chapter 19

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                                              𝐏𝐄𝐃𝐑𝐈

— Está aberta. — A voz abafada de Ferran entrou pela porta.

Empurrei para abri-la.

— Ei.

Ele estava deitado na cama, olhando para o telefone.

— Ei — disse ele, com os olhos cautelosos e a expressão estranhamente vazia.

— Posso pegar seu carro emprestado hoje à noite?

— Você vai sair?

— Sim.

Ele jogou o telefone de lado, levantou-se e foi até sua mesa.

— Deixe-me pegar minhas chaves.

Encostei-me no batente da porta.

— Encontro quente? — Ele se virou para mim, com as chaves na mão.

— Não. Apenas saindo com algumas pessoas.

Ele agarrou as chaves com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.

Ele estreitou os olhos.

— Sério?

Huh. De onde veio isso?

Ferran era um cara tranquilo. Ele poderia ser um pouco louco, mas não era uma pessoa raivosa.

Esse tipo de reação não era típico dele.

— Você realmente vai ficar aí parado e mentir na minha cara.

— Eu... eu não sei do que você está falando — gaguejei.

Meu coração batia forte, o 𝑡𝑢𝑚, 𝑡𝑢𝑚, 𝑡𝑢𝑚 muito alto e um barulho, como o do oceano, encheu meus ouvidos e fez minha cabeça girar.

— Sério? — ele repetiu, sua voz alta e afiada como um chicote.

— Você vai ficar aí e me dizer que se cortou ao fazer a barba? — Ele apontou para meu pescoço. — Você pode querer receber algumas dicas de maquiagem de suas irmãs porque esse pequeno chupão está dizendo tudo que sua boca não diz.

Bati com a mão na marca de mordida que Gavi me deu outra noite.

A maior parte havia desaparecido. Agora, apenas alguns pontos cor-de-rosa em um formato suspeito pontilhavam minha pele, mas a marca estava escura e irritada no dia seguinte. Tentei esconder com um moletom, mas Ferran obviamente tinha visto.

— Eu...

— O que? Você vai dizer que ficou com alguém com fetiche por vampiros?

— Você é mesmo do tipo que julga o que alguém gosta na cama, considerando o tipo de merda que você gosta? — eu rebati.

Eu me senti encurralado e meu modo padrão quando entrava em pânico era ser cruel.

— Eu não dou a mínima se você gosta de ser mordido ou mijado ou qualquer outra coisa que te deixe feliz. Eu me importo que meu amigo, a pessoa que considero meu melhor amigo, esteja me evitando e mentindo para mim há semanas!

— Não estive. — Minha raiva se dissipou.

Ele estava certo. Eu tinha sido um péssimo amigo para ele, tudo porque era covarde demais para dizer a ele que era bi.

Ele jogou as chaves sobre a mesa e cruzou os braços.

— Quanto tempo mais vamos fazer essa dança?

— Que dança?

— Eu sei. — Sua voz era baixa e derrotada.

— O que você sabe? — O zumbido em meus ouvidos ficou mais alto à medida que minha visão ficou embaçada.

Never Have I Ever - ɢᴀᴅʀɪ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴛɪᴏɴ Onde histórias criam vida. Descubra agora