Capítulo 28

36 2 0
                                    

Henrique...

Eu acordo com uma ressaca tremenda e ouço barulhos vindos da cozinha. Imagino que seja Melinda. Me dirijo até lá e a encontro, preparando o café da manhã. Fico parado a observando. Ela está distraída, olhando a paisagem da cidade.

O casamento foi mais emocionante do que eu havia imaginado. Trouxe lembranças de um passado que lutei para esquecer. Quando Melinda surgiu na entrada do jardim, meu coração retumbou no peito.

Tive a sensação de que minhas pernas estavam presas ao chão e não podia movê-las. A mulher é surpreendentemente bonita. Sua imagem me paralisou.

Fui puxado para ela como por um magnetismo. Vê-la vestida de noiva para mim foi uma surpresa que eu não sabia como lidar. Fiquei parado a observando e percebi que ela hesitou em continuar, como se fosse desistir. Eu a encorajei com o olhar.

Ela fingiu um sorriso que só eu conheço e é o que eu tenho recebido dela, e marchou pelo caminho de pétalas. Eu não esperei que ela chegasse até a mim e fui encontrá-la no meio da passarela.

Quando me aproximei de Melinda, nossos olhares se encontraram. Vi algo nos olhos dela, um misto de determinação e vulnerabilidade. Ela parecia tão real, tão humana, e por um momento, esqueci o acordo que tínhamos. Quis abraçá-la, consolá-la, protegê-la. Mas me contive, mantendo a fachada que construímos.

Durante a cerimônia, enquanto trocávamos os votos, eu sentia algo que há muito tempo não sentia. Era como se uma parte de mim que estava adormecida há anos despertasse. Mas logo a razão voltou, e lembrei-me de que aquilo tudo era apenas um jogo, um arranjo de conveniência.

Observo Melinda na cozinha, tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante, e me questiono sobre meus verdadeiros sentimentos. Será possível que, em meio a esse casamento de fachada, eu tenha despertado um sentimento genuíno por ela? Ou será apenas o peso das lembranças do passado que estou carregando?

Depois de observá-la por um tempo, decido quebrar o silêncio e a cumprimento. Ela se vira, oferecendo-me sanduíches como se fosse algo comum. Eu me aproximo da bancada onde ela organiza o café, pego um copo de suco e agradeço, recusando o sanduíche.

Quando estou prestes a sair, Melinda diz que precisamos conversar. Ainda mal por causa da ressaca, eu respondo que conversaremos outra hora e subo para o meu quarto.

Consciente de que precisamos esclarecer alguns pontos, decido me arrumar primeiro, pois tenho uma viagem marcada para às 11 horas. Tomo um banho demorado para limpar a confusão em minha mente. Lembranças de meu relacionamento com Samantha, a traição, a falsa identidade de Melinda e a pressão de minha família me atingiram, que me afoguei no uísque para entorpecer minha mente e esquecer os problemas.

Agora recomposto, estou pronto para lidar com as dúvidas de Melinda. Ligo para James vir pegar a mala e desço para encontrá-la. Ao pisar no último degrau da escada, a vejo concentrada no quadro que arrematei no leilão para dar a ela de presente. Não sei por que aquele quadro em específico a atrai.

Descendo o último degrau, a chamo para conversar. Ela me segue até o escritório, onde se senta à minha frente. Melinda questiona qual será sua função na casa, e eu informo que ela é a senhora Hartman e tem autonomia para fazer o que quiser.

Informo-a então sobre a dinâmica da casa e minha viagem. Melinda demonstra insatisfação e pergunta sobre o seu trabalho. Eu informo que Amélia lhe passará todas as informações necessárias e que ela terá um motorista e um segurança à sua disposição.

Melinda não reage bem, mostrando claramente que há questões não resolvidas entre nós. Eu me despeço e enfatizo que caso ela precise de algo, Will e Amélia ajudarão.

A proposta do Bilionário ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora