Capítulo 4

88 4 0
                                    

Hoje, tive que cuidar do problema das vacas comedoras de frutas logo cedo. Visto uma calça jeans preta, uma regata branca e por cima uma camisa de mangas compridas,  tranço meus cabelos e desço para a cozinha.

Tomei o café da manhã, peguei meu chapéu, os óculos de sol, a tesoura de poda, os cestos de colheita, chamei Carl e partimos para a divisa da fazenda.

Ao olhar de cima, percebi que o estrago foi grande. Carl e eu começamos puxando os galhos de parreira que caíram para o outro lado da cerca. Depois, cortei cuidadosamente as uvas com a tesoura, enquanto Carl puxava as ramas dos pés de maracujás.

Trabalhamos e conversamos alegremente. Sorri das piadas de Carl sobre as vacas.

Enchemos vários cestos de uvas e maracujás. Se as vacas não tivessem comido boa parte das frutas, encheríamos a caminhonete, comentei e Carl,  concordou.

Estava com sede, então peguei a garrafa de água. Você também quer água, perguntei a Carl, e ele afirmou que sim.

Matamos a sede e observei que uma parte da cerca havia cedido um pouco. Mostrei para Carl.  Precisamos consertar isso antes que as vacas derrubem a cerca e comam toda nossa plantação, disse rindo.

Paramos de conversar abruptamente ao ouvir o som de um cavalo relinchando. Viramos na direção do barulho, e lá estava ele: um homem extremamente atraente, com uma expressão dura, montado em um imponente cavalo preto.

Vestia jeans escuros, um chapéu de couro preto, óculos de sol que escondiam parte de seu rosto e uma camisa branca de mangas compridas, cuidadosamente dobradas até o cotovelo.

Os três primeiros botões da camisa estavam abertos, revelando parte de seu peito definido. Sua pele era naturalmente bronzeada, com um tom saudável, que não parecia ser fruto de horas sob o sol escaldante, mas sim algo que ele carregava de nascença.

Meus olhos correram instintivamente por cada detalhe, e não pude deixar de notar o relógio caro em seu braço esquerdo, um sinal claro de que ele estava longe de ser um fazendeiro qualquer. Só então me dei conta de que minha curiosidade estava começando a incomodá-lo.

Com uma expressão severa, ele finalmente me olhou diretamente nos olhos, e eu, involuntariamente, fiquei boquiaberta, praticamente o devorando com o olhar. Sem pressa, ele tirou os óculos escuros e franziu os olhos na minha direção, avaliando-me com seriedade.

Tentando disfarçar minha admiração evidente, desviei o olhar para a cerca quebrada, depois para ele novamente. O desconforto de não saber o que dizer tomou conta de mim, então recorri à simplicidade de um "bom dia".

Ele ignorou o meu cumprimento. Seus olhos passaram diretamente para a cerca danificada e para as frutas espalhadas pelo chão, provavelmente resultado da confusão com os animais. Na tentativa de quebrar o gelo e parecer uma vizinha cordial, me apresentei:

— Olá, sou sua vizinha, dona da fazenda Girassol.

Ele, sem sequer me olhar nos olhos, respondeu com um tom seco:

— Senhora ou senhorita?

A pergunta me pegou de surpresa, e senti o calor subindo até meu rosto. Vermelha de vergonha, murmurei:

— Senhorita.

Seu olhar finalmente voltou para mim, com uma frieza cortante.

— Bem, senhorita, parece que a minha cerca foi danificada. E também estou vendo que a senhorita fez uso indevido da minha propriedade, causando um prejuízo considerável para as minhas vacas.

Fiquei sem palavras por um momento, meu coração disparado. Olhei para Carl em busca de alguma ajuda, mas ele também parecia tão surpreso quanto eu.

A proposta do Bilionário ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora