Capítulo 27

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Melinda...

Depois de tentar tirar o vestido sem sucesso, decido tomar um banho e descansar. O fecho de botões nas costas me impede de tirá-lo, e, morta de vergonha, decido pedir ajuda a Henrique ou a qualquer pessoa que eu encontrar na casa.

Ao descer as escadas, ouço música vindo do andar de baixo. Henrique está de costas, contemplando a paisagem, vestindo apenas a calça do terno, sem camisa e descalço, segurando uma garrafa de whisky.

Eu desço vagarosamente as escadas e, com a voz baixa, chamo por ele. Ele vira-se imediatamente, noto que seu cabelo está despenteado, as mechas caem na lateral de sua testa.

Peço-lhe ajuda para desabotoar o vestido. Em silêncio, ele vem em minha direção. Quando se aproxima, sinto o cheiro da bebida. Então, viro as costas para ele, puxo os cabelos para a lateral do meu ombro e sinto o calor que emana do seu corpo.

Ele toca minha pele nua na nuca e desce a mão para abrir o primeiro botão, seguindo um a um. Arrepio-me e fecho os olhos cada vez que sua respiração atinge minha nuca. Ergo a cabeça e vejo meu reflexo no espelho da grande janela, com os olhos de Henrique fixos na expressão do meu rosto.

Ficamos nos encarando por longos segundos. Então, sinto sua mão tocar minha pele, e instintivamente me afasto de seu toque. Ele percebe meu afastamento e encosta seu torso em minhas costas, dizendo que sou uma noiva deliciosa. Sinto sua excitação pulsar contra minha bunda.

Eu me viro de frente para ele e pergunto se está bêbado, notando seus olhos embriagados. Ele não responde, apenas sobe a mão até meu rosto e coloca o polegar em meus lábios. Que entreabrem espontaneamente.

Voltando a lucidez, eu seguro sua mão e a afasto, pedindo que termine de desabotoar o vestido. Henrique desabotoa os demais botões até a minha cintura, e seguro a frente do vestido para não cair.

Então, ele me olha pelo espelho e elogia minha tatuagem. Agradeço e faço menção de sair, mas ele segura meu braço. Peço que me solte, e ele sorri, me deixando. Pega a garrafa de whisky, vira na boca e aponta em minha direção como se oferecesse um brinde, dizendo: Parabéns, minha esposa perfeita.

Subo de volta para o meu quarto, tranco a porta, meu coração ainda acelerado. Eu não sou perfeita repito várias vezes. Lembranças do passado me atingem como punhais afiados. Eu tiro o vestido do corpo lentamente, evitando olhar no espelho. Quando finalmente me vejo refletida, lá está ela, a tatuagem sobre a cicatriz que Dylan deixou embaixo da minha costela.

Foi uma marca física da violência que enfrentei, uma marca que carrego como um lembrete constante da minha força e resiliência. Olho para ela com misto de dor e orgulho, lembrando-me de tudo o que superei.

Enquanto olho para a tatuagem, sinto um misto de emoções. Raiva por tudo o que aconteceu, tristeza pela dor que sofri, mas também gratidão por estar aqui, por ter encontrado forças para seguir em frente. É uma cicatriz visível do meu passado, mas também é uma marca de coragem e perseverança.

Depois de um momento de contemplação, tiro minhas langerie e me dirijo ao chuveiro. Deixo a água quente escorrer pelo meu corpo, como se pudesse lavar não apenas a sujeira física, mas também as lembranças dolorosas que ainda me assombram. A água me acalma, trazendo um pouco de paz para minha mente turbulenta.

Após o banho, me enrolo em uma toalha e me deito na cama, olhando para o teto. As lembranças ainda estão lá, mas sinto que, de alguma forma, consegui deixar um pouco do peso para trás. Respiro fundo, tentando acalmar meu coração acelerado, e fecho os olhos, esperando que o sono finalmente me leve para longe desse turbilhão de emoções.

Dia seguinte...

Despertei atordoada, estranhando o ambiente desconhecido do quarto. O silêncio que substituía os habituais sons da fazenda ecoava em meus ouvidos, intensificando a sensação de distância de casa. Ao abrir as cortinas, a vista do parque pela varanda se revelou, bonita, porém incapaz de rivalizar com a beleza da minha terra.

A proposta do Bilionário ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora