XVII

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Eu e Rodolffo tivemos a tal conversa e desta vez decidimos deitar tudo para fora.

Trocámos várias acusações,  mas no final decidimos ter uma convivência saudável.

Eu não sinto no Rodolffo a tal mudança que ele apregoa.  Para mim, ao mínimo sinal ele estará pendurado numa tipa qualquer.

Não tenho confiança, então seremos amigos e trataremos de cuidar do nosso filho o melhor que soubermos.

Já estou no quarto mês de gestação.   O perigo de aborto está mais afastado e voltei ao trabalho com a Rita.  Ela passa mais tempo no Rio e eu aqui.

Rodolffo tem vindo visitar-me sempre que regressa de uma semana de shows e faz questão de me trazer algumas coisas que sabe que eu gosto.

- Quando saberemos o sexo, July?

- No próximo mês.

- Marca o ultrassom para um dia que eu possa ir, por favor.

- Marco.  Passa-me a tua agenda do próximo mês.

Iza contava-me da mudança dele e de como ele por vezes era agressivo com algumas mulheres não largavam o pé dele.

Eu ainda tinha dúvidas.  Sofria muito quando ele me vinha ver, por não querer fazer o que me apetecia.

O único contacto que tínhamos era algum beijo no meu rosto ou na minha barriga.

Rara era a vez que ele não chegasse com uma prenda para o bébé.  Quer fosse uma roupa ou um brinquedo, sempre havia algo para comprar.

- Iza, agora é que está na hora de ter o meu apartamento.

- Nem sonhes!  E ficar longe do meu sobrinho?  Agora é que não te deixo sair daqui.  Aliás, deixo.  Se for para casa do meu irmão.

- E porque iria para lá?

- Porque gostas dele e ele de ti.  Porque está na hora de pensarem mais no bébé do que nas vossas diferenças.

- Está bem.  Eu continuo aqui contigo.

- Não desconverses  Juliette!
Olha o pai babado está a chegar.

- Bom dia.  Como estão as três pessoas mais importantes da minha vida?

- Estamos bem, mas eu vou sair.  Já tomaste café, Rodolffo?

- Não.  Trouxe pão e bolo, pensei que vinha a tempo de tomar com vocês.

- Já tomámos.   Toma tu e a July come um pedaço de bolo para te fazer companhia.

- O bolo é de quê?

- Cenoura.  Sem cobertura.

- Gosto com cobertura.

- Mas o chocolate faz mal ao bébé.

- Quero uma fatia pequena.  Vou preparar um chá para te fazer companhia.

- Deixa que eu preparo.  Senta aí que eu já te levo o chá.

Rodolffo fez-me companhia toda a manhã e acabou por ficar para o almoço.

Para não me deixar cozinhar pediu almoço num restaurante conhecido.

No final quando eu fui descansar para o meu quarto, ele aproveitou e foi embora.

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