A Juliette acordou-me esta noite. Estava com cólicas e teve um sangramento. Levei-a para o hospital e foi um princípio de aborto.
- Aborto? A Juliette está grávida?
- Parece que sim. Nem ela sabia.
- Iza, achas que é meu?
- Nem continues Rodolffo. Como acho que é teu? Qual é a tua dúvida?
- Hoje vi ela com um tipo no shopping. E teve a história do Mateus.
- Poupa-me. Ela só quer fazer-te ciúmes. Vocês dois são uns abestalhados de primeira.
- Eu posso ir vê-la? Ontem vim aqui ter uma conversa com ela. Será que foi disso?
- Discutiram?
- Não, mas não foi agradável.
- Ela disse que não te quer ver.
- Mas eu vou lá. Não consigo ir viajar sem saber que está bem.
- Vamos os dois.
Rodolffo abraçou a irmã e começou a chorar.
- Já é hora de assentares. Andares com umas e outras não tem como dar certo.
- A Juliette não quer nada comigo.
- Nem eu quereria se fosse ela.
Chegou a hora da visita. Iza entrou primeiro.
- Como te sentes? O que disse o médico.
- Que se fizer o repouso certinho não vai haver problemas.
- O Rodolffo está lá fora.
- Eu não o quero ver.
- Ele diz que não viaja sem te ver.
- Eu não quero isso, nem problemas aqui. Deixa-o entrar.
Rodolffo entrou e Iza saiu. Só era permitida a presença de uma pessoa de cada vez.
- Rodolffo sentou na cadeira ao lado dela.
- Desculpa pela conversa de ontem. Deixou-te nervosa? Eu não queria que tivesses passado por isto.
- Descansa que não é culpa tua. Eu nem sabia que estava grávida.
- Eu estou feliz. Quero que tudo corra bem contigo.
- Não cries muitas expectativas Rodolffo. Tenho pensado muito se é a melhor altura desta criança chegar.
- Não estás a pensar tirá-lo?
- Não. Mas pensei nisso. Confesso que essa ideia passou pela minha cabeça.
- Não por favor. Eu quero esse filho.
- Tem calma. Independentemente de nós se não houver mais complicações essa criança vai nascer.
- Obrigado. Tenho pena de ter que viajar. Queria ficar contigo.
- Rodolffo, esta criança não muda em nada o nosso relacionamento.
Seremos os pais dela, apenas isso.Não quero comigo um homem só porque carrego um filho dele. Relacionamento não é isso.
Ele que continue na vidinha dele que eu vou continuar na minha.- Ainda espero que tudo mude para nós.
Não respondi e nos despedimos ali até à semana seguinte onde prometemos conversar.