Capítulo 36

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Na fazenda...

Maria me recebe sorridente. Que saudades, menina. Eu a abraço com força, sentindo a familiaridade e o carinho que só esse lugar pode me oferecer. Seguimos para dentro de casa, onde o cheiro de café fresco e pão caseiro me acolhe como um velho amigo.

Ah, Maria, você não sabe o quanto sinto falta de tudo aqui. Esse lugar é minha vida, digo, olhando em volta e absorvendo cada detalhe do meu refúgio. Como estão as coisas por aqui?

Tudo como você deixou, Mel. A única mudança foi com o nome da fazenda vizinha, que agora se chama Hartman, mas isso você sabe, não é? Responde Maria, colocando uma xícara de café na minha frente.

Eu não me surpreendo com a notícia. Henrique estava marcando seu território. Claro. E Carl, onde está? pergunto, mudando de assunto já que o tópico Hartman me lembra Henrique e toda a confusão que o casamento com ele trouxe para a minha vida. Não quero compartilhar essa parte com Maria. Então, com o objetivo de fugir de uma possível sabatina, saio andando pela casa, tocando os móveis e as paredes, matando a saudade do meu cantinho.

Esse menino não para mais quieto por aqui. Ele tem muito serviço. Sinto pena de tanto que trabalha, diz Maria com um olhar preocupado, seguindo-me pelo corredor.

Ele sempre foi dedicado, digo, tentando não demonstrar a preocupação que também sinto. Mas vou conversar com ele, ver se precisa de ajuda extra.

Maria me observa com um misto de compreensão e apreensão. Seria bom. Ele não admite, mas está se sobrecarregando.

Continuo a caminhar pela casa, deixando meus dedos deslizarem pelas superfícies familiares. O toque das paredes e dos móveis traz uma sensação de conforto e pertencimento. Cada canto da casa carrega uma memória, um pedaço da minha história que é só meu, longe das complicações e responsabilidades que o casamento com Henrique trouxe.

Sabe, Maria, às vezes tudo o que precisamos é de um lugar para chamar de nosso, digo, mais para mim mesma do que para ela, enquanto olho em volta. A casa está exatamente como me lembro, uma constante em meio ao turbilhão de mudanças na minha vida.

Eu sei, responde Maria suavemente. E este sempre será o seu lugar.

Agradeço com um sorriso. Vou me trocar e procurar por Carl, digo, subindo as escadas em direção ao meu quarto. Cada passo ecoa memórias de um tempo mais simples.

Melinda, você vai demorar por aqui? Maria pergunta, hesitante.

Paro no meio da escada. Sim, Maria, vou passar o máximo de tempo que puder aqui, respondo com um sorriso, sentindo uma paz que há muito tempo não sentia. Preciso desse lugar tanto quanto ele precisa de mim.

Henrique...

Passei o domingo fora de casa, evitando de encontrar com Melinda. Retornei já era bem tarde. Na segunda-feira acordei e nem tomei café da manhã, me arrumei e segui direto para o escritório. Na saída da cobertura, encontrei o segurança de Melinda, que me avisou que ela viajou e o dispensou. Imagino que ela tenha ido para a fazenda. Esse tempo afastado será bom para nós dois.

A cena do que aconteceu ontem com Melinda me acompanhava, para esquecer mergulhei no trabalho, revisando relatórios e participando de reuniões sem fim. Finalmente, sentei com os acionistas para marcar a data da cerimônia de posse como CEO definitivo da Hartman. Com a decisão tomada, senti um peso a mais sobre os ombros.

Ao meio-dia, saí para almoçar com Will. Precisava de alguém em quem confiar e desabafar. Escolhemos um restaurante discreto, onde pudéssemos conversar sem interrupções.

Henrique, como estão as coisas? pergunta Will assim que nos acomodamos.

Eu suspiro, exausto. Quase estraguei tudo com Melinda, Will.

O que você fez, Henrique? Will me encara, preocupado.

Cara, muita merda. Primeiro, me ferrei com Samantha...

Espera, você e a Samantha? Ela voltou?Não me diga que se envolveu com aquela mulher novamente, Henrique. Isso é burrice.

Eu afirmo com os olhos, sentindo a raiva tomar conta. Ela, agora é diretora executiva de um dos nossos parceiros. A reencontrei em um jantar de negócios e descobri que ela é a responsável pelo projeto da empresa que contratamos. Então, ela irá trabalhar diretamente conosco.

O pior é que Melinda descobriu sobre meu passado com Samantha. Discutimos porque ela jogou a traição de Samantha na minha cara. Eu fiquei puto num rompante beijei Melinda.

Não, você só pode está maluco, Henrique.

Isso não é tudo. Eu transei com Samantha.

Will balança a cabeça, incrédulo. Realmente, você está ferrado mesmo. Mas, por que você beijou a Melinda?

Nem eu sei explicar, Will. Se estivesse bêbado, atribuiria à bebida, mas eu estava bem sóbrio. Melinda me tira do sério. No entanto, isso não poderia ter acontecido. Nossa convivência já era difícil, agora nem sei como devo agir com ela.

Will me olha com seriedade, seus olhos cheios de preocupação e ceticismo. Cara, vocês assinaram um contrato. O descumprimento de ambas as partes os desobriga de pagar a multa. Como você lidou com essa questão? Ela sabe que isso abre brecha no acordo?

Eu me desculpei e acordamos em seguir em frente, respondo, tentando manter a compostura. Mas não sei por quanto tempo isso vai durar. A tensão entre nós está insuportável.

Will faz uma pausa, pensando profundamente. Henrique, você precisa resolver isso de alguma forma. Não pode continuar assim. E quanto à Samantha, você precisa cortar todos os laços com ela, de uma vez por todas.

Eu aceno, sabendo que ele está certo. Sim, eu sei. Preciso focar no que realmente importa agora: a Hartman.

Will solta um suspiro pesado, cruzando os braços. E o que você realmente sente por Melinda? Porque, pelo que parece, há algo mais do que apenas negócios nesse casamento.

Eu olho para o prato à minha frente, as palavras pesando na minha mente. Não sei, Will. É confuso. Às vezes, sinto que há algo mais, mas em outras, a irritação e a frustração tomam conta.

Ele balança a cabeça, compreensivo. Você precisa descobrir isso, Henrique. Antes que seja tarde demais. E lembre-se, Melinda também está passando por tudo isso. E pelo que já conhecemos, ela não é do tipo "uma noite de prazer, Will diz fazendo aspas. Talvez vocês precisem de um tempo para realmente conversar e entender o que cada um quer e sente.

Eu suspiro novamente, sabendo que Will está certo. Vou tentar, Will. Obrigado por me ouvir. Preciso mesmo resolver isso, afinal, não tenho intenção de me relacionar verdadeiramente com Melinda.

Will sorri, tentando aliviar a tensão. Para isso servem os amigos, Henrique. Agora, vamos comer antes que a comida esfrie.

O almoço segue, mas minha mente continua a processar tudo que discutimos. A comida, embora deliciosa, parece insípida diante da avalanche de problemas que preciso resolver.

Os compromissos do trabalho se estendem até a noite. Janto com políticos que querem financiamento para suas campanhas. Retorno tarde para casa que está silenciosa, vou direto para o quarto me arrumar para dormir.

A proposta do Bilionário ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora